A polarização que tomou conta dos nossos corações nesses tempos de pós-verdade cria monstros de quando em quando. Depois do Juvenal, transformamos uma arbitragem ruim em uma discussão de Grêmio contra Inter. "O Inter é favorecido" versus "Que nada! O cara nos roubou!".
Qualquer discussão desse nível soa como estupidez, mas tudo bem. Nós, torcedores, somos pagos para sermos estúpidos. Para defender as nossas cores acima de qualquer razão ou reflexão menos acalorada. A coisa fica feia, mesmo, quando os dirigentes resolvem entrar nesse mundinho insano das críticas a juiz de futebol.
Juiz de futebol não favorece Inter ou Grêmio, A ou B. Juiz de futebol falha. A arbitragem deste esporte, como um todo, é medíocre. O apito é ruim na primeira fase do Campeonato Gaúcho de futebol e é ruim também no mata-mata da Champions League. Erra no pênalti para o Juventude de Caxias do Sul e erra no pênalti para o Barcelona da Espanha.
Leia mais do Torcedor Colorado ZH:
Zé Victor Castiel: "Sou contra a um time reserva nesta quarta-feira"
Jô diz que passagem pelo Inter foi "pior momento" da sua vida
Novelletto sobre punição a Diego Real: "Chamei a responsabilidade"
Em defesa dos árbitros, a sensação que fica é a de que o sistema inteiro precisa ser revisto. Nem tanto na preparação e capacitação de juízes e auxiliares, mais na regra do esporte mesmo. Esse esquema de um apito mais duas bandeirinhas é assim há décadas. Quanto o jogo mudou de 1950 para cá? E quanto de estrutura de arbitragem evoluiu?
Em um esporte tão conservador no que diz respeito à sensíveis mudanças em suas regras e jeitos de jogar, o que ficou de mais defasado é o coitado do cara de preto que fica correndo de um lado para o outro do campo durante 90 minutos.
Dois juízes em campo (para diminuir a distância a ser percorrida pelos árbitros e os possibilitando estar mais próximos dos lances), auxílio tecnológico (ou, no mínimo, um sistema de "desafio" como vôlei e tênis já utilizam tão bem)... As ideias são tantas, as medidas práticas tão poucas.
Até que algo de estrutural seja revisto neste quesito, o que fica é isso: uma arbitragem que erra tanto, em tantos jogos, sempre. Um esporte que faz do equívoco (e, muitas vezes, da injustiça) algo corriqueiro, parte do jogo. Nem adianta punir o profissional. Não é favorecimento a A ou B. É mediocridade. E, contra ela, por favor, sejamos menos estúpidos.
*ZHESPORTES