Ídolo é coisa rara.
Tantos tentam, poucos ficam, poucos resistem no tempo.
Ídolo é quando você ama o jogador mesmo num dia ruim, porque ele nunca deixa de dar tudo em campo.
Não há dia ruim para D’Alessandro. Ele não aceita a derrota. Ele briga até o último minuto. Ele é o nosso último minuto. A cobrança de falta, de escanteio, de pênalti. Nossa esperança é a sua perna esquerda.
Todos os olhos naquele camisa 10. Ele soma todos os números.
Não existe cinza. É só vermelho e branco.
Não existe morno. Não existe neutralidade. Mata-se de tanto morrer.
Ele nunca responderá: “tanto faz”. Sua religião é ter lado. O nosso lado.
Quando D’ Ale baixa a cabeça, ninguém o segura, sairá do outro lado da marcação, livre e desimpedido. Quantas ruas ele pavimentou na lateral esquerda onde não havia saída? Quantos aeroportos surgiram de sua canhota encontrando o voo de seus colegas na pequena área? Quantas rodoviárias construiu para a despedida de seus oponentes?
É alguém predestinado, capaz de fazer um gol virar lágrima, virar riso, virar loucura, virar benção, virar reza, virar abraço, virar perdão, virar fé, virar vidas inteiras pelo avesso.
D’ Ale é o Andrés da esposa Erika, dos filhos Santino, Martina e Gonçalo.
D’ Ale é o Cabezón do pai Eduardo e da mãe Gládis.
D’ Ale é o capitão para os companheiros de farda.
D’ Ale é o bairro Paternal.
D’ Ale é o fliperama.
D’ Ale é a pizza de 60 centímetros.
D’ Ale é o almoço e a jantar mexendo com a bola debaixo da mesa.
D’ Ale é o gandula que se transformou em jogador e o jogador que se transformou em torcida.
D’ Ale é River.
D’ Ale é argentino.
D’ Ale é medalha olímpica de Atenas.
D’ Ale é gaúcho.
D’ Ale é brasileiro.
D’ Ale é o hino nacional cantado, o hino rio-grandense de cor.
D’ Ale é a voz do Beira-Rio, seu rugido, a explosão do silêncio.
D’ Ale é a alma do vestiário.
D’ Ale é o sangue nos olhos.
D’ Ale é o chute de bico, é o efeito, é a curva, é o vento envenenado, é o imprevisível.
D’ Ale é três pulinhos e o sinal da cruz.
D’ Ale é Gauchito.
D’ Ale é a avó Beatriz que guardava os recortes de seus jogos no colchão.
D’ Ale é o homem Gre-Nal.
D’ Ale é caráter.
D’ Ale é feito de tatuagens, mapas das suas conquistas.
D’ Ale dá a real.
D’ Ale não mente com promessas.
D’ Ale é teimoso, chato pra caramba pela perfeição.
D’ Ale odeia os arrogantes, os boludos.
D’ Ale é a rivalidade.
D’ Ale é o Lance de Craque.
D’ Ale é La Boba.
D’ Ale é Libertadores.
D’ Ale é Sul Americana.
D’ Ale é campeão de tudo.
D’ Ale é entrega.
D’ Ale é respeito dos adversários.
D’ Ale, ganhando, é um anjo; perdendo, é um demônio.
D’ Ale é protetor, briga com juiz, defende o seu time com unhas e dentes.
D’ Ale é a lealdade: o que vive no campo morre no campo.
D’ Ale é o amigo nas horas difíceis.
D’ Ale é o herói nas horas graves.
D’ Ale é lenda.
D’ Ale é inesquecível.
D’ Ale é ídolo.
D’ Ale é o sol se pondo no Guaíba. Mas não é o sol, é o nosso coração.
Dá-lhe, Dá-lhe, Dá-lhe!