
No início da noite, meu celular tocou aqui na redação. Era Vitorio Piffero, em tom cordato e disposto a explicar alguns dos números apresentados pela manhã, em entrevista coletiva, pelo seu sucessor, Marcelo Medeiros. O maior desconforto do ex-presidente estava relacionado ao déficit de R$ 58 milhões, imputado no noticiário como uma herança de sua gestão. Alertou que isso é uma previsão e que Medeiros foge da normalidade ao apresentar um orçamento em que projeta números negativos. O usual, segundo ele, é apontar futuras vendas de jogadores para empatar as contas. "Não pode passar um orçamento pelo Conselho Fiscal e pelo Conselho Deliberativo prevendo que dará déficit. Tem de sugerir", disse.
Piffero diz que o déficit de sua gestão é de R$ 11 milhões, já incluídos nesses números os R$ 15 milhões de depreciação do Beira-Rio. O ex-presidente alega que assumiu o clube com R$ 40 milhões de receitas adiantadas e com déficit de R$ 50 milhões em cada ano da gestão de Giovanni Luigi. O déficit de R$ 58 milhões, diz Piffero, será construído com dívidas contraídas na gestão anterior à sua, da qual Medeiros era vice-presidente. "Os R$ 58 milhões não são da minha gestão, são da dele (Medeiros). A minha deu R$ 11 milhões".
Questionei Piffero sobre a dívida de R$ 25 milhões, referentes direitos de imagem, férias e pagamentos de fornecedores. Ele não negou a dívida. Também não confirmou ser esse o valor. Mas se defendeu dizendo que também herdou e pagou dívidas do antecessor. Citou como exemplo os débitos das compras de Luque, Paulão e atrasados de D'Alessandro. "Paguei algumas, outras contas não deu para pagar".
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Para ilustrar, Piffero citou o exemplo do empresário André Cury. Identificou-o na foto em que Medeiros e Roberto Melo celebravam a renovação de Alan Ruschel. Salientou que ambos nem haviam assumido e já tinham a publicação feita no site oficial do clube. Segundo o ex-presidente, "há uma dívida entre R$ 6 milhões e R$ 7 milhões de comissões originadas em 2013 e 2014". Outro exemplo citado foi o de Forlán. "Eles dizem que negociaram para pagar R$ 8 milhões, mas esse jogador veio na gestão deles (Medeiros), foi uma dívida feita por eles."
Antes de desligar, Piffero salientou mais uma vez que é normal nos clubes uma dívida passar de uma gestão para outra. E defendeu-se, dizendo que "recebeu o clube com uma barbaridade de dívidas" e teve um ebitda de R% 35 milhões. Ebitda representa a geração operacional do caixa, sem levar em conta efeitos financeiros e impostos.