Passados quase 10 meses de aposentadoria, o comunicador Lauro Quadros vive os seus 76 anos em seis quilômetros de caminhadas diárias, em viagens pela Europa que sempre acabam na França, em salas de cinema e em cima de uma balança, pesando seus 68 quilos três vezes ao dia. E ouvindo rádio. Claro, é tudo o que já fazia nos últimos 39 anos em que participou dos programas Polêmica e Sala de Redação, da Rádio Gaúcha.
Do seu apartamento no bairro Bela Vista, ele ouve o passaredo de uma praça e isso ajuda a passar o tempo sem fazer nada. É o tal do ócio criativo que o Lauro diz estar curtindo como jamais imaginou. A parada em novembro do ano passado também interrompe uma carreira de 55 anos de microfone, desde os tempos de repórter nos Eucaliptos e no Olímpico, de transmissões com equipamento precário no Exterior e de viagens com jipe com toldo de lona pelo Interior.
Mesmo em casa, Lauro fala como se estivesse no ar, sem permitir espaços, com lampejos rápido. Também por isso ele declara:
- Eu não saí do rádio.
Agora, Lauro promete contar tudo em livro. Ele próprio escreveu à mão sua história, que foi organizada pelo Maikio Guimarães. Olha Gente (Editora AGE, 97 páginas) será lançado em 5 de outubro na Livraria Cultura, do Bourbon Country. Às 18h, depois da caminhada diária e da balança de pesar.
Como é a vida de aposentado?
Imaginei que não fosse me aposentar tão cedo. Pensava em sair aos 90 anos e acabei saindo aos 75. Foi surpresa até para mim. Mas deu certo. Estou me dando muito bem. A história do ócio criativo é verdadeira. Tenho duas paixões: primeiro, são as caminhadas diárias. Fazia à tarde. Antecipei para as manhãs. Quando chove ou faz frio, caminho no (shopping) Iguatemi. Uma paciente de um amigo médico perguntou para ele: "O Lauro não está fora da casinha?" Meu amigo quis saber por quê: "Ele fica uma hora e tanto no shopping pra lá e pra cá". Antes eu caminhava na pista atlética do Colégio Anchieta, mas aí ficou muito rotineiro. Há muito tempo o normal é caminhar na Praça da Encol e, olha, eu adoro isso.
Com o rádio, a grande paixão
Foto: Lauro Alves/Agência RBS
E a segunda paixão?
É viajar, viajar e viajar. Há 40 anos vou para a França. Pode ser Budapeste e Praga, acabo na França; Grécia e Turquia, e França, França e França. Pego o carro e ando 3,6 mil quilômetros. Há dois anos faltava só conhecer a Córsega. Aí, fui visitar o Napoleão (o túmulo do imperador). Já vi tudo. Mas como estou resolvendo a vida? Surpreendentemente, estou adorando a aposentadoria.
O que sobra para a tarde?
Nada (e solta uma gargalhada). Eventualmente vou ao cinema, sou cinéfilo. Agora está aí um filme do Woody Allen (O Homem Irracional), não vi ainda, rapaz. O Piangers me chama de Woody Allen, não sei se inclui a inteligência, ou só a imagem do baixinho e feio. Vou contar uma história, porque eu sou prolixo mesmo: sempre fui baixinho e feio. Quando fazia locução comercial, há 50 anos, pesava 13 quilos menos, mas tinha esta voz interessante. A mulherada achava que eu tinha 1m90cm, olhos azuis. Um dia fui narrar um jogo em Santa Maria e, no intervalo, veio um gauchão todo pilchado e disse bem na frente: "Isso aí que é o Lauro Quadros". Conto outra: nos anos 1970, o Carlos Bastos (jornalista) quis me levar para a TV. Era o Canal 10, que já tinha Ana Amélia, Flávio Alacaraz Gomes, Cândido Norberto, Sérgio Schueler. Um cara da televisão vetou: "O Lauro é muito feio". Mas aí, dos 55 anos de jornalismo, foram 35 em TV. Ou seja, o Bastos não estava tão errado assim.
Continua ouvindo rádio?
