Danilo Fernandes quis jogar no Inter. Três técnicos tentaram convencê-lo a permanecer no Sport, argumentando sobre seu status de ídolo da torcida, segurança no desempenho e boa condição de trabalho.
Dirigentes apelaram para o bolso, oferecendo um salário até maior do que o que receberia em Porto Alegre. "Me diz quanto vais ganhar lá, que te pago mais." Danilo agradeceu, avisou que já tinha dado a palavra aos gaúchos e declinou. Danilo Fernandes quis, mesmo, jogar no Inter.
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No domingo, pela segunda rodada do Brasileirão, o goleiro estreará pelo time que escolheu defender em um estádio marcado na história colorada. Muitos apontam para o Morumbi a maior atuação do clube nos últimos 30 anos. Contra o São Paulo, na primeira partida da final da Libertadores de 2006, o time de Abel fez 2 a 1 nos comandados de Muricy Ramalho e encaminhou o título da competição. A poucos quilômetros dali, no Pacaembu, também na capital paulista, Danilo Fernandes fez a maior atuação de sua carreira, em 2015. Contra o Palmeiras, fechou o gol e garantiu ao Sport a primeira vitória fora de casa no Brasileirão do ano passado.
E praticou uma das grandes defesas do campeonato, que lhe rendeu nota 8 na partida pela premiação Bola de Prata, da Revista Placar. Foi mais ou menos assim: Dudu recebeu da entrada da área, ao lado da meia-lua pela direita e chutou cruzado. A bola desviou no meio do caminho e traiu o goleiro, que partia para a direita. Em um giro rápido, esticou-se para o lado esquerdo e espalmou. O problema é que o centroavante Cristaldo apanhou o rebote, praticamente em cima da linha da área pequena. Danilo ergueu-se rapidamente, estufou o peito, abriu os braços inclinou o pescoço e bloqueou o gol com a mão esquerda.
– Fui brincar no vestiário sobre a defesa e ele me disse: "nem vi, foi tão rápido que vou ter de assistir ao replay para entender o que aconteceu" – conta Thiago Gomes, então auxiliar-técnico de Paulo Roberto Falcão no Sport.
Essas defesas sequenciais parecem ser uma especialidade de Danilo. Para quem não viu este jogo contra o Palmeiras, lembremos de um lance semelhante contra justamente contra o Inter. Na Ilha do Retiro, freou qualquer tentativa de reação colorada ao parar uma cabeçada de Rafael Moura e o rebote de Nilmar. Contra o Grêmio, na Arena, mostrou outra virtude, que pretende ser bastante explorada no Beira-Rio. Em um lançamento para Luan, saiu mais de 10 metros da área para tirar, com o pé, a bola do atacante.
O arrojo na saída de gol é uma semelhança com Alisson, titular e capitão até domingo passado. E a ideia da defesa é aproveitar essa habilidade para manter o aspecto defensivo.
– Não mudará nada, o Argel pediu ao Danilo fazer a mesma coisa. Ele falou que é para sair jogando com os pés, claro, dentro do limite da segurança – comentou o zagueiro Ernando.
Thiago Gomes dá respaldo:
– Danilo tem habilidade com os pés. Por isso, forçávamos a bola atrás para o goleiro sair jogando.
Considerado "um goleiraço" por Falcão, Danilo está na melhor fase da carreira aos 28 anos. Com 1m89cm, mostrou força para se recuperar de um início complicado na carreira. Em 2011, recebeu de Tite a primeira chance de começar um jogo como profissional no Corinthians, clube no qual chegou para jogar futsal em 1996. Na época, a oportunidade significava a redenção para o goleiro que havia passado por quatro cirurgias no punho direito e uma no esquerdo.
– Quando cheguei, em 2008, fiquei entusiasmado com sua atuação em um treino do sub-20 e pedi ao Mano Menezes para integrá-lo ao profissional. Na época, o Danilo estava por encerrar o contrato e virar auxiliar na preparação dos juniores. Ainda bem que não parou – comemora o preparador de goleiros do Corinthians, Mauri Lima, um incentivador da mudança de ares que guinou a história do novo colorado.
Depois de amargar a reserva de Cássio por quatro anos, aceitou ir para o Sport e lá tomou o lugar de outro ídolo, Magrão, herói da conquista da Copa do Brasil de 2008. Abraçou a oferta e não saiu mais do time.
– A torcida gritava "Magrão! Magrão!" quando entrávamos em campo. O Danilo não sentiu nada e ganhou espaço. Por isso, tenho certeza, é o cara ideal para substituir o Alisson – analisa Thiago Gomes.
No Inter, está à vontade. Segundo o preparador de goleiros Daniel Pavan, a semana de trabalho no grupo foi "produtiva" e está passando bem pela fase de adaptação à nova metodologia de treinamentos.
O próprio Danilo já enfatizou:
– É um prazer vestir essa camisa. Será a realização de um sonho vestir a camisa do maior clube do futebol brasileiro e uma das maiores do mundo.
Por isso tudo, a expectativa para o domingo só aumenta. Afinal, Danilo quis jogar no Inter.
Clemer
Desde a época da base, sempre defendi que o Alisson tem um nível de excelência. Comprovou no profissional e chegou à Seleção Brasileira. Quando você perde um jogador dessa estatura, a reposição é difícil. Mas acredito que o Inter repõe bem na posição. O Danilo vem em projeção na carreira e chega credenciado pelas atuações no Brasileiro do ano passado. Com a sequência, a possível titularidade e a confiança que vai adquirindo, ele também tem condições de buscar sua afirmação no clube.
Taffarel
O Danilo fez um bom trabalho no Sport, está tendo a chance de jogar em um grande clube, como o Inter, com projeção maior, mas também mais peso. Substituir o Alisson é outra coisa importante. Mas ele é qualificado para isso, tem potencial. Vamos torcer pelo sucesso e que dê continuidade aos bons goleiros do clube, que teve uma vez aquele goleiro loirinho, como se chamava mesmo?
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