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Pega os mesmos times e os coloca no mesmo dia da semana, no mesmo horário, no mesmo estádio. Pega os mesmos 36 mil torcedores e espalha pelas arquibancadas. Se esse Inter x Londrina, o mesmo, com os mesmos jogadores de cada lado e no mesmo cenário, tivesse acontecido em 2016, teríamos perdido o jogo. No máximo, teríamos segurado mais um "empate heroico" diante de um adversário esquisito.
Mas o ano é outro. Após o Réveillon Colorado, muita coisa mudou. Em 2017, o gol de empate do adversário não liquida com as nossas energias. O momento anímico nunca está do lado deles. Levamos um gol e não abaixamos a cabeça, não desistimos do jogo, não paramos de atacar. Nem de brigar por cada centímetro de gramado.
Já passava dos 25 minutos do segundo tempo. O Londrina havia empatado o jogo naquele que foi o único ataque realmente perigoso deles. Na nossa intermediária de defesa, uma bola dominada por eles virou carrinho do Dourado, e virou bico do Dourado, e subia grama, e o Dourado bicava, e o Camilo veio, e era bico, e briga, daí chegou o Edenílson, e disputa, e pé de ferro, e mais grama voando, até que a bola era nossa de volta.
No ataque gerado dessa batalha campal pela pelota nasceu o escanteio que nos deu o segundo gol e o encaminhamento do triunfo.
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Era dessa vontade que a gente precisava no ano passado, quando o nosso mundinho começou a desabar. Disputar aquela bola como se fosse a última da vida, brigar por aquela posse com tamanha entrega, força e dedicação demonstra que esse time virou a chave de vez. Empatar não é mais aceitável. Perder é impensável. Aqueles 11 ali dentro de campo não se contentam com nada que não seja a vitória.
Estar nas arquibancadas do Gigante e identificar este time aguerrido e brigador é como recuperar de vez as nossas raízes, a nossa história peleadora e vencedora. O Inter briga, se entrega, disputa cada centímetro de campo, cada bola. Os gritos de vontade e raça das arquibancadas estão sendo representados por cada carrinho dado dentro da cancha. Os caras estão sendo, definitivamente, "mais guerreiros" a cada jogo. Isso é Inter!
Qualidade técnica nunca nos faltou. Mesmo no pior ano da nossa história, o que tínhamos de mais deficiente era essa apatia, essa falta de vontade, essa falta de entrega. Empatar era normal. Perder era só mais um jogo comum. E assim entramos na espiral de sofrimento que nos levou até essa divisão, onde finalmente voltamos a encontrar quem nós somos de verdade. Quem nós nunca deveríamos ter deixado de ser.
Time grande cai, sim, aprendemos. Mas um time brigador, peleador, guerreiro como esse Inter que está se construindo não tomará caminho que não o das vitórias. Não morre quem luta e quem peleia.
Lutar é a marca do Colorado.
Voltaremos mais fortes do que nunca, gigantes como sempre.
*ZHESPORTES