Assisto à GloboNews, à BandNews, ao canal Arte 1 (canal pago), gosto muito, mesmo. Faço também sexo maneiro (risos). Mas escuto rádio direto. Não consigo sair do rádio. Eu não saí do rádio.
O programa Polêmica foi o que marcou sua carreira?
Foram quase 30 anos na manhã da Gaúcha. Metade com o programa Lauro Quadros e depois com o Polêmica. Como é que surgiu? Um dia o Ranzolin (Armindo, ex-diretor da Gaúcha) perguntou: "Se tivesse que mudar o programa, como seria?" Disse na hora: "Um programa de debates e uma proparoxítona, Polêmica, nome óbvio, com quadro de contraditórios, opiniões diferentes". Deu certo. Bateu recorde no Facebook, 17 mil (acessos) na interativa e 120 mil no programa. (Entra a mulher, Maria Helena). Pois é, a Maria Helena me salva (é quem lida com e-mail do casal). Não sou digital, nem tenho celular.
E a vida de comentarista?
É a segunda vez que me aposento. A segunda foi com 75 anos, no ano passado. Mas a primeira foi com quase 55 anos, quando me despedi das jornadas esportivas em 1994. Houve grande resistência. Parei em Brasil x Itália (final da Copa dos EUA, no tetra). Por que larguei a jornada esportiva? Puxa, havia 35 anos não tinha fim de semana. Quem tem sábado e domingo livre não dá valor.
Ainda perguntam se você é colorado ou gremista?
Tinha a obsessão da isenção. Tinha de dizer Grêmio e Inter, Inter e Grêmio. Porque o pessoal quer saber o que eu sou. Digo: "Se você descobrir, me conta". É religioso: se o cara é gremista, acha que sou colorado; se é colorado, acha que sou gremista.
Como foi a ideia de ser padre?
Fiquei órfão de pai aos quatro anos, e minha mãe se tornou pai ao mesmo tempo. Morei até os cinco anos à beira da Lagoa dos Quadros, que tem esse nome por causa da minha família, a sesmaria dos Quadros, do tempo do império. Meu pai era criador de gado, latifundiário. A localidade chama-se Cornélios (no município de Terra de Areia, entre Capão Canoa e Capão Novo). Minha mãe contribuiu para eu ser comunicador e para ir ao seminário. Ela ia à missa todos os dias, e eu fui com 11 anos para o seminário, acabei sendo colega de Dadeus Grings (ex-arcebispo de Porto Alegre) e recitava a missa De Angelis. Latim era o meu forte. Mas aí descobri que o seminário não era bem tudo o que queria, apesar de ter sido muito bom. Bem, minha mãe escrevia poemas, declamava muito e me ensinou. No Colégio Rosário, virei locutor dos alto-falantes, com o Milton Jung (radialista), e declamador, com o Antônio Abujamra (ator) e Guido Moesch (ex-deputado). Depois do Exército, em 1959, fiz teste na Rádio Gaúcha, lá no Edifício União, na Borges de Medeiros, e entrei como plantão esportivo.
Foto: Lauro Alves/Agência RBS
Você conviveu com Mário Quintana. Como foi?
Tenho saudade do Centro antigo. Conversava muito com o Mário Quintana. Quase todos os dias, ele tomava café preto e comia quindim no bar da Caldas Júnior. O Mário não se interessava por futebol, nem sabia que é 11 contra 11. Ele me chamava "ô, Olho Grande". Porque eu tinha a coluna Olheiros, na Folha da Tarde. Lembro dos cines Imperial, Guarani, Cacique. Os jantares da RBS, depois das jornadas esportivas dos domingos, eram no Gambrinus (no Mercado Público). O Xico Stockinger (artista plástico) era surdo e dizia que gostava de conversar comigo por causa da minha dicção. Ele fazia a leitura labial. E havia o Charuto (torcedor do Inter), o Camelinho (torcedor do Grêmio), o Bataclan (corredor de rua).
E como se curtia a cidade?
