A chegada de Cuellar a Porto Alegre não irá frear a busca do Grêmio por contratações. E, segundo o vice-presidente de futebol Alexandre Rossato, a prioridade será reforçar o sistema defensivo.
Um dos nomes contatados pelo Tricolor ainda no final do ano passado foi o lateral-esquerdo Marlon, mas a pedida do Cruzeiro inviabilizou o negócio. Para a zaga, situação semelhante impediu a contratação do equatoriano Arboleda junto ao São Paulo.
Recentemente, outro zagueiro foi colocado na pauta gremista: o mexicano Carlos Salcedo, do Juárez. Entretanto, problemas extracampo do jogador inibiram qualquer avanço desta tratativa.
A curiosidade é que os dois defensores acima citados não são nascidos no Brasil. Ou seja, mesmo que o Grêmio já tenha extrapolado o limite de nove estrangeiros com a contratação de Cuellar, a diretoria não fecha as portas para a chegada de novos "gringos".
Sobre esses e outros assuntos relacionados ao trabalho para a temporada de 2025, o vice de futebol Alexandre Rossato concedeu entrevista nesta semana para Zero Hora e Rádio Gaúcha. Confira abaixo.
Entrevista com Alexandre Rossato
ZH e Rádio Gaúcha — Como é a experiência agora como vice de futebol?
Alexandre Rossato — A experiência está muito boa. O trabalho que está árduo. É intenso. Tudo é muito detalhe. A gente tem que trabalhar muito, assim, para ser assertivo, né? E o mercado também está bem inflacionado. A gente precisa ser assertivo nisso. O Grêmio tem alguns recursos que são limitados. E nos obriga a ser muito criativo também nessa situação.
A defesa é o principal foco de contratações?
O Grêmio sempre está atento ao mercado. Às vezes, a gente não está procurando um atleta, mas aparece uma oportunidade. Porém, entendemos que precisamos de alguns reforços e seriam mais nesse setor defensivo para corrigir alguns erros que a gente cometeu em 2024 e ter um 2025 muito melhor.
Entendemos que precisamos de alguns reforços e seriam mais nesse setor defensivo.
Os próximos reforços estão perto de serem anunciados?
Pelo Grêmio, a gente sempre quer ter esse resultado final, que é a contratação, o quanto antes. Toda negociação é muito delicada. Não tem como mensurar o prazo, até porque a gente fica monitorando, tem todo um estafe para você concluir uma negociação, desde monitoramento de atleta, de análise de desempenho. É muito focado em números. Acredito que lá na primeira entrevista eu já frisei essa questão da tecnicidade, do legado que tem aqui dentro do Grêmio. Quanto antes chegarem os reforços, melhor.
Como vocês chegaram aos nomes do João Lucas e do Cuellar?
A gente chega no nome do atleta através desse mapeamento que se tem aqui internamente. O Cuellar, acho que dispensa apresentação pelo perfil que ele tem e pela história que ele tem. O João Lucas é um menino promissor. É um jovem com capacidade e também se entende que o segredo do sucesso seja essa mescla entre experiência e juventude para poder gerar um futebol competitivo e intenso.
Você ocupava um papel mais de bastidor e agora assume essa função tão importante na estrutura do clube. Como é essa mudança?
O maior desafio é essa transição de bastidor para vitrine, diria assim. Em relação à posição do clube, eu acho que é uma sequência lógica. A gente vem e a ideia é ajudar o clube aqui. Entendo que consegui auxiliar na parte da gestão, e hoje me proponho a ajudar no futebol. O futebol, para mim, é a minha vida, mas eu sou muito obcecado com o resultado. Então, essas são as duas coisas que me movem, que é a paixão pelo futebol e a obsessão pelo resultado.
O futebol, para mim, é a minha vida, mas eu sou muito obcecado com o resultado.
Como é avaliação do impacto com a mudança de comissão técnica?
Eu não sei qual era efetivamente a rotina diária da comissão técnica anterior. Até porque a gente não convivia aqui, o meu convívio era na Arena, mas eu tenho que parabenizar e incentivar para que isso ocorra. O elenco chega aqui às 9h da manhã e sai 20h30min, todos os dias. Depois vem para o treino, começa o treino às 17h, desde a parte física e tática, e encerra às 20h30min. Então, estou gostando. Acredito que seja importante.
Quais são as ideias que vão nortear esse início de 2025 do Grêmio? Que tipo de time que a gente vai ver em campo?
A torcida do Grêmio toda vai ver um futebol muito impositivo, muito seguro, com saída de bola, com trabalho desde a zaga até o ataque. Um trabalho de intensidade, um trabalho muito forte. O Grêmio será bastante competitivo em 2025. Cada ponto disputado, o Grêmio vai vender muito caro.
O Grêmio será bastante competitivo em 2025. Cada ponto disputado, o Grêmio vai vender muito caro.
Vocês também apostam na recuperação dos jogadores que não terminaram 2024 tão bem?
Esse grupo tem muito mais para entregar do que fez no segundo semestre de 2024. E vejo hoje um grupo motivado, trabalhando forte, querendo. Acredito que a mudança da comissão técnica ajude um pouco nessa motivação. De cada um ter que buscar o seu espaço. Eu não vejo esse time não rendendo em 2025.
E as suas primeiras impressões sobre o trabalho de Gustavo Quinteros?
