A saída de D'Alessandro causou outro problema ao Inter, esse, de solução um pouco mais demorada, ao que tudo indica. Sem o 10, a equipe perdeu o seu cobrador oficial de pênaltis. Dos 14 pênaltis cobrados pela equipe nessa temporada, apenas sete foram convertidos. Um aproveitamento de 50%, que já deixou a equipe em apuros em 2016.
No sábado, Eduardo Sasha teve um pênalti marcado pelo árbitro Daniel Bins. O próprio camisa 9 do Inter cobrou, mal, no meio do gol, e o goleiro Fábio defendeu com os pés. A partida, a primeira da semifinal do Gauchão, terminou em 0 a 0 e, agora, o Inter decidirá a vaga no Passo D'Areia. Em caso de novo 0 a 0, a decisão da vaga à final ocorrerá em cobranças de penalidades.
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Curiosamente, o Inter já passou por duas decisões nos pênaltis nesta temporada. A primeira, no Passo D'Areia, que rendeu ao Inter o inédito título da Recopa Gaúcha, com D'Alessandro ainda no time (mas já no banco de reservas, sem participar das cobrança de penalidades), com vitória por 3 a 2 – após empate em 0 a 0, no tempo normal. A segunda, custou a eliminação na Primeira Liga, na derrota por 3 a 2, nos pênaltis, para o Fluminense, em Brasília.
– Sasha é o jogador que bate. A responsabilidade é minha. Treinam Sasha, Vitinho, Paulão... A responsabilidade por ele ter errado é minha. E é com esses jogadores que vamos trabalhar e com quem vamos jogar no sábado lá (no Passo D'Areia). Essa é só mais uma situação adversa – comentou o técnico Argel Fucks, minimizando o pênalti desperdiçado por Sasha.
Ainda que os treinos de pênaltis realizados por Argel Fucks ocorram muitas vezes nos dias de trabalhos com portões fechados, Sasha se tornou o principal cobrador da equipe, seguido por Vitinho, Anderson, Paulão e Alex. Das sete cobranças convertidas pelo Inter neste ano, duas foram de Sasha e outras duas, de Marquinhos – cada um deles, porém, também errou uma penalidade. Paulão, Vitinho e D'Alessandro marcaram os demais gols colorados em pênaltis. Já os pênaltis desperdiçados englobam, além de Sasha e Marquinhos, o goleiro Alisson, Alex, Jackson, Vitinho e Anderson.
– Quando vai para o mata-mata, sempre treinamos pênaltis. Todo mundo sabe que pênalti bem batido é o que entra. Sabemos que o 0 a 0 levará para os pênaltis, e é nossa obrigação avançar – afirmou Anderson.
– Pênalti é concentração e personalidade. É preciso confiança e muito treino. Se não treina, não bate –disse Nei, lateral-direito campeão da Libertadores com o Inter de 2010. – Treine como se fosse o jogo, pois a pressão é toda sobre o cobrador. O Fred, por exemplo, vai olhando para o goleiro na hora de bater. Eu sempre preferi escolher antes o canto onde chutar. Por conhecer o goleiro ou por ser o seu canto em que chuto melhor – acrescentou o atual lateral do Paraná Clube.
Campeão da Libertadores e do Mundial com o Inter, e um dos cobradores daquele time de Abel Braga, o ex-atacante Iarley destaca que o sucesso nas cobranças de pênaltis está diretamente relacionado à repetição.
– Pênalti é treino. Os goleiros se tornaram especialistas em penalidades, estudam bem o batedor. É como chute a gol: tem que treinar muito. Se treina muitas vezes no dia da recreação, antes do jogo. Por mais que um jogador bata bem, e tem que bater bem, é preciso treinamento e estudar bem os goleiros – afirmou Iarley. – Quem chuta, não estuda o goleiro. Os jogadores quase nunca dão bola para isso. Essa história de que pênalti é loteria já era. Quem não estiver 100% preparado, vai ter problemas – concluiu o camisa 10 do Inter em Yokohama.
*ZHESPORTES