Tem aquela música da Rita Lee, "no escurinho do cinema". Casei com 21 anos, a Maria Helena tinha 18. Eu tinha 11, e ela, oito, quando nos conhecemos. Com 21 anos, ela já tinha três filhos. Naquele tempo não havia esse negócio de transar antes de casar. O máximo era o amasso no cinema, e vinha o lanterninha. Era um acontecimento, menos pelo que estava na tela e mais pela plateia. O cinema estava nas poltronas, que não eram estofadas, mas de madeira. E com programa duplo. Quando surgiu o cinemascope, com o Manto Sagrado (1953, com Richard Burton e Victor Mature), foi loucura.
Como foi a criação dos bordões?
Dizem que eu era muito criativo. O Cláudio Brito, que era da Rádio Gaúcha na época, conta isso. Chegava ao vestiário, se estivesse fechado, batia na porta, o público ouvia; estava chovendo, fazia o público ouvir a chuva caindo na poça d'água no estádio. Era rádio-televisão: o cara ouvia e via. Em um Gre-Nal, cheguei a usar uma bermuda floreada. Quando passei de repórter para comentarista, foi sem trauma. O Ruy Ostermann saiu em 16 de novembro de 1968 para a Gaúcha, e o Pedro (Carneiro Pereira, diretor da Guaíba) me colocou de comentarista. Ficamos rivalizando, o Ruy e eu. Como comentarista, me caracterizei pelo popular, não o popularesco. Então vieram os bordões, como o "conhece o rengo sentado e o cego dormindo", "sabe a cabeça que tem piolho", "caminho da roça", "olha, gente", "seu" fulano, para enaltecer um jogador. Ou aquele informal: "Como está o sexo?"
E o repórter "agropastoril"?
Quando eu e o Ruy rivalizávamos, incendiados pelo Flávio Alcaraz Gomes, brincava que o Ruy era gongórico parnasiano - e ele dizia que eu era agropastoril, por causa do "caminho da roça". Lembrei de uma história! Na Copa de 1962, no Chile, eu e o Flávio Alcaraz éramos repórteres da Guaíba. Após o 3 a 1 sobre a Tchecoeslováquia, o Brasil bi mundial, estava com a Motorola (microfone móvel), e o Flávio Alcaraz, que nada sabia de futebol, eufórico, me tomou o microfone e correu para entrevistar um jogador que chorava muito: "Aqui está o Amarildo, bicampeão...". Chorando, o jogador protestou: "Não sou o Amarildo, sou o Zagallo". A de que o Ruy mais gosta é 1963. Em Blumenau, jogo São Paulo x Grêmio. Bellini marcava Alcindo, imaginem. Eu era repórter. O árbitro chamava-se Leleco. No intervalo, fui nele e vi que estava bêbado, e tivemos um diálogo louco: "Leleco, o que achaste do primeiro tempo?" (nesse momento, chia como bêbado). Resultado: trocaram o Leleco no intervalo. Em Santos x Milan (Maracanã, 1963, final do Mundial de Clubes) já era Motorola, terno Príncipe de Gales e gravata crochê.
As viagens eram mais atraentes?
Sou autodidata generalista, que faz clínica geral. Quando comecei em 1959 não tinha faculdade de Jornalismo. Eu lia muito mais quando jovem, lia obsessivamente. As minhas viagens... Os caras, nas cidades mais importantes do mundo, o que eles conhecem: aeroporto, hotel e estádio. Naquele tempo tinha muita folga, não tinha de entrar no ar a toda hora. Eu aproveitava. Agora, por exemplo. Fui com a mulher à Rússia, em São Petersburgo e Moscou. Já tinha ido em 1973 na excursão de 56 dias da Seleção, a mais longa da história. Começou pela Argélia e Tunísia. Então não dá para ir a Túnis sem ir a Cartago, não dá para ir à Rússia sem visitar os museus, a Novodevichy, onde está o Kruschev, que não está no Kremlin. Brinquei com a minha mulher: "Pô, o Vladimir (Lenin) está no mesmo lugar de 52 anos atrás".
Com Ruy Carlos Ostermann, ex-concorrente e, depois, companheiro de Gaúcha
Foto: Reprodução
Você trata disso no livro?
Tem um capítulo chamado arte e cultura, para contar o que vimos. As peças na Broadway. Vimos seis, como Fantasma da Ópera, Cats e Os Miseráveis.
