Sem poder competir no Mundial de Esportes Aquáticos de Kazan, Michael Phelps usou o campeonato de natação em San Antonio, nos Estados Unidos, para mandar um recado claro: o recordista absoluto de medalhas olímpicas está de volta e tem tudo para brilhar nos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro em 2016.
Enquanto seus rivais subiam ao pódio na Rússia, o astro americano não ficou por baixo: venceu três provas (100m e 200m borboleta e 200m medley), cravando o melhor tempo do ano em todas elas. Portanto, com esse desempenho, teria conquistado três medalhas de ouro em Kazan.
Phelps encerrou a competição texana na noite de segunda-feira, com um quinto lugar nos 200m peito, distância que raramente nada em competições oficiais. Apesar de não ter chegado em primeiro, ele cumpriu sua meta, de bater o recorde do seu clube, o North Baltimore Aquatic Club (2min12s1), ao completar a prova em 2min11s3.
- Quando toquei o muro, minha cabeça estava girando, nem sentia minhas pernas - brincou o nadador de 30 anos, que ficou fora do Mundial por conta da punição imposta pela federação americana, por ter dirigido bêbado.
Apesar da idade, dos problemas de Justiça e de uma primeira parada de 18 meses, quando anunciou sua aposentadoria depois dos Jogos de Londres 2012, Phelps mostrou que está de volta, pra valer.
No Rio, ele sonha em adicionar novas conquistas olímpicas para sua impressionante coleção - 22 medalhas, 18 delas de ouro, em três olimpíadas.
- Estou numa forma que não tinha atingido em muito, muito tempo, e isso me dá muita confiança - empolgou-se o americano.
Em San Antonio, o monstro sagrado das piscinas mostrou logo ao que veio, com um tempo incrível de 1min52s94 nos 200m borboleta, na última sexta-feira.
- Foi certamente a melhor prova da minha carreira nesta distância - afirmou.
Em Kazan, o húngaro Lazlo Cseh se sagrou campeão mundial em 1min53s68, mais de sete décimos mais lento que Phelps. O mesmo aconteceu no sábado, com os 100m borboleta (50s45, contra 50s56 do sul-africano Chad Le Clos, ouro em Kazan).
No domingo, o americano por pouco não bateu o recorde mundial dos 200m medley, com tempo de 1min54s75. Na Rússia, seu compatriota Ryan Lochte levou o ouro em 1min55s81, e o brasileiro Thiago Pereira ficou com a prata, em 1min56s65.
Mesmo assim, alguns rivais, como Le Clos, recusaram-se a reconhecer Phelps como "campeão mundial virtual", alegando que é mais fácil conseguir esses tempos numa corrida sem adversários de peso, com muito menos pressão.
Phelps não demorou para rebater:
- Eu poderia dizer um monte de coisa, mas prefiro deixar os resultados falar por mim. Sempre fiz isso.
O nadador deixou para trás um período conturbado, com passagens pela polícia e por uma clínica de reabilitação, uma suspensão de seis meses e resultados abaixo do esperado no seu retorno, em maio, o multicampeão olímpico mostrou-se visivelmente aliviado, a um ano dos Jogos.
- Eu vi que o treinamento deu frutos. Estou encarando este ano olímpico podendo construir algo novo, o que não acontecia para mim desde 2007 - desabafou.
Le Clos e companhia podem ficar preocupados. Em 2008, em Pequim, Phelps tinha conseguido a incrível façanha de bater o recorde de medalhas de ouro em uma única edição dos Jogos, ao subir oito vezes no lugar mais alto do pódio, contra sete do compatriota Mark Spitz, em Munique-1972.
- Isso mostra que, quando queremos realmente uma coisa, acaba acontecendo. E posso dizer que estou supermotivado - completou.
*AFP