O futebol americano deixou de ser um esporte visto apenas por raros fãs que têm alguma ligação com os Estados Unidos. Nesta década, o esporte se popularizou no Brasil e teve um crescimento significativo em audiência na televisão e, principalmente, impacto nas redes sociais. A ESPN, principal detentora dos direitos de transmissão da liga, estima que a audiência tenha crescido 800% nos últimos três anos. A NFL, liga profissional de futebol americano dos Estados Unidos, também voltou a ser transmitida na TV aberta, pelo Esporte Interativo.
Confira a cobertura de NFL no blog Prime Time
1. Crescimento da TV por assinatura
Segundo dados da Associação Brasileira de Televisão por Assinatura, o número de assinantes de TV fechada subiu de 4,7 milhões em 2006 para 19,5 milhões no terceiro trimestre de 2014. Isso abriu espaço para mais pessoas tivessem a chance de acompanhar a NFL _ já que, até 2012, não havia transmissão da liga pela TV aberta.
- O jogo é sobre conquista de território. Acho que a ânsia de conquistar um pedaço do mundo é comum a todos, não? Com efeito, assim que você entende as regras, se apaixona - e isso "é ativado" nas pessoas. Aí ela fala: pô, achei legal! Mas na realidade sempre achou desde que nasceu, só não sabia ainda - analisa Antony Curti, comentarista dos canais ESPN e editor-chefe do site The Concussion.
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2. Facilidade na busca de informações na internet
No início dos anos 1990, a TV Bandeirantes exibiu a NFL em TV aberta. Ainda que aquela experiência tenha deixado um legado, a base de fãs era pequena. A dificuldade na busca por informações limitava a popularização. No novo boom nos anos 2010, os fãs passaram a buscar mais detalhes sobre o jogo, tirar dúvidas sobre regras e dados da liga na internet.
- As pessoas que deixaram o preconceito de lado se entregaram ao jogo. O futebol brasileiro foi ficando defasado com essas coisas de tapetão e quem foi entendendo o jogo e a NFL começou a ver que é um baita espetáculo - pondera Guilherme Cohen, do site End Zone Brasil.
3. Sucesso nas redes sociais
A hashtag promovida pela ESPN em referência à NFL durante o domingo das finais de conferência chegou ao primeiro lugar nos trending topics mundiais - ou seja, o impacto da transmissão brasileira nas redes sociais é maior até mesmo que a exibição norte-americana. Atualmente, há várias perfis e sites dos times da NFL. O aumento no número de torcedores a se manifestar, principalmente no Twitter, aumentou o número de interessados em conhecer o esporte.
- (A maneira para o esporte crescer ainda mais é) Explicar as regras para quem não conhece e explicar a parte tática para quem não conhece. Não tenho dúvidas que há mais espaço - complementa Curti.
4. Crescimento da prática no Brasil
Não só o número de fãs do futebol americano cresceu, mas também o número de praticantes. O Brasil tem duas ligas semiprofissionais - Campeonato Brasileiro, organizado pela confederação nacional, e o Torneio Touchdown, montado de maneira independente -, além de outras tantas competições regionais. O crescimento é tão significativo que, neste sábado, a seleção brasileira enfrenta o Panamá e, se vencer, se classifica pela primeira vez na história para a Copa do Mundo.
- O surgimento de times nas cidades e o aparecimento de ligas movimentou ainda mais o esporte. Se a NFL fizer uma Fan Fest como a NBA fez na Praia de Ipanema, eles terão noção de quão grande já é o esporte no Brasil - explica Guilherme Cohen.
5. Entrada de um brasileiro na NFL
Em 2014, Cairo Santos se tornou o primeiro jogador nascido no Brasil a atuar em uma partida de temporada regular na melhor liga do mundo. Ele é kicker do Kansas City Chiefs. Para Cohen, a participação de brasileiros na NFL também é um fator importante - que tende a se intensificar nos próximos anos.
- O Cairo é o precursor, mas tem muito mais por vir. Rafael Gaglianonne (kicker na liga universitária) em breve, quem sabe o Maikon Bonani (atuou pelo Tennessee Titans nas pré-temporadas de 2013 e 2014, mas foi cortado antes da temporada regular) volta. Se a NFL quiser investir no Brasil, precisa trazer um jogo só. Em qualquer capital vai lotar o estádio. Certamente o país tem muito mais de 70 mil pessoas que iriam a um jogo. Seria a história sendo feita diante de nossos olhos, ninguém gostaria de perder. Se um dia tivermos um jogador de ataque ou defesa na NFL, eu não sei onde chegaremos, mas será algo absurdamente grande. Ele vira ídolo - conclui.
*ZHESPORTES