Por que a paixão pela França?
É uma coisa maluca. A gente pegava Normandia, ia pela região da invasão e pegava Bretanha, sempre de carro. A Maria Helena voltava com mais de mil fotos. Alugava carro em Paris, devolvia em Lisboa, ia até Santiago de Compostela. E ia a Vigo, Coimbra, Porto e Lisboa. O Pedro Carneiro Pereira me ensinou muito. Na viagem de 56 dias com a Seleção, em 1973, tinha Brasil e Suécia em Estocolmo. "Ah, mas vamos a Copenhague também", dizia. Estávamos em Glasgow, e fomos a Edimburgo. Eventualmente um jornalista de São Paulo nos acompanhava, o Orlando Duarte ou o José Silvério (narrador da Band).
Como a rádio transmitia da Rússia em 1973?
Em 1949, a Gaúcha fez sua primeira transmissão internacional, com Cândido Norberto, pioneiro e meu ídolo em rádio, com Nacional e Grêmio, em Montevidéu. O cara só sabia se tinha ido ao ar no dia seguinte, por telegrama. Transmitia, se esfalfava e não sabia se saía. Mesmo em 1962, o brasileiro ouvia a Copa do Mundo do Chile no rádio com chiado e só via o teipe do jogo no dia seguinte. Quando surgiu o rádio, se dizia: "O jornal vai acabar". Não acabou. Surgiu a televisão: "Agora deu para o rádio". Não. Surgiu a internet: "Vai acabar tudo". Não. Pode eventualmente um e outro fechar. O livro não acaba, não é?
Você presenciou as inovações. O que foi mais marcante?
No Torneio do Bicentenário da Independência dos EUA, em 1976, o Belmonte (João Carlos, radialista) passou boletim de um orelhão e falou comigo: "Quando é que nós vamos ter isso no Brasil?". Orelhão! Há 39 anos. Em 1991, na Copa América do Chile, estávamos o Ranzolin, eu e o Figueroa (ex-zagueiro) jantando em Viña del Mar. Aí o Figueroa pegou um tijolão sobre a mesa e falou com a mulher, a Marcela, e disse: "Isto aqui vocês têm que ter no Brasil". Era o celular. Voltemos a Estocolmo, no jogo Brasil 0x1 Suécia, em 1973. O narrador da Rádio Tupi, Haroldo Fernandes, voltou conosco para o hotel e comentou. "Você vê, o empate em 1 a 1..." . Nós reagimos: "Como é? Foi 1 a 0 o jogo". Deu aquela discussão, até que o Haroldo se deu conta. Saiu um gol do Brasil, ele narrou e todo mundo se levantou na frente. Só que o gol foi anulado, e ele não viu. Não tinha retaguarda para alertar. Então, para a Tupi o jogo foi 1 a 1. É inacreditável.
E as façanhas pelo Interior?
Em jogo em Bagé, a gente ia na véspera. Colocava o equipamento na Kombi, o Alcides Krebs e o Bertoldo Filho montavam poste com antenas que transmitiam porque o telefone era uma porcaria. Quando comecei na TV, havia o programa Jogo Aberto à noite. Pois eu, Hugo Amorim (comentarista) e Érico Sauer (repórter), em um teco-teco, trazíamos a gravação do Interior para passar os lances à noite. Quando o Inter foi de avião para São Borja, fiz uma graça dizendo que era só afastar as vaquinhas para pousar no campo. Os caras me receberam com faixa: "Vaquinha é a mãe". Também se viajava no jipe do Correio do Povo com toldo de lona. Uma vez virou.
Você teve passagem pela política.
Fui vereador de Porto Alegre no distante 1966. Mas concorri em 1963, pela UDN, de Carlos Lacerda. Foi antes da Redentora. Fiz 960 votos, o Glênio Peres (MTR) se elegeu com 60 votos a mais, puxado pelo comissário Bergman, que fez 13 mil votos. Fiquei de suplente. Na minha frente estava Gilberto Medeiros. Em 1966, o Gilberto não quis assumir, e eu virei vereador, com o bigodão Doutor Jivago (filme da época, com Omar Sharif). Com o golpe, a UDN virou Arena. Dizem que sou de esquerda e era vereador na Arena. No meu mandato, de poucos meses, dei nome à Rua J. Bronquinha.
