Quem acompanha os grandes e os pequenos times brasileiros e a Seleção ficou sem fôlego ao acompanhar Barcelona e Real Madrid, na Catalunha, na tarde do primeiro sábado de abril. Não se vê nada igual em nossos estádios. Não adianta tentar regular a TV. O Brasil joga em câmera lenta.
Os jogadores dos dois times mais populares e ricos do mundo, todos milionários, correm muito. São intensos, ativos, múltiplos. Seguem as ordens táticas dos treinadores sem questionamentos, ao menos durante a partida. São obedientes. Não se escondem atrás do drible. Perder faz parte. Se entregar, não.
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Cristiano Ronaldo, o que decidiu o “El Clásico”, acompanhou o lateral Jordi Alba até o interior da sua pequena área quando foi necessário. Ele, o jogador número 2 da Fifa, está preocupado com o coletivo. Não é uma atacante, um dos melhores, atento apenas as movimentações ofensivas. Não existe mais jogador de uma função só.
Recheados de estrangeiros, os times espanhóis servem de exemplo ao futebol contemporâneo. O Brasil ainda está amarrado a conceitos antigos. O técnico local não consegue se comunicar com os melhores treinadores europeus. Os jogadores da base são tratados como se o futebol vivesse nos anos 1990, preso no século 20. A CBF é o ninho que você conhece. A economia é um desastre.
Num dia comum de Messi, Suárez e Neymar, o Real Madrid venceu de virada por 2 a 1. Os dois melhores em campo foram dois brasileiros, Marcelo e Casemiro, que Dunga não gosta. O que ele gosta, o lateral Daniel Alves, falhou no segundo e decisivo gol. Perder um clássico é normal, mesmo para um time superior como o Barcelona. A derrota quase não tem valor na tabela. O Barça está com a mão no título, sete pontos na frente do rival.
Cerca de 600 milhões de fãs de futebol, ligados na TV de 184 países, acompanharam um jogo que teve de tudo que um torcedor espera: bom futebol, três gols, grandes jogadas, lances polêmicos, gol mal anulado, erros de arbitragem, cartões amarelos e um vermelho. Zidane foi mais feliz nas substituições. Luis Enrique errou.
Morto na semana passada, Cruyff foi lembrado com lágrimas e palmas antes e durante a partida, no Estádio Camp Nou. Espécie de Pelé europeu, menos goleador e mais cerebral, o holandês teria aprovado os 90 minutos. Não pela merecida derrota do seu Barça, clube que ele ajudou a inventar e popularizar com um futebol vistoso, ofensivo e de perfeito toque de bola, mas pelo ótimo futebol do maior clássico que encantou a todos.
“Gràcias Johan” diziam as faixas que saudavam Cruyff. O melhor futebol do novo século bebe na sua sabedoria.
*ZHESPORTES