
O capitão Andrés D'Alessandro asssumiu a responsabilidade do grupo na má fase do Inter. Em uma longa entrevista coletiva no início da tarde desta quinta-feira (6), no Hotel Vila Ventura, o argentino disse que o time ainda procura ajustar questões técnicas e psicológicas para voltar a conseguir os bons resultados no Beira-Rio.
– Vamos melhorar quando o individual do atleta estiver melhor, quando o atleta não duvidar do que tem que fazer dentro de campo, que não perca a confiança durante o jogo. Mas é difícil, nem todos são iguais. Eu entendo o torcedor quando a gente erra um passe e ele vaia. Mas volto a repetir, isso não ajuda – analisou o camisa 10.
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Com uma campanha ruim em jogos em Porto Alegre na Série B, D'Alessandro ressaltou a necessidade de derrotar o Criciúma no próximo sábado – mesmo que a atuação não seja das melhores.
– Tem que focar no próximo jogo. Temos que ganhar. Depois, a gente vai conseguir arrumar, ganhando e tendo mais confiança. Jogando melhor, estamos mais perto de ganhar. Mas, no sábado, temos que ganhar – garantiu.
Confira outros trechos da entrevista:
Questão psicológica do time
Obviamente, faz parte do atleta. Acredito, pelos meus anos de carreira e pela minha experiência, que tudo passa pela cabeça do atleta. Nós estamos trabalhando de maneira muito boa, mas cada um tem que ter sua parte psicológica dentro. Temos um coaching que não é nosso, é do treinador. Vocês (jornalistas) notaram a presença dele há quatro dias, mas ele está há um mês e meio. Veio junto com o treinador. Ele faz parte do processo. Quando alguém precisar, ele está disposto a nos ajudar. Mas a parte individual é muito mais importante. O que a gente acredita, a força que tem cada um para reverter uma situação individual e coletiva. Temos uma situação que temos que priorizar, que é coletiva. Vamos melhorar quando o individual do atleta estiver melhor, quando o atleta não duvidar do que tem que fazer dentro de campo, que não perca a confiança durante o jogo. Mas é difícil, nem todos são iguais. Eu entendo o torcedor quando a gente erra um passe e ele vaia. Mas volto a repetir, isso não ajuda. Para mim, isso não faz diferença. Mas para o cara que tem 16, 17 anos, isso pode abalar. Na próxima, ele vai dar o passe para o lado. Não vai ter a mesma confiança. A gente está trabalhando. Eu, como líder, Danilo Fernandes, Danilo Silva, Uendel, Lomba, são os caras mais experientes, alguns já jogaram a Série B. Estamos tentando, como sempre. Não é porque agora a gente não conseguiu três ou quatro resultados, que obviamente são muito importantes na nossa campanha, que a gente vai fazer terra arrasada. Sempre trabalhamos na cabeça dos jogadores do grupo. Tento entrar na cabeça dos atletas e puxar para frente. Não vai ser um resultado negativo que vai fazer terra arrasada, que está tudo ruim. Não está tudo ruim. Obviamente, na minha opinião, se a gente tivesse conseguido essas vitórias em casa e perdido fora, não estariam fazendo todo o bolo que estão fazendo. Os pontos que a gente poderia ter a mais hoje, vamos ter que procurar fora. Tem fatores diferentes em casa e fora, temos que tentar buscar uma maneira para que esses fatores não atrapalhem e que a gente consiga reproduzir o que treina dentro de casa.
