O Inter não é mais o mesmo de 2019. Alguns nomes até se repetem nesta temporada — Lomba, Cuesta, Lindoso, Edenilson, Patrick — porém, são praticamente outros jogadores, com a atribuição de novas funções. Além de um sistema tático diferente, a ideia implementada por Eduardo Coudet difere da filosofia de jogo aplicada por Odair Hellmann nos últimos anos.
São pensamentos distintos, que influenciam diretamente no comportamento dos atletas. Para explicar estas mudanças, GZH fez uma análise dos números apresentados pelo time colorado nas seis primeiras rodadas do Brasileirão e comparou às estatísticas do mesmo período no ano passado. Confira:
Sistema tático

É preciso perceber que há uma mudança tática no Beira-Rio. Com Odair, o Inter atuava preferencialmente no 4-1-4-1, com linhas baixas. Ou seja, posicionava três volantes à frente da área e fazia os extremas fecharem os lados do campo, acompanhando a subida dos laterais adversários. Com isso, a principal arma do time era uma defesa sólida, muito bem protegida. Na frente, Paolo Guerrero brigava sozinho com os zagueiros, sendo lançado para segurar a bola e dar tempo para que os homens de trás partissem em velocidade para o contra-ataque.
Para 2020, o treinador argentino trouxe consigo o modelo adotado no Rosario Central e Racing: o 4-1-3-2, em linhas altas. Com exceção da partida contra o Atlético-MG (e do segundo tempo contra o Botafogo, quando já vencia por 2 a 0), o Inter de Coudet avança suas linhas para propor o jogo, posicionando os zagueiros fora da área muitas vezes. Por isso, as escolhas por Bruno Fuchs e Zé Gabriel, que, com um passe mais qualificado, viram os primeiros construtores da jogada ofensiva.
Também não há mais extremas, cabendo aos laterais os avanços pelos lados do campo. No meio-campo, três jogadores têm a missão de construir, trocar passes rápidos, se projetar ao ataque e recuperar a bola com agilidade quando a perdem. É preciso ter intensidade, característica presente em Edenilson e Patrick, que agora são mais meias do que volantes. Por fim, na frente, são usados dois atacantes, e não mais apenas um.
Postura em campo
Além do novo sistema tático, os jogadores colorados tiveram de se adaptar a uma nova ideia de jogo. Com Coudet, o Inter adota uma postura propositiva até mesmo fora de casa. Não à toa, após seis rodadas, possui duas vitórias como visitante. No ano passado, quando o time atuava de maneira mais reativa, o Colorado foi conquistar sua segunda vitória longe de Porto Alegre apenas na 19ª rodada.
De acordo com dados levantados pelo site SofaScore, no primeiro jogo como mandante pelo Brasileirão de 2019, mesmo vencendo o Flamengo por 2 a 1 pela segunda rodada, o time teve 45% de posse de bola, 17 finalizações e 431 passes trocados. Neste ano, nos 2 a 0 contra o Santos, foram 58% de posse de bola, 25 finalizações e 515 passes certos. Ou seja, números que refletem uma vocação mais ofensiva.
O comportamento difere até mesmo nos atletas que permanecem no Beira-Rio. Todos os atletas passaram a ocupar uma faixa mais alta em campo.



