A trajetória de Andrés Nicolas D'Alessandro dentro de campo acabou há dois finais de semana, quando o ex-camisa 10 colorado marcou um dos gols da vitória do Inter contra o Fortaleza, no Beira-Rio, pela segunda rodada do Brasileirão. Os 69 minutos em que o argentino esteve em campo naquele domingo foram a despedida perfeita para um jogador que chegou a Porto Alegre em 2008 e ganhou inúmeros títulos com a camisa colorada.
Apesar de já ter se aposentado, D'Ale segue representando o Inter pelo Brasil afora. Nesta segunda-feira (25), ele concedeu entrevista para o "Bem, Amigos", do Sportv, e falou sobre a sua aposentadoria dos gramados e a relação com a torcida colorada.
— Eu não posso me colocar em um lugar desses (no top 3 de maiores jogadores do Inter). Acho que o primeiro erro que a gente pode fazer é se colocar em algum lugar no clube. Quem coloca o jogador é a torcida. Ele, torcedor, te coloca em uma posição que tu mereces, que ele acha que tu deves estar na história do clube. O Inter tem vários jogadores que passaram e ganharam muito mais que eu, mas não é só isso, a gente criou uma coisa que vou levar para o resto da vida.
Questionado por Galvão Bueno sobre o "jogador morrer duas vezes", uma frase dita por Paulo Roberto Falcão, também ídolo colorado, o argentino disse que se sentiu um pouco morto por ter pendurado as chuteiras e mudado completamente a sua rotina após anos dedicados ao futebol.
— Eu morri um pouquinho. Concordo com Falcão, estou sentindo falta. A nossa rotina , a gente acorda, se prepara para os treinos. Tivemos uma infância, adolescência, tudo dedicado ao futebol. A gente não vive uma vida normal, deixamos vários coisas de lado, gostaríamos de jogar futebol até os 70, mas não dá. A gente tem de aceitar, ainda não aceitei, mas por enquanto vou levando — completou.
Uma das coisas que D'Ale já deixou claro é que gostaria de continuar no meio do futebol. Ainda que já tenha feito cursos para se tornar treinador, o ex-jogador ainda não decidiu se seguirá a carreira à beira do gramado.
— Eu preciso do futebol, a minha vida precisa, não como atleta, mas alguma coisa vou fazer, ainda não está definido. Não tenho pressa para me encaixar em algo, técnico ou em algum cargo de gestão. Gosto muito de poder passar a vivência, a experiência de vestiário, poder transmitir alguma coisa que a gente aprendeu para os jogadores mais jovens — finalizou.
Ele irá receber a Medalha do Mérito Farroupilha, concedida pela Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul. Essa é a maior distinção possível do Parlamento gaúcho a personalidades com relevantes serviços prestados ao desenvolvimento econômico, social e cultural do Estado.