Thiago Galhardo, jogador do Inter, era funcionário da Petrobrás e estudava para fazer carreira na empresa. Em 2008 ele repensou sua vida, e graças ao apoio e sacrifício financeiro da mãe, Thiago alcançou o futebol profissional em 2012. Ele foi o entrevistado da noite desta quarta-feira (3) no Papo Gre-Nal, em live no Instagram de Esportes GaúchaZH. O meia-atacante bateu este papo com Luciano Périco em mais uma ação do Saudade do Esporte.
Thiago relembra como era a vida antes do futebol e admite que caiu no "deslumbre" que foi a chegada ao Botafogo. Os altos salários e diferenças nas condições de vida fizeram com que ele não tivesse uma boa sequência, segundo ele mesmo conta. Sua trajetória, porém, é forjada em cima dos aprendizados, e não dos arrependimentos.
— A questão financeira faz se perder rápido. Morava em uma casa de 30 metros quadrados. Eu, minha mãe, meu irmão e minha avó. Minha mãe abandonou o casamento com meu pai, abriu mão da vida dela para viver a minha. Se endividou toda porque na época meu pai não ajudou. Não o culpo. Ele tinha os pensamentos e princípios dele, mas minha mãe quis viver meu sonho e fez tudo por mim e meu irmão. Graças a Deus conseguimos o nosso sonho. Joguei com ele uma partida profissionalmente em 2012. Eu e ele estreamos contra o Flamengo, Ronaldinho e Vagner Love. Tenho o sonho ainda de jogar uma partida por time de Série A com meu irmão — relembra.
Thiago conta que gosta de estudar a cultura local e aproveitar ao máximo os clubes e cidades pelas quais passa. Quando jogou no Japão, aprendeu a chegar mais cedo nos treinos e desfrutar o que a carreira no futebol profissional proporciona. Se do outro lado do mundo aprendeu o idioma, no Rio Grande do Sul só falta virar o assador oficial da família.
— Fazer churrasco não tive muito tempo. Depois da pandemia não pude reunir os amigos, então como vou fazer? Meu pai é bom churrasqueiro e ele gosta de tomar conta, ele que sempre manipula. Eu poucas vezes fiz churrasco. Modéstia a parte, bom, mas não igual daqui, muito difícil. É da terra, né? Quero aprender a ligar lareira. Cada vez que preciso chamo o vizinho. Uma vez que tentei quase botei fogo na sala, me acostumei a chamar o vizinho — conta, concluindo:
— Temos de nos adaptar ao lugar que estamos. E de fato, se acostumar com o que é bom é muito fácil. A estrutura que o Inter tem para trabalhar e jogar, uma torcida dessas que, não sei quando vão poder voltar aos estádios, isso tudo é muito fácil. Dá o maior orgulho de estar ali e poder representar esse clube.
Sobre Coudet, Thiago valoriza o que o técnico ensina em termos motivacionais aos jogadores colorados:
— Trata todo mundo igual, isso acaba dando o respeito dos jogadores. Veio pra somar. E acho que ele consegue implementar a raça argentina, que é uma coisa que pode fazer a diferença na Libertadores. Já tinha enfrentado ele no vasco e Racing. É um cara que tem me ensinado bastante e cobra bastante. Correr o tempo inteiro, acertar passe, só cobra o que vai ter no jogo.
A live recebeu uma invasão de amigos de Thiago Galhardo assistindo e brincando com o jogador. Ele diz que as amizades são o melhor do futebol, e que o grupo colorado é cheio de boas relações. O meia garante que é melhor no video-game do que na churrasqueira.
— Fuchs joga demais, inclusive é minha dupla! Quando a gente joga de dupla somos invictos. Heitor e Rodinei, fraco. Boschilia e Marcos Guilherme, fraco. Quem detona é nós. Lomba já tentou também, não tem como. Os guri tão sempre junto. Desde que ele voltou da seleção, começamos a bater nos moleques. Heitor e Rodinei, por sinal, não aguentam, porque eu boto muita pilha neles. A gente fica brincando pelos corredores, não tem jeito, tem que aguentar — brinca, e complementa:
— O plantel é muito conectado. Quem está junto, está brincando. Nossas refeições não é chegar comer e sair, sempre tem brincadeira e conversa. Acho que é o que faz o clima ficar leve e de certa forma tudo fica mais saudável.