Foi com o coração na mão que os Fachinello se reuniram para assistir à decisão do Mundial de Handebol neste domingo. Gaúchos de Santa Rosa, a família radicada em Ivaí, no Paraná, não cabe em orgulho da armadora Deonise Cavaleiro, uma das responsáveis pelo título inédito da Seleção Brasileira feminina sobre a Sérvia.
- Assistimos até o último gol com o coração e a respiração apertados. Quando finalmente acabou e vencemos, nem conseguimos gritar, só nos olhávamos e chorávamos - conta Carlise Fachinello de Carvalho, 35 anos, que ainda nem conseguiu parabenizar a irmã pelo telefone, devido às comemorações na Sérvia.
Foi justamente a irmã mais velha que mostrou o esporte à Deonise, quando a futura atleta tinha apenas oito anos.
- Eu ia treinar na escola e, como não queria ir sozinha, arrastava ela junto comigo. Então ela começou a treinar também e aos poucos foi mostrando o talento - lembra Carlise.
Antes mesmo de completar 15 anos, Deonise resolveu dar um dos passos mais difíceis de sua vida, abandonar a cidade onde foi criada e sua família, para poder ter mais visibilidade no esporte. Com apenas duas malas, pegou um ônibus e desembarcou em Cascavel, onde ganhou bolsa de estudos para se dedicar ao handebol.
- Foi muito difícil, porque ninguém acreditava no handebol e todos só diziam não. Ninguém queria apoiar ela e nós não tínhamos dinheiro. Mas ela tomou coragem e foi e hoje está provando pra todos os nãos que ela conseguiu - comemora a tia Helena Facchinello.
Durante a carreira, Deonise voltou para o Rio Grande do Sul para jogar pelo Ulbra/Altero/Paquetá de Canoas, na Serra. Foi lá que, além de conhecer o marido e jogador de handebol Adriano Cavaleiro, quase desistiu do esporte, devido a uma grave lesão no ombro direito e à falta de reconhecimento ao handebol no país.
Com a força da família, a armadora resolveu voltar a jogar e não parou mais. Aos 30 anos, coleciona passagens pelo São Paulo/Guarulhos e Metodista/São Bernardo, e equipes europeias como León Balonmano, Itxako Navarra e Hypo Nö, da Áustria, onde joga atualmente.
A gaúcha integrou a Seleção Brasileira em dois Jogos Olímpicos (2008 e 2012), conquistou por duas vezes a medalha de ouro nos Jogos Pan-Ameicanos (2007 e 2011) e no Campeonato Pan-Americano de Seleções (2007 e 2011). Recebeu prêmios de Atleta do Ano (2000), Melhor Armadora (2000) e Revelação da Liga Espanhola (2006-07). Antes do Mundial, as recentes conquistas foram a Copa da Áustria, a Liga Austríaca e a Recopa da Europa pelo Hypo.
Confira imagens da conquista:
A história do esporte brasileiro ganhou um capítulo novo neste domingo. Mais uma vez, os gols foram responsáveis por trazer alegria ao povo. Desta vez, contudo, feitos com a mão. A Seleção Brasileira feminina de handebol conseguiu uma grande vitória de 22 a 20 sobre a Sérvia, na decisão do Mundial Feminino, e faturou o caneco inédito. A Dinamarca ficou em terceiro, e a Polônia, em quarto.
Diante de 19,5 mil barulhentos torcedores sérvios, as brasileiras dirigidas pelo dinamarquês Morten Soubak tiraram força para conseguir calar a Arena Belgrado. Triunfo que se deve, em muito, ao nórdico que dirige o time desde julho de 2009.