Por Amanda Munhoz e Rafael Diverio
O Inter tem um pepino de quase R$ 500 mil mensais para descascar.
Anderson, meia que chegou como uma tentativa de cravar nome na história e se encaminhar para ser um D'Alessandro da nova década, se reapresenta com os demais jogadores a partir de 2 de janeiro sabendo que não permanecerá no grupo. Mas realocar um jogador de quase meio milhão de reais é uma tarefa inglória. E afastá-lo dos treinos pode gerar um problema ainda maior.
O sonho é que algum clube se interesse pelo jogador que surgiu no Grêmio em 2004, foi herói da Série B de 2005, saiu para o Porto, enveredou para o Manchester United — e virou amigo de Cristiano Ronaldo e pupilo de sir Alex Ferguson —, mas acabou repassado à Fiorentina antes de chegar ao Inter. Qualquer oferta seria bem-vinda para tirar o jogador em definitivo do Beira-Rio. Mas como isso parece completamente fora da realidade, uma proposta de empréstimo para o atleta, que tem contrato até o final de 2019, também será analisada.
Foi o que ocorreu na última temporada. Anderson vestiu a camisa do Coritiba, com salários divididos entre os dois clubes. No clube paranaense, que acabou rebaixado, teve altos e baixos.
— Anderson começou bem e acabou mal sua passagem no Coritiba. No primeiro semestre, Anderson e os volantes Alan Santos e Matheus Galdezani encantaram os torcedores com o apelidado "trivote": um trio de marcadores que também sabe jogar. O auge foi a vitória por 3 a 0 sobre o Atlético-PR na Arena da Baixada. O time, que prometia para o Brasileirão, foi se esfacelando. Anderson foi um deles. Viveu entre lesões e oscilou em seu peso. Nos bastidores, a então diretoria se queixava de uma certa malemolência do meia, que chegou com cartaz — comenta o jornalista Napoleão de Almeida, setorista do Coritiba para Uol e Bandsports.
Neste período, até foi sondado por clubes da Inglaterra e da Turquia, mas nunca passou de especulação. Foram 23 jogos e três gols em 2017.
Se não conseguir emprestá-lo a outro clube, o Inter estuda rescindir o contrato do jogador. Pelo tempo de contrato, o clube pode fazer um acordo aproximadamente de R$ 6 milhões para encerrar seu vínculo. Haveria, porém, uma dívida a ser sanada, cujo valor não foi divulgado.
Caso esse imbróglio não seja resolvido, Anderson pode ser afastado do time principal e vá para Alvorada. Ele não fará treino inverso aos companheiros do Inter no CT Parque Gigante, como ocorreu no início do ano passado. O plano é que realize suas atividades com a base colorada, no CT Morada dos Quero-Queros. Se tiver condições, poderia até disputar o Brasileirão de Aspirantes.
O problema é que há precedentes jurídicos importantes que podem fazer a direção repensar essa decisão. Uma fonte especializada em Justiça do Trabalho, consultada por Zero Hora, lembra que o Inter foi condenado a pagar R$ 300 mil por afastar o zagueiro Dalton do grupo principal. O clube recorreu, alterou a decisão, mas ainda cabe recurso. Com Anderson, o valor seria maior.
Enquanto isso, o jogador ainda não concedeu entrevistas sobre o tema. Sua manifestação foi por meio de sua assessoria de imprensa:
"Estou de férias. Quando me apresentar, vamos conversar sem problema algum. Sempre estive à disposição do clube, assim como o clube sempre se mostrou aberto também. Vamos sentar e resolver da melhor forma para que fique bom para ambas as partes".