Quis o destino que a vingança de Fábio sobre seu maior algoz determinasse a despedida do rival da competição que tanto ama, a Copa Libertadores da América. Rogério Ceni, que só prorrogaria o contrato se vencesse o torneio, não segurou o Cruzeiro no tempo normal: vitória mineira por 1 a 0.
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Nas penalidades, o Mito tentou, foi herói três vezes, mas o dia era de Fábio, salvador em duas ocasiões. O 4 a 3 nos pênaltis, decidido por Gabriel Xavier, foi a redenção do ídolo celeste.
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Um ídolo que resgatou a fé quase perdida nos mineiros na Raposa, que lavou a alma de quase de cerca de 36 mil torcedores no Mineirão, que fez com que o ciclo de Ceni no estádio terminasse como se iniciou: com lamentações, como na final da Copa do Brasil de 2000.
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Apesar da falta de confiança em uma virada do time nos últimos dias, os cruzeirenses chegaram ao Gigante da Pampulha diferentes. Mais firmes, crentes, como se tivessem lembrado do hino do clube: "Nos gramados de Minas Gerais, temos páginas heroicas e imortais". Da amizade nas ruas, as torcidas passaram a protagonizar duelo de espírito. Quem acreditava mais?
Era possível ter fé no São Paulo? Michel Bastos, em uma falta e um cruzamento perigoso, provou que sim. E no Cruzeiro? As investidas de Willian, sempre com chutes venenosos, permitiam sonhar. E se havia tanta igualdade psicológica e técnica em campo, vê-la no placar tornou-se questão de tempo. De nove minutos, mas exatamente.
Bolas esticadas nas costas de Reinaldo, nervoso e amarelado, foram frequentes em todo o primeiro tempo.
Na etapa final, bastou uma para que o Cruzeiro equivalesse forças e números. Antes vaiado, Mayke disparou para ganhar atrás do lateral-esquerdo tricolor e de Wesley, e rolou para que Leandro Damião se atirasse e marcasse seu 12º gol na temporada, o terceiro na Libertadores.
E, de novo, se tudo era igual, alguém precisava ser diferente. Alexandre Pato, que não aceita a reserva, aceitou ser marcado e saiu para Luis Fabiano brigar na frente. Centurión, talismã e xodó da torcida paulista, entrou no posto de Wesley para trazer esperança. Fabuloso logo recebeu cruzamento de Bruno, em mais uma noite inspirada, e triscou a trave de Fábio. Ritmo alucinante em campo, técnica cada vez mais rara e desespero no olhar de cada torcedor, fossem eles mineiros ou paulistas. Tudo igual para todos, hora dos pênaltis. Rogério Ceni, com o histórico de nunca ter perdido uma decisão de penalidades na Libertadores, mostrou seu tamanho ao segurar a cobrança de Leandro Damião logo após converter sua batida.
Ganso deu mais força aos são-paulinos ao deslocar Fábio, mas depois de Marquinhos fazer o primeiro do Cruzeiro, tudo virou. Souza isolou e o uruguaio Arrascaeta empatou. Luis Fabiano, ídolo e artilheiro, parou em Fábio pela terceira vez seguida (2011, 2012 e agora) e viu Henrique marcar. Foi aí que o peso do mundo caiu em Centurión, mas o gringo soltou bomba para aliviar o Tricolor.
E o Tricolor, como canta a torcida, é o único a ter Rogério Ceni: precisão para agarrar o chute de Manoel. Bem como os cruzeirenses são privilegiado com Fábio, cheio de reflexo para conter Lucão. Neste duelo de goleiros-bandeiras, em que o celeste cansou de sofrer nos últimos anos, foi a vez da Raposa sorrir. Gabriel Xavier, com categoria, jogou longe de Ceni e classificou o Cruzeiro para as quartas de final da Libertadores. O São Paulo sofre e os mineiros aguardam Boca Juniors ou River Plate.
CRUZEIRO 1 (4) x (3) 0 SÃO PAULO
Local: Mineirão, Belo Horizonte (MG)
Data/hora: 13/5/2015 - 19h30
Árbitro: Andrés Cunha (URU)
Auxiliares: Miguel Nievas e Gabriel Popovits (ambos do URU)
Cartão amarelo: Reinaldo (SPO)
Gol: Leandro Damião, 9'/2ºT (1-0).
Pênaltis
Cruzeiro: Leandro Damião (Perdeu); Marquinhos (Gol); De Arrascaeta (Gol); Henrique (Gol); Manoel (Perdeu); Gabriel Xavier (Gol)
São Paulo: Rogério Ceni (Gol); Ganso (Gol); Souza (Perdeu); Luis Fabiano (Perdeu); Centurión (Gol); Lucão (Perdeu)
CRUZEIRO:
Fábio; Fábio, Mayke (Willian Farias, 38'/2ºT), Manoel, Bruno Rodrigo e Mena; Henrique, Willians, Marquinhos, De Arrascaeta e William (Gabriel Xavier, 31'/2ºT); Leandro Damião.
Técnico: Marcelo Oliveira
SÃO PAULO:
Rogério Ceni, Bruno, Rafael Toloi, Lucão e Reinaldo; Denilson, Souza, Wesley (Centurión, 26'/2ºT) e Michel Bastos (Hudson, 31'/2ºT); Ganso e Pato (Luis Fabiano, 19'/2ºT).
Técnico: Milton Cruz
*LANCEPRESS