Desde que sofreu um nocaute do FBI em maio passado, o futebol está tonto. Levará tempo para se recuperar. Oito meses depois, o coma ainda é profundo. O golpe com punho de terremoto atingiu a Fifa, pegou a Conmebol e a CBF, entre outros. Presidentes despencaram e dirigentes foram presos. A Justiça desvendou uma rede que negociava os direitos de transmissões de jogos, com milionárias propinas.
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Com as eleições da Fifa marcadas para o mês que vem, cinco candidatos buscam a sucessão de Joseph Blatter. Não há um só representativo, novo, sem ligações com a velha Fifa. A Conmebol votou horas atrás. Pior, nem usou o voto. Aplaudiu Alejandro Domínguez. O uruguaio Wilmar Valdez desistiu de buscar a presidência.
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Ele tinha apoio de Uruguai, Equador e Peru. Mas Brasil, Paraguai e Argentina, poderosos historicamente na entidade, articularam com Bolívia, Colômbia, Chile e Venezuela e garantiram Domínguez, o braço direito de Juan Ángel Napout, preso nos EUA.
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O poder sul-americano do futebol ficou dividido assim: o colombiano Ramón Jesurum e o venezuelano Laureano González assumem como vice-presidentes. Outros três ingressam no primeiro escalão da Fifa: Domínguez é agora vice-presidente. Luis Segura, da Argentina, será um dos integrantes do comitê executivo, ao lado de Fernando Sarney, vice da CBF. O derrotado Valdez ocupará cargo idêntico no mês que vem - se é que o FBI não vai alcançá-los ali na esquina, no hotel, no avião.
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Todos têm contatos com os grupos que tomaram e aparelharam a Conmebol nos anos 1980, liderados por Ricardo Teixeira, Nicolás Leoz e Julio Grondona - abrigados no amplo e obscuro guarda chuva de João Havelange. O primeiro e segundo escalões foram dizimados no inacreditável Fifagate. Assume o terceiro, cria dos anteriores.
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Todas as entidades vão mudar para que nada se modifique. A CBF é espelho da Fifa e da Conmebol. Quem vê uma, conhece todas. Não existe diferença alguma. Basta cair um dirigente que nasce outro, todos ligados ao mais tenebroso passado do futebol que nós amamos tanto.
*ZH ESPORTES