
Bola na trave não altera o placar, mas pode alterar a cotação — ainda mais se o que estiver em jogo for uma vitória em Gre-Nal. No clássico, quem “aparece bem na frente, mas tem dificuldades para acertar o lance final” não costuma garantir mais do que uma nota 7, enquanto quem coloca a bola na rede para fazer o gol pode sonhar com um 8 ou até um 9.
Ao menos é assim que as coisas são na Cotação ZH, que há anos avalia todos os jogadores de Inter e Grêmio que entram em campo para uma partida de futebol. Nos últimos 30 Gre-Nais, por sinal, foram 850 performances avaliadas. Somente uma considerada digna de nota 10. Consegue lembrar de quem?
O que os "cotadores" mais encontraram, porém, foram atuações pouco empolgantes, que garantiram algo entre um sólido 5 ou 6. Do Gre-Nal 417 para cá, o elenco tricolor teve média 5,8 na Cotação de ZH, enquanto o colorado ficou com 5,7.
Mas há, claro, exceções. Confira o histórico no gráfico abaixo.
A gangorra azul e vermelha
A média dos elencos de Inter e Grêmio nos últimos 30 clássicos até pode ser similar, mas a trajetória de cada um dos times neste período não foi. A lendária gangorra da Dupla aparece viva e forte nas cotações, com os melhores momentos de uma equipe coincidindo com os piores do rival.
O Gre-Nal mais vermelho

O clássico com cotação mais vermelha foi o Gre-Nal 445, válido pela primeira decisão do Gauchão 2025, disputado em março.
O triunfo colorado por 2 a 0 na casa do Tricolor garantiu a maior média para um time do Inter desde setembro de 2018: 7,09, com notas 8,5 para Alan Patrick e 8,0 para Vitão, Victor Gabriel, Fernando e Carbonero. Ninguém levou menos que 6.
E o mesmo jogo rendeu o pior desempenho para um elenco gremista no período: média de 4,75, com 4 para Pavon e Lucas Esteves, e sem atletas com mais de 5,5.
O Gre-Nal mais azul

O 445 não foi um filme inédito: o mesmo roteiro se desenrolou no clássico 436, quando a retumbante vitória do Grêmio por 3 a 0, válida pela ida da semifinal do Gauchão 2022, garantiu média 6,8 para o elenco gremista, a maior no período, enquanto o colorado amargou um 4,4.
Nenhum outro clássico, entre os 30, teve uma distância tão grande entre o desempenho dos dois times. Em pleno Beira-Rio, jogadores como Bitello e Elias Manoel garantiram um 8, enquanto entre os donos da casa ninguém ultrapassou 5,5.
No meio do caminho, é verdade, existiram alguns clássicos em que os dois clubes ficaram na média 6, com atuações que não brilharam no ataque, mas tampouco comprometeram na defesa. Os desempenhos que seguem vivos nas memórias dos torcedores, contudo, são outros.
O único jogador nota 10
O meio-campo pode até ser o lugar dos craques, mas em Gre-Nal quem brilha mesmo são os goleiros e nenhum tanto quanto Paulo Victor, ao menos no histórico das cotações.
Desde setembro de 2018, o camisa 1 tricolor foi o único jogador da Dupla a garantir uma nota 10. A atuação de luxo em abril de 2019 garantiu o 38° título gaúcho do Grêmio, conquistado nas penalidades máximas.
"Após 90 minutos realizando apenas intervenções, foi o herói do título ao defender as cobranças de pênaltis de Camilo, de Víctor Cuesta e de Nico López. Nota 10", foi a setença de Zero Hora em 18 de abril de 2019.

Quem também brilhou no Gre-Nal 420 foi Marcelo Lomba. O goleiro colorado salvou o Inter no tempo normal ao defender uma cobrança de pênalti de André — o primeiro pênalti defendido pelo atleta em sua vida — e tirou outra bola, de Michel, nas decisão nas penalidades. Uma grande atuação, mas que acabou com o seu time derrotado e que, assim, garantiu somente um 9 para Lomba.
Bola na trave
Há somente outras três atuações que conquistaram uma nota acima de 8. Uma delas foi de um dos jogadores mais queridos pela torcida gremista nos últimos anos: Luis Suárez.
O uruguaio "foi o dono do jogo", segundo a cotação do Gre-Nal 439. "Sua qualidade ficou evidente. Desarmou, criou, finalizou e resolveu o clássico", destacou a avaliação, que deu 8,5 para o camisa 9. O confronto terminou 3 a 1 para o Grêmio, com direito a um gol de Luisito.

Do outro lado do campo, foi Alan Patrick quem levou — duas vezes — um 8,5 no clássico. "Foi o maestro do Gre-Nal", destacou a cotação do 440, logo na sequência do "show de Suárez", em que o Inter fez 3 a 2 no Grêmio pelo Brasileirão.
"Ditou o ritmo e soube explorar os espaços dados pelo Grêmio. Deu a assistência para Valencia e depois marcou o seu gol. Único erro foi abrir a barreira que resultou no segundo gol gremista", foi a avaliação para Alanpa em outubro de 2023.
Ele repetiu a dose neste ano, no Gre-Nal 445, válido pela final do Gauchão. "Com uma perna e meia, foi o dono do meio-campo. Criou, sofreu faltas, acertou passes, ditou o ritmo e, para coroar, fez o segundo gol. Mesmo voltando de lesão."

Bola murcha
Na ponta de baixo da tabela, 11 vezes a cotação carimbou atuações em Gre-Nais com uma nota 3. E o que é preciso para levar uma cotação destas? No caso de Moisés, do Inter, bastou ser um dos causadores da confusão no final do clássico 424, o primeiro da história da Libertadores, e "voltar para brigar depois de ser expulso".
O lateral ainda foi reincidente, voltando a ganhar um 3 no Gre-Nal 426, quando levou um cartão cedo e falhou no gol de Isaque, que selou o 2 a 0 gremista na final do returno do Gauchão 2020.
Além dele, pelo Inter, ficaram com um 3 no seu histórico em clássicos Renê, pelo desempenho no Gre-Nal 441 (com gol contra); Paulo Victor, no 436 (expulso); Musto, no 428 (expulso); Patrick, no 426 ("expulso protagonizando uma cena patética"); Marcelo Lomba, no 422 (expulso); e Nonato, no 418 (expulso).
Pelo Tricolor, foram carimbados com uma nota 3 Rafinha, no Gre-Nal 432 (também quis dar sequência a uma briga após expulsão); Cortez, no 428 (fez pênalti e foi expulso); e Luciano, no 424 (expulso).

Agora, a dúvida é quem será o jogador que se destacará, para o bem ou mal, em campo e na cotação, no próximo clássico.
Gre-Nal 447 vem aí
Grêmio e Inter se enfrentam neste sábado (19), a partir das 21h, na Arena, em Porto Alegre. O jogo é válido pela quinta rodada do Brasileirão e terá cobertura completa de GZH.