A boa alternativa para conseguir virar uma página da vida é contar com alguém que não absorveu as pressões dos capítulos anteriores e chega suave ao ambiente, pronto para construir a sequência da história sem precisar curar feridas do passado.
Em um jogo que parecia indicar a sequência de um trauma, o meio-campista Bruno Tabata, recém-chegado ao Beira-Rio, foi decisivo para a vitória de virada do Inter sobre o Juventude e renovou as esperanças do torcedor colorado de uma reação no Brasileirão. Agora expectativa está abastecida para o duelo deste domingo (18), às 16h, diante do Atlético Goianiense.
Tabata foi anunciado pelo Inter na semana passada. Sua última partida oficial no Qatar SC fora em maio. Ele estava treinando e mantendo a forma no Palmeiras, mas, pela falta de entrosamento e uma melhor condição física, começaria o duelo contra o Juventude no banco de reservas.
Entretanto, uma lesão de última hora de Wanderson fez Roger Machado lançar logo de início o mineiro de 27 anos ao time titular e deixá-lo em campo durante os 90 minutos. Assumindo a responsabilidade, ele cobrou o pênalti e, mesmo errando, aproveitou o rebote para marcar o gol da vitória.
— Eu corria muito lá. Meu time antes não era dos que brigava para ser campeão, então tínhamos que fazer algo mais. No último mês, quando as negociações se complicaram, comecei a me preparar fisicamente para encarar o futebol brasileiro — disse Tabata após o jogo, deixando claro que a baixa intensidade do futebol do Catar não lhe atrapalharia.
Origem do apelido
Tabata é um apelido. Na infância, em Ipatinga, quando começou a dar seus primeiros toques na bola com a perna esquerda, no futsal, Bruno Vinícius passou a ser chamado assim pela semelhança física com o também meio-campista Rodrigo Tabata, na época jogador do Santos. A ideia colou tanto que o jogador colorado carrega o nome até hoje.
A carreira começou no América-MG aos 14 anos, mas rapidamente migrou para o Atlético-MG. Eleito melhor jogador da Copa do Brasil sub-17 de 2014, quando o Galo levou o título, passou a chamar a atenção. Contudo, jamais teve oportunidade no time principal e rumou ao Portimonense, quando completou 18 anos.
Em Portugal ficou sete temporadas. Cinco no clube de Portimão e outras duas no Sporting, um dos principais do país. Nem sempre como um titular absoluto, mas alguém muito útil ao técnico Ruben Amorim, que lhe utilizou em todas as funções ofensivas.
— Ele sofreu dificuldades de adaptação em um clube maior. Com Amorim, acabou sendo sempre um jogador para compensar questões táticas específicas. Jogando pelas duas alas, como meia ofensivo ou até falso nove. Um jogador interessante, mas que tinha ambições de jogar mais tempo, algo que não conseguiu no Sporting — afirmou Luís Cristóvão, comentarista da Rádio Antena 1 de Lisboa.
Seleção Olímpica e Palmeiras
Bruno Tabata fez parte do elenco da Seleção Brasileira sub-23 no Torneio de Toulon de 2019 e no Pré-Olímpico de 2020. Nos jogos de Tóquio, porém, acabou ficando de fora da lista de André Jardine. Por outro lado, sempre contou com o apreço de Abel Ferreira, que lhe acompanhava desde os tempos de Portimonense.
Foi assim que o time paulista decidiu investir R$ 26 milhões em sua contratação com uma reposição para Gustavo Scarpa. No Verdão sofreu com lesões e não teve continuidade, por isso foi emprestado ao Qatar SC no último semestre, onde acumulou 13 gols e sete assistências em 28 jogos, levando o time ao vice da Copa Emir.