Aos 15 anos, Pedro Henrique comemora título pelo União Foto: Arquivo Pessoal
Garoto foi campeão sul-americano com a seleção sub-17 Foto: Arquivo Pessoal
Pedro conquistou o título paulista deste ano Foto: Reprodução Facebook

Pela primeira vez em quase 22 anos de casamento, Paulão não contará com o apoio incondicional de Claudia Regina Jukoski da Silva nas arquibancadas. Mas não há motivos para ressentimentos, bem sabe o ex-central da seleção brasileira e atual técnico do Bento Vôlei/Isabela. É que do outro lado da quadra estará fardado com a camisa 5 da Funvic/Taubaté o levantador Pedro Henrique, filho de 20 anos do casal.
- Nessas horas o coração de mãe fala mais alto - resigna-se o treinador, contando as horas para a estreia na Superliga, seis anos após a última participação do time da Serra na principal competição de vôlei do país.
- Não é que vou torcer contra o Bento. Vou torcer pelo meu filho. O ideal é que o jogo terminasse empatado, pena que essa possibilidade não existe no vôlei - diz Claudia, que assistirá ao jogo no Ginásio do Abaeté, em Taubaté, a partir das 20h desta quinta-feira, ao lado da filha Pietra, 17 anos, também jogadora de vôlei.
Pedro Henrique aos 5 anos com Paulão e a irmã, Pietra Foto: Arquivo Pessoal
Com 83kg e 1m93cm de altura (oito centímetros mais baixo do que Paulão), Pedro Henrique ensaia uma carreira de sucesso. Atleta da seleção brasileira sub-21, há duas semanas conquistou o título paulista com o Taubaté - com a lesão de Raphael, o levantador titular e capitão do time, o garoto entrou em quadra na partida decisiva contra o Sesi-SP.

Filho de campeão olímpico e afilhado de outro multicampeão das quadras - Giovane Gávio é padrinho do garoto -, pode soar óbvio que o vôlei seria a escolha natural do guri, certo? Pois não foi bem assim.
- Na verdade foi o último esporte que eu testei. Antes, pratiquei natação, judô, tênis, futebol - conta Pedro Henrique, que começou a levar o vôlei a sério a partir dos 11 anos, quando entrou na escolinha do Grêmio Naútico União.

Depois de passagens por Voleisul e Canoas, o jogador se mudou em fevereiro para Taubaté, cidade de 302 mil do interior paulista, onde mora em uma casa cedida pelo clube com colegas do time juvenil. Por enquanto, é a terceira opção do técnico Cézar Douglas. Mas já está se habituando a erguer bolas açucaradas para craques como Lucarelli, Riad e Lipe. Não faz muito tempo, era o próprio Pedro quem cravava bolas pela entrada da rede.
- Era ponteiro, sempre gostei de atacar. O meu pai sempre me considerou um bom ponteiro. Em 2011, quando fui convocado para seleção sub-17, o Percy Oncken sugeriu que eu trocasse de posição - lembra.

Treinador das seleções de base desde o início da década de 1990, Percy foi responsável por revelar jogadores que conquistaram todos os títulos possíveis para o Brasil nas últimas duas décadas. Giba, por exemplo, foi um dos talentos lapidados pelo treinador paranaense.
- A mudança (de posição de Pedro) não foi fácil, pois o apaixonante no vôlei é atacar. Com a capacidade que demonstra de entender o jogo e a sua qualidade no toque de bola, ele tem tudo para ser um grande levantador - afirma Percy.
Indagado sobre seus sentimentos em relação ao inédito encontro da noite de hoje, Pedro demonstrou a mesma seriedade que caracterizou Paulão em sua carreira coroada com o ouro na Olimpíada de Barcelona, em 1992.
- Ele (Paulão) sempre me orientou a ser muito profissional. Não será um jogo de pai contra filho. É Taubaté contra o Bento - resume Pedro.

Haverá confraternização dos Jukoski, sim, mas apenas depois da partida. Há dois meses sem ver o filho, Claudia já programou um jantar familiar. Seja com vitória da equipe gaúcha ou da paulista, não faltarão motivos para brindar.
*ZHESPORTES