Contra o Coritiba, na derrota de placar virado e revirado, Enderson Moreira apenas terminou de cair. O técnico contratado pelo Grêmio para o início da temporada - que representava um misto de aposta com tentativa de renovação - nunca foi consenso sequer entre os dirigentes tricolores. Aliás, unanimidade na diretoria gremista é coisa difícil. Que o digam Renato e Vanderlei Luxemburgo. A vítima disto muitas vezes é o time e, consequentemente, o torcedor.
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Enderson, é verdade, acabou dando munição aos críticos neste pouco mais de meio ano no comando e teve lá sua dose de responsabilidade na própria queda. A campanha boa na primeira fase da Libertadores não se sustentou. O desempenho caiu e, mesmo que a eliminação tenha vindo nos pênaltis, as estratégias não funcionavam mais e as explicações não convenciam. Sobravam palavras e faltava a atitude do comandante, uma mudança de esquema, uma troca de peças, um gesto mais forte, um timbre mais grosso na hora de reagir.
O golpe fatal de efeito retardado foi a goleada no Gre-Nal final do Gauchão. Ali estava sendo assinada a sentença. Na época a Libertadores ainda era uma possibilidade e só isto segurou a comissão técnica e a própria diretoria de futebol. Veio o Campeonato Brasileiro, a falta de atuações convincentes, a crise de gols de Barcos, a insistência em prestigiar o atacante e um aumento no desgaste com a torcida.
Os críticos internos, os mesmos dirigentes que nunca se empolgaram, retomaram a postura crítica a Enderson e aproveitaram a busca de reforços no recesso da Copa para potencializarem as cobranças, numa espécie de ultimato. A data-limite seria o próximo clássico Gre-Nal, mas não foi preciso. O técnico caiu. Cumpriu-se algo que era absolutamente previsível, especialmente após o Campeonato Gaúcho. Não havia mais “sustentabilidade”.
Só Tite significa mudança
Cabe aos dirigentes agora a reposição. Tite é o preferido. Mais do que isto, é a única opção que realmente muda, que dá um acréscimo significativo em termos de qualidade comprovada com segurança ao torcedor e aos nem sempre confiantes dirigentes. Sendo outro o substituto estará se renovando a dúvida, a incerteza e as cornetas. Será um semelhante a Enderson Moreira, talvez mais “cascudo” e mais caro, mas dificilmente estando num patamar superior àquele que teve consumada uma queda que só tinha de indefinida a data.