Nos tempos de TV
Foto: Reprodução
Mas você no rádio conviveu com governadores e políticos.
Pois é, o Fortunati (José, prefeito) e o Tarso Genro acabaram sendo conselheiros no Instituto do Câncer Infantil, do qual sou presidente do Conselho. Com todos eles, trato como tu. O único a quem não chamo de tu, apesar de me dar muito bem, é o Alceu Collares. Digo: "E o governador acha o quê?" Só não digo "senhor". Talvez porque eu seja velho.
Você não se considera um "velho", como costuma dizer.
Não. Estou bem. Me cuido. Não tomo remédio, não sou hipocondríaco. Tenho mania de me pesar, besteira, são três vezes por dia, em casa e na farmácia do shopping ou da Encol. Quanto peso? Antes ou depois do almoço, pelado ou vestido?... Mas bota 68 quilos, no quartel, 1m67cm, acho que hoje está em 1m65cm.
O que quer dizer com se cuidar?
Raramente como carne bovina. Não tem nada de vegetariano. É muito peixe e, eventualmente, frango. Me cuido. Sal é o mínimo, açúcar, nada. Durmo sete horas por noite. Sou endorfino-dependente, por isso caminho muito. Os seis quilômetros, fazia em 56 minutos. Agora cumpro em uma hora e sete minutos, mas é acelerada. E sou chocólatra, mas sem exagero. Tem de ser trufa amarga.
E o paramédico. De onde vem?
Sou generalista. Se vier assunto de política, economia, tenho de dominar. Quando falo com o J.J. Camargo (cirurgião torácico e escritor), o Fernando Lucchese, o Ivo Nesralla (cardiologistas) ao final eu brinco: "Qualquer coisa, me liga, hein?". Era assim muito antes. Tem duas, três coisas que me perguntam: português, regência, concordância e a pronúncia em francês. De casa, ligo para a rádio, "Não é Renê, é Rennes o clube da França". Outra mania é a medicina.
Foto: Lauro Alves/Agência RBS
Como você vê o momento do país?
Cada coisa que se disser a respeito é aquilo do gremista achar que tu és colorado e o colorado achar que és gremista. O petista achará que é contra o partido dele, como o cara do PSDB. Mas, ah, nunca houve tanto câncer. Não. É que agora as pessoas vivem mais e identificam melhor. Nunca houve tanta corrupção. É que agora a PF e o MP trabalham a mil. Nem falarei da imagem a que os petistas recorrem, a do engavetador geral da República. O José Dirceu, do PT, foi preso pela segunda vez. Saúdo. Recuo nunca mais haverá, esteja no governo o PT, o PSDB, o PMDB. É antes e depois disso.
Existe na política um ambiente de Gre-Nal, de hostilidade?
Há certa perplexidade, grenalização, mas se a gente alargar a visão, nos EUA, Donald Trump (postulante a candidato presidencial republicano) e Hillary Clinton (postulante pelos democratas) querem se engolir. Aqui, o Aécio Neves está mais maneiro do que o Trump. Na Itália, também é assim. Tem pessoas que adoro. Sou fã do Fernando Henrique Cardoso, por exemplo. Também gosto do Geraldo Alckmin (governador de São Paulo). Acredito no brasileiro. Vamos dar a volta por cima, como eu dizia no tempo do FHC.
A crônica esportiva chega a ser cruel e descabida?
Não quero citar nomes. Uma preliminar: sou do tempo em que jornalista não tinha time, mesmo que tivesse. Como diz o (Renato) Marsiglia, ninguém é filho de chocadeira. Depois o Sant'Ana foi pioneiro naquele negócio de se identificar. Veio o Kenny (Braga), o Guerrinha. Bem, o que abomino é a ditadura de imprensa. O cara valente com o microfone. É como na CPI no Congresso. Tem deputado que fica com 3 metros de altura. Detalhe: por pior que seja o acusado ou suspeito, ele tem uma família atrás. E o cara diz horrores: 'Você é um bandido'. Isso se chama covardia.
*ZHESPORTES