A primeira das nove finais que aguardam pelo Inter no Campeonato Brasileiro será disputada na noite desta segunda-feira, a partir das 20h, diante do Santos, no Beira-Rio. Com previsão de um público na casa dos 40 mil torcedores, o jogo significará para os colorados manter viva a caça ao líder, Palmeiras, que nesse domingo venceu o Ceará, no Pacaembu, e que abriu seis pontos de frente para os colorados.
Se no primeiro turno o Santos foi marcante na vida de Leandro Damião, que marcou o seu 100º gol pelo Inter na Vila Belmiro, agora, a equipe de Cuca marcará também a carreira de Rodrigo Dourado. O capitão do Inter cumprirá o seu 200º jogo com a camisa em vermelho e branco. Ainda está longe dos 422 jogos de D'Alessandro pelo Inter, por exemplo, mas a caminhada do camisa 13 é longa no Inter.
Desde a derrota do time B para o Cerâmica, no verão de 2012, quando o volante estreou pelo Inter, para cá, Dourado é uma espécie do representante do sentimento do torcedor em campo. Afinal, saiu das categorias do clube, teve momentos de glória, foi rebaixado na emblemática partida da Baixada Fluminense, permaneceu no Beira-Rio, subiu com o seu Inter e, agora, sonha fazer história conquistando o Brasileirão.
Ao receber do técnico Odair Hellmann a braçadeira de capitão, Dourado começou também a campanha de recuperação da equipe na temporada. O jogo da faixa de líder do time em campo lhe foi dada em maio, no Gre-Nal do 0 a 0, na Arena. Com a longa ausência de D'Alessandro, por lesão e, depois, por suspensão, o capitão Rodrigo não largou mais a braçadeira. Mesmo com o retorno do camisa 10 ao time, a braçadeira não saltou de Dourado para D'Alessandro.
- Quero falar sobre a atitude do D'Alessandro. Eu passaria a braçadeira para ele. E ele disse que era para continuar com Dourado, para deixar com ele. Estou passando isso porque é verdade. Estou sendo verdadeiro. E isso não é uma atitude isolada do D'Alessandro. Há respeito - contou Odair, recentemente, após o 2 a 1 do Inter de virada sobre o Vitória, explicando que o guri de Pelotas seguiria como o capitão da equipe.
Após a campanha de 2015, Dourado esteve altamente cotado para ser negociado ao futebol português. Acabou não saindo. Talvez deixe o clube depois de dezembro, porque voltou a ser o mais regular dos meias colorados. E a Europa gosta de jogadores jovens e que conseguem manter altas performances na temporada.
- É fácil responder a pergunta "quem é Dourado" - diz o analista de desempenho e comentarista de GaúchaZH, Gustavo Fogaça. - Há algumas temporadas, ele vem sendo o jogador mais regular do Inter. Com bom rendimento físico, consegue fazer coberturas no campo inteiro. Tem inteligência tática pra jogar de "pivote" no 4-1-4-1 ou de primeiro volante, em um 4-2-3-1, ou mesmo no 4-4-2. Tem o melhor aproveitamento nos passes do grupo, com 90% de acerto, o que é um índice muito alto para um volante que é constantemente pressionado e responsável pelo primeiro passe no processo de construção das jogadas - acrescenta Fogaça.
E o analista completa:
- Se olharmos para o seu rendimento sem a bola, fica mais fácil ainda responder à pergunta. É quem faz mais interceptações e mais vence duelos aéreos no time. E o segundo que mais rouba bolas. Aliás, Dourado é muito forte no jogo aéreo, sendo quem mais recebe cruzamentos em bolas paradas e artilheiro do time neste fundamento, com dois gols marcados. Um atleta que entrega solidez defensiva e recursos táticos para o time. Muito forte nas ações sem a bola e eficiente na construção do jogo. Esse é Rodrigo Dourado.
Para Eduardo Dias, analista do Footure, Dourado faz o melhor ano de sua carreira justamente por estar confiante:
- Não há análise sem entender o contexto, o sistema montado por Odair Helmann potencializou o jogo de Rodrigo Dourado e ele mostrou eficiência no que sabe fazer de melhor, defender. Por outro lado, desobrigá-lo de construir lhe retirou a necessidade de fazer o que não se sente confortável, a soma de tudo isso lhe deu confiança e um jogador com confiança faz até o que não é sua atribuição e já se vê Dourado dando passes e quebrando linhas. Rodrigo Dourado, 198 interceptações, sendo 43 no campo adversário, números fantásticos do melhor primeiro volante do Brasil nesse Campeonato Brasileiro.
Avesso a entrevistas, Dourado costuma falar apenas em coletivas, pré e pós jogos. Ao melhor estilo "low profile", o camisa 13 pouco falou sobre a possibilidade de ainda o Inter se sagrar campeão nacional. Mas, quando falou, se mostrou otimista:
- Seria um sonho não só para mim, mas para o Inter, para o clube. Viemos de dois, três anos difíceis. Seria um grande sonho, mesmo. Ninguém falava do time do Inter. Agora, que estamos em cima, estão falando. Mas o time está consciente e vamos assim até o final.
Para que o Inter mantenha vivo o sonho dourado de Rodrigo, é preciso dar o primeiro passo. Vencendo o Santos no Beira-Rio.