
Existe um sentimento comum no futebol, que aparece a cada grande vitória. Não importa o time, o jogador e o ano. Aparentemente, a primeira sensação que o campeão sente não é a da alegria. É a do alívio.
Mesmo um time como o Inter no Gauchão 2025, que ganhou nove dos 12 jogos que disputou (e não perdeu nenhum), teve o melhor ataque e a melhor defesa, antes de ficar feliz, pareceu distensionado.
Enquanto clube, até se explica. Foi o fim de uma série de insucessos, mesmo no Estadual. O apito final de Marcelo de Lima Henrique decretando o 1 a 1 contra o Grêmio, na decisão, foi a senha para a desforra.
Era esse sentimento que se ouvia no gramado, enquanto jogadores, comissão técnica, dirigentes, funcionários, familiares e torcedores celebravam a conquista. Os abraços eram efusivos, os olhos marejados. Era só um Gauchão? Vai dizer para quem até ganhou mais do que isso, mas sabe o quanto precisava acabar a seca.
— Todo o contexto foi importante para mim. Para mim, esse Gauchão se torna o mais importante de todos. Se é mais fácil como jogador ou dirigente? Como jogador. Aqui fora, não temos controle de nada — declarou o agora diretor esportivo D'Alessandro, heptacampeão como jogador, que frisou, ao final da entrevista:
— O protagonismo não é meu, é dos jogadores, da comissão técnica.
A torcida, possivelmente, não pensa igual. Antes da partida, um mosaico enorme, na curva sul, tinha D'Alessandro com um binóculos, na cena clássica de 2013, acompanhada da frase "80 anos de paternidade" nas lentes.
Alan Patrick, o protagonista
O camisa 10 que sucedeu D'Alessandro foi Alan Patrick. Único bicampeão do grupo atual, o capitão de 2025 já conhecia o gostinho, mesmo que já se vão 11 anos desde aquele 4 a 1 em Caxias do Sul, em 2014. Protagonista do time desde seu retorno, há quase três temporadas, ele tinha autoridade para dizer:
— Passamos muitos momentos difíceis, turbulentos. Todos nós trabalhamos muito para chegar neste momento. Fomos coroados, merecidamente. Essa festa maravilhosa. A torcida merecia muito esse título. A gente quebra um jejum, o nosso povo estava sofrendo muito com isso. É um momento de muita alegria, esse clube merece.
Para celebrar essa alegria, os jogadores puderam levar os familiares ao gramado. Abraços, beijos, selfies. Praticamente todos falaram com os repórteres. Na entrevista coletiva de Roger, o tradicional banho de gelo e demais líquidos que ficam nos coolers do vestiário. Uma festa basicamente completa para coroar o início de um ano que inicia tão bem como terminou 2024.
Descanso após a conquista
Agora, o Inter deu folga aos jogadores. Rochet, Borré e Valencia vão para suas seleções para as partidas da Data Fifa. Nesta segunda-feira (17), o clube acompanha o sorteio da Libertadores, que ocorre a partir das 20h, em Luque, no Paraguai.
A estreia no Brasileirão é contra o Flamengo, dia 29 de março, às 21h, no Maracanã. Além das duas competições, ainda há a Copa do Brasil no 2025 colorado.
Que começou com a alegria — e o alívio — que só os títulos dão. Ainda mais quando permitem que figuras como Valdomiro, Falcão, Figueroa, Carpegiani, Claudiomiro, Lula, Cláudio Duarte e o grande Inter dos anos 1970 permaneça na história do Gauchão como os únicos Octa.