Soa o apito final. O camisa 6 da seleção uruguaia larga a bola, dá uma espiadinha por trás do ombro, gira 180ºC e parte em disparada na tentativa de bater Rivellino. Mais rápido, o meia-esquerda brasileiro escapa da agressão ao descer desabalado a escada de acesso aos vestiários do Maracanã.
O jogo entre Brasil e Uruguai ocorreu em 28 de abril de 1976, em partida válida pela extinta Taça do Atlântico. O uruguaio em questão é o lateral Sérgio Ramirez, que entrou para o folclore futebolístico mundial com as imagens que, mesmo passadas mais de três décadas, continuam repercutindo na Internet.
_ Esse lance ficou para história, mas não é o meu cartão de visitas _ argumenta Ramirez.
O lateral acabou construindo quase toda a carreira no Brasil. No ano seguinte à fatídica corrida atrás de Rivellino, ele foi contratado pelo Flamengo. E não encontrou dificuldades de aceitação.
_ Muito pelo contrário. Como o Rivellino jogava pelo Fluminense, fui ovacionado pela torcida rubro-negra _ orgulha-se o jogador, que ajudou o time a conquistar dois campeonatos cariocas.
Pois o uruguaio é hoje aposta do Santa Cruz para o Gauchão. Aos 61 anos, recém completados, Ramirez assumiu o comando da equipe em novembro passado. Em vez de lembrar do episódio de 36 anos, prefere falar das conquistas enquanto lateral e treinador e também dos títulos futuros. O assunto preferido é a busca pelo título do Interior do Gauchão 2013 no ano do centenário do clube.
_ Essa é a meta que a direção me impôs e é disso que estou atrás. O grupo que estamos montando no Santa Cruz é um time bem competitivo _ garante o técnico.
Nos últimos 27 anos, Ramirez treinou clubes paulistas, entre eles o Bragantino e o Rio Branco de Americana. Atuou também em Santa Catarina, onde dirigiu o Joinville, Metropolitano o Avaí. Em 2011, teve uma passagem relâmpago pelo Brasil de Pelotas, comandando quatro partidas pelo já desclassificado time gaúcho.
_ Gostei de voltar ao Rio Grande do Sul e estou adorando Santa Cruz do Sul, com o clima quente, a culinária alemã gostosa e de pessoas muito receptivas. Tenho uma missão nas mãos de conquistar o título do Interior e de tornar Santa Cruz um clube ativo o ano inteiro, e não só no Gauchão.
Foto: Agência Globo/Arquivo/BD