Realização de coaching
Tem um aspecto individual e um coletivo. Eu nunca precisei disso aí (coaching). Não porque eu saiba tudo ou sempre estive bem. Muitas vezes, fico abalado, passei por muitos momentos ruins na carreira. Não só no Inter, em outros lugares também. Só que cada um tem sua maneira de ser, seu caráter, sua personalidade. A minha é às vezes chegar em casa e chutar uma cadeira, ou falar com as pessoas. Ligo para a Argentina, falo com meu pai e minha mãe. Eles estão sempre perto, não só na boa, mas na ruim também. Fazia com 20 e poucos anos, faço agora também, que é procurar essa avaliação do meu pai. Eu continuo procurando, ele que me marcou o caminho. A gente não deixa de fazer. No individual, nunca procurei. Acho que é uma ferramenta cada vez mais útil, para o coletivo é importante. Fiz parte de muitas equipes que tiveram essa ferramenta e foi produtivo. No individual, prefiro ficar na minha, brigar comigo mesmo. Cada um tem sua maneira de sentir as coisas.
Avaliação do trabalho de Guto Ferreira
Não faço avaliação de treinadores. Não tenho como fazer, nem colocar pontuação. Eu posso fazer uma avaliação do grupo, que estamos devendo. Pontuação, vocês já colocaram pontuações, muitas vezes no time e no treinador. Colocam o dia todo. Esse é o trabalho de vocês. Falar em precisar de tempo é uma coisa que a gente foi muito criticado, mas sempre se precisa de tempo. Tivemos duas semanas para trabalhar, o trabalho do Guto vem sendo feito da maneira que ele gosta. Depois é com a gente, no dia do jogo é com a gente. Temos que reproduzir o que ele pede, o que ele gosta. Ele trabalha em cima do que a gente deixou de fazer no jogo anterior para melhorar. Temos muita coisa a melhorar. Estamos à procura disso. Acredito que a gente melhore, que vamos melhorar. Uma coisa que não se falou, mas tivemos muitos jogadores machucados, jogadores importantes. Temos um elenco forte, mas sempre fazem falta em momentos importantes jogadores de experiência, que tenham passado por situações assim para assumir e dividir a responsabilidade.
Período de treinamentos em Viamão
Vamos fazer uma avaliação do treinamento ou do spa? Porque estão falando que estamos na piscina. A gente veio aqui para treinar por uma questão de tranquilidade. Eu acho que é melhor treinar aqui. Não porque tem piscina de água quente, mas pela tranquilidade que a gente precisava depois do jogo que fizemos no sábado. Precisamos trabalhar tranquilos. Acontecem coisas no treino que só a gente pode solucionar. Tem que ter cobrança. Se vamos precisar de novo mais na frente, não sei, tomara que não. Para blindar um pouquinho o grupo, não ficar exposto no nosso CT. Nós imaginávamos que teria uma repercussão muito negativa do jogo com o Boa Esporte, ia ter manifestação do torcedor. Não fugindo da nossa responsabilidade, mas evitando algo que podemos evitar e trabalhar tranquilo para dar a vitória ao torcedor. A avaliação sempre é boa, vocês assistiram ao treinamento. No coletivo, tínhamos que melhorar uma situação e melhoramos. No treinamento, melhorou muito. Essas coisas que precisamos para de uma vez conseguir o caminho que a gente precisa para ter uma tranquilidade, conseguir uma, duas vitorias seguidas. Depois, temos os jogos fora. Fora, a gente está se dando muito bem. São fatores diferentes. Temos que dar um jeito para que isso não atrapalhe e consigamos resultados positivos dentro do Beira-Rio.
