
— Entrar para a história.
Depois de dezenas de abraços, uma volta olímpica pelo Beira-Rio, Roger Machado resumiu assim o que sentiu quando entrou no último domingo no vestiário colorado. E pelo grito que tomou o estádio durante a entrega das medalhas de campeão, a missão foi bem sucedida.
— Ole, ole, ole, Rooooogeeeer, Roooogeerr — cantaram quase 50 mil colorados nas arquibancadas.
Foi sob sua regência, técnico vencedor de dois títulos e três finais de Gauchão nos últimos quatro anos, que o Inter comandou a festa de um título após nove anos. Mas não antes de mais de 100 minutos de uma tarde tensa em Porto Alegre.
Quem viu as cenas finais do Beira-Rio, não contou as centenas de passos indo e vindo na área técnica dados por Roger e seus auxiliares.
Um primeiro tempo cheio de agonia para o técnico. Foi necessário esperar até o segundo tempo para ter alguma certeza mais definitiva do desfecho que se confirmaria.
Alívio
Foi necessário que Valencia acertasse um chute indefensável aos nove minutos da segunda etapa, em cobrança de falta da intermediária. Um retorno direto a uma aposta da comissão técnico na reta final da competição.
De braços abertos, Roger se libertou junto ao rugido de gol que ecoou no estádio. O grito vindo das arquibancadas abriu a série de comemorações que viria mais tarde. Mas o jogo ainda teria mais 40 e poucos minutos. O momento de alívio durou apenas alguns instantes. Mas a comemoração desse gol serviu pra extravasar a energia e a tensão de uma partida que terminou em empurra-empurra.
O gol de Wagner Leonardo serviu para aumentar a tensão por alguns momentos, nas não o suficiente para uma reviravolta capaz de tirar o título do Inter.
Indignado com as ações ao fim da partida, dos tumultos e das bolas jogadas no campo, Roger cobrou postura dos seus comandados.
— Olha aí. Deu dois minutos a mais — esbravejou o técnico.
Mas não foi só de agonia que se viveu no lado vermelho nos minutos finais. No meio do tumulto que virou a área em frente ao banco de reservas do Inter, um abraço simbolizou a alegria que tomou conta do Beira-Rio no apito final.
Roger Machado e Paulo Paixão se encontraram enquanto jogadores, comissão técnica e direção corriam para o centro do gramado. De camisas brancas, o grupo carregava contente uma frase no peito: "Essa terra tem patrão".
Emocionado, o presidente Alessandro Barcellos também adotou a mesma linha em sua primeira manifestação.
— Octa só tem um no Rio Grande do Sul, só tem um. E imortal se enterra vivo.
Cena simbólica
Quase duas horas antes da festa colorada, uma cena também simboliza o que foi a conquista. O jogo ainda não estava próximo do seu início. Mas como comandante que é, Alan Patrick esperou os companheiros no túnel.
Protagonista da conquista, o camisa 10 que uma nova geração de colorados leva como ídolo suspirou e puxou a fila dos companheiros para o aquecimento. Um mar de pessoas usando vermelho veio atrás. Um grupo fechado justamente por D’Alessandro, o 10 da última conquista de Gauchão antes de 2025.