O Povo do Clube, segundo maior grupo político no Conselho Deliberativo do Inter, com 54 cadeiras, atrás apenas do situacionista MIG (Movimento Inter Grande), está deixando a gestão. Após o Gre-Nal desta quarta-feira, quatro conselheiros do "O Povo" que comandavam a Diretoria de Torcidas e Ambiente de Jogo entregaram os seus cargos ao presidente Marcelo Medeiros: Ricardo Rogoski, Letícia Vieira de Jesus, Juan Castro Ahumada e Luis Otávio Ramos.
De acordo com Rogoski, o grupo decidiu se afastar em virtude de "decepções" com determinados integrantes da administração do clube, além de algumas promessas de campanha que não foram cumpridas, como a criação de um setor sem cadeiras (e não apenas o espaço atual, no setor sul, para a banda da Guarda Popular, além da falta de liberação do segundo lote para novos associados a R$ 10, o plano Academia do Povo.
- Nos sentimos no dever moral de colaborar com o clube no momento mais difícil da história e, em março de 2017, entramos para a gestão - conta Rogoski. - Consideramos o presidente Medeiros, e a maioria das pessoas da atual gestão, como honestos e bem intencionados. Mas houve situações que foram nos desgostando e tirando a nossa vontade de participar. Há preconceito com o nosso grupo, dizem que somos radicais, mas sempre tivemos um postura propositiva. Muitas vezes, tivemos a sensação de boicote interno e falta de colaboração da pasta de Administração. Acabamos isolados - alega o conselheiro.
Ricardo Rogoski lembra que o grupo passou a trabalhar na Diretoria de Torcidas e Ambiente de Jogo após a guerra entre a Camisa 12 e a Guarda Popular, no primeiro jogo do Inter em 2017, o empate em Veranópolis.
- Ficamos um ano no clube. Conseguimos fazer um trabalho de pacificar as nossas torcidas, na base do diálogo. Além disso, hoje, todo o torcedor de organizada é sócio do clube, são 1,9 mil associados, algo que não havia antes - orgulha-se Rogoski.
Segundo movimento político em número de conselheiros no clube, "O Povo" não descarta lançar uma candidatura própria à sucessão de Medeiros, no segundo semestre - o que representaria deixar a gestão por completo.
- Não queremos nos manter na gestão por cargos, mas para trabalhar pelo Inter. Esta nossa saída não teve motivação política, ainda não estamos pensando na eleição. Foi uma decisão tomada porque estávamos desconfortáveis. O presidente descumpriu promessas de campanha, não houve avanço em certas questões, e nem parece haver vontade política para determinados assuntos. Podemos ter, sim, candidatura própria à presidência, mas ainda não deliberamos sobre isso - finaliza Ricardo Rogoski.