Começo difícil na Série B
Eu nunca imaginei que ia ser fácil. Hoje, no futebol, jogo jogado não tem mais. Não existe adversário fácil, está tudo muito parelho. Se alguém achava que o Inter ia ganhar com um pé nas costas por ser grande, não fomos nós. Todo adversário joga como se fosse final. E tem que ser para nós também. A gente pecou muito em alguns jogos em se desproteger, achar que estava ganho, como ABC e Juventude. Muitas vezes, temos que jogar como um time pequeno, entre aspas. Jogando na retranca, esperando ver o que o adversário vai fazer, deixar que ele venha para cima. Não está acontecendo no Beira-Rio e está sendo decisivo na hora da gente criar. O adversário joga na retranca. Não é justificativa, muitas vezes aconteceu, muitos anos atrás. Sou da época que o adversário vinha jogar na retranca e nós tocávamos três, quatro. O Beira-Rio fazia diferença. Temos que retomar isso aí. O torcedor está fazendo a sua parte, e nós não estamos dando o retorno dentro de campo. Não tem receita para ganhar os jogos. Mas se mudar uma pouquinho a atitude, não que falte. Mas se não se abalar no primeiro passe que a gente erra, ter um time forte, onde oito possam carregar três naquele momento mau. É muito difícil três ou quatro carregarem seis ou sete. Mas quando oito ou nove carregam dois ou três, vai se notar menos, nossa força vai prevalecer. Nós temos um time de qualidade, mas não basta falar, tem que fazer. Temos ferramentas para pressionar o adversário, colocar em uma pressão em que ele não consiga sair, em que nós consigamos controlar o jogo para que o adversário sinta, e que nós consigamos ganhar.
Se vai estar à disposição no sábado
Treinei a parte de força. Sempre faço reforço muscular, fiz isso terça antes do treino e fiz agora. Depois do treino de ontem, que foi puxado, nós achamos melhor fazer só o treino de força. Confirmado, ninguém está confirmado. Confirmado, só amanhã. O treinador que vai confirmar.
Se o Inter foi surpreendido pela força dos adversários
A gente nunca subestimou, seria falta de respeito da nossa parte achar que a gente ganharia só por ter a camisa do Inter ou porque de repente no papel temos um time melhor. Não existe time melhor no papel, tem que mostrar e fazer por merecer. Existe alguma situação que a gente tem que controlar. No decorrer do jogo, isso de repente atrapalha, de repente faz com que a gente não consiga fazer individualmente o que cada um sabe fazer. Pedimos para o torcedor... não vou pedir mais paciência, é difícil. Mas pedir apoio, que apoie nos 90 minutos. Vaia e cobrança vão ter, é impossível não ter. Existe em qualquer clube. Está acontecendo em clubes importantes da Série A, que contrataram e têm alguns dos melhores times do Brasil. Mas que, durante os 90 minutos, que possam apoiar e dar a força que a gente precisa. Vamos fazer de tudo para que essa fase não se prolongue mais. O objetivo é ter uma vitória já sábado, porque com vitória tu trabalhas mais tranquilo, consegues adquirir mais confiança individualmente, coletivamente, e adiante poder, nos dois jogos fora, conquistar alguma vitória. Mas tem que focar no próximo jogo. Temos que ganhar. Depois, a gente vai conseguir arrumar, ganhando e tendo mais confiança. A gente quer jogar melhor. Jogando melhor, estamos mais perto de ganhar. Mas, no sábado, temos que ganhar.
Comprometimento dos companheiros
Não, está todo mundo comprometido. Quero separar, porque houve várias situações de jogadores que saíram. Quem não estava comprometido, saiu. Quem não quis ficar para essa situação, saiu. Em diferentes situações. É complicado, não vou citar o nome. Ou situações que decidiram sair por decisão pessoal. Os que estão aqui estão comprometidos 100%. Estão querendo reverter uma situação. Se eu olhar a tabela agora, claro que o torcedor achava que a gente estaria no G-4, em primeiro lugar com folga. Eu acho que o torcedor pensava isso. A gente não achava que seria tão fácil assim como o torcedor pensava. A situação que a gente pode se cobrar é não estar dentro do G-4, não ter quatro ou cinco pontos a mais. Mas a gente não mereceu esses pontos, a gente é consciente disso. Mas estamos a dois pontos do terceiro, cinco pontos do líder. Está faltando algo para entrar no G-4 e não sair mais. Mas está todo mundo comprometido e querendo reverter uma situação dentro de casa. Fora, estamos fazendo jogos bons, jogos inteligentes, jogos em que a gente ganhou e mereceu. Mas dentro de casa, não. E vamos procurar isso. Tem que ser agora. Não adianta jogar bem e não ganhar. Temos que ganhar sábado.
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