Para mim também é uma experiência nova, conviver também com o treinador. Conviver com o Gustavo tem sido muito bom. É uma pessoa muito dedicada. Toda a comissão técnica chega e abraça o trabalho do início ao fim, desde o início até o final. Não param nunca de trabalhar. No descanso a gente ainda fala sobre algumas pesquisas de mercado e análise de atletas.
Conviver com o Gustavo tem sido muito bom. É uma pessoa muito dedicada.
Quando é que surgiu o nome do Quinteros e o que levou vocês a fazer essa aposta no técnico?
Eu acho que tem a oportunidade de eu esclarecer algo que não é verdadeiro, que se criou uma narrativa, até porque o clube jamais oficialmente falou que estava tentando a contratação do Pedro Caixinha. O que que acontece? Nós tentamos, inicialmente a gente tentou o Gustavo Quinteros e ele diz, olha, eu tô em negociação com outro clube, depois a gente ficou sabendo qual era, e prefiro que exaurir essa negociação para depois a gente iniciar uma conversa.
A gente entendeu que ia finalizar lá aquele processo com ele e abriu um processo com outro treinador. E em meio a isso tudo, eu encerrei lá, não tenho a possibilidade de evoluir. Aí a gente retomou a negociação e com muita felicidade a gente conseguiu concluir. O nome do Gustavo Quinteros nasce quando ele chama a atenção por fazer alguns belos trabalhos e ganhar uma liga bem difícil que é a Argentina, com um time de padrão médio pra grande, não figura entre os gigantes da Argentina. Eu acho que, com todo o respeito e admiração que eu tenho pelo Vélez, Então... E aí chama a atenção, né?
O nome do Gustavo Quinteros nasce quando ele chama a atenção por fazer alguns belos trabalhos e ganhar uma liga bem difícil que é a Argentina.
Como é que vocês têm auxiliado Quinteros e sua comissão técnica nessa adaptação ao Brasil?
A equipe, quando chega aqui, já sabia o bairro que queria morar, para você ter uma ideia. Chegaram no domingo, na segunda a gente foi conversar. Acho que Porto Alegre não fica tão longe de Buenos Aires na questão de qualidade de vida. Quinteros é um cara que gosta de vinho e churrasco, se adapta fácil ao Rio Grande do Sul.
Que feedback ele deu para vocês da estrutura que ele encontrou aqui do CT?
Ele elogiou muito a estrutura. Na segunda-feira, quando a gente fez uma visita na chegada dele, ficou bastante impactado positivamente em relação à estrutura do CT do Grêmio, que eu particularmente acho muito boa. Conheço outros CTs no Brasil e acho que o Grêmio está entre os cinco melhores. E para ele e a comissão também não foi diferente o impacto positivo em relação à estrutura
Conheço outros CTs no Brasil e acho que o Grêmio está entre os cinco melhores.
O Inter terminou melhor o ano de 2024, com o Grêmio brigando contra o rebaixamento no Brasileirão. Como é que vocês enxergam essa disputa agora no Gauchão?
O Gauchão tem se tornado mais difícil a cada ano. Acho que a gente tem outras forças aí no Rio Grande do Sul brigando por esse título. Não é um campeonato fácil. O Grêmio valoriza muito, principalmente em função da possibilidade de ser o octacampeão. Mas acho que o Inter chega melhor. Pelo recall de 2024, o Inter eu vejo como um favorito. Vejo o Inter favorito para o título de 2025, mas o Grêmio vai vender caro isso. Vai brigar pelo Gauchão, vai brigar pelo Brasileirão, vai brigar pela Sul-Americana e pela Copa do Brasil. Mas em especial ao Gauchão.
Vejo o Inter favorito para o título de 2025, mas o Grêmio vai vender caro isso.
O Grêmio pretende focar seus recursos nesta janela ou esperar outras oportunidades?
O Grêmio está trabalhando para deixar um time forte desde o seu início. Nem toda negociação é muito fácil, quem compra antes paga mais. A gente sabe que tem atleta que espera fechamento de janela de outros países e assim a gente vai trabalhando. Aconteceu isso lá com o Diego Costa no ano passado, ele esperou fechar a janela europeia No dia seguinte, o Grêmio foi lá e contratou, porque ele não abria espaço para essa negociação, tinha a pretensão de jogar na Europa. E isso acontece, o mercado está aquecido, está inflacionado, tem muito time com muito dinheiro e o Grêmio tem recursos limitados. A gente precisa ser muito assertivo em relação a isso.
A situação de buscar jogadores de outras nacionalidades menos tradicionais no Brasil segue em alta no Grêmio. Como está a negociação por Eliasson?
Falar especificamente de um atleta fica bastante complicado, tá? Até porque se há ou não uma negociação, isso pode atrapalhar ou até causar um desconforto até para o atleta. Então acho que a gente tem que preservar isso, mas o Grêmio está olhando para o cenário mundial. O Grêmio não está olhando só para o Brasil, nem só para a América Latina.
Como é que o Grêmio vai lidar com a questão do limite de estrangeiros para 2025?
O Grêmio tá com limite de nove estrangeiros e se vierem mais estrangeiros, Gustavo Quinteros diz que não é problema, que ele administra isso. Até porque são quatro competições que o Grêmio tem pra disputar no ano de 2025, e ele quer formar um grupo, ele não quer formar um time.
Como é que vocês fomentam essa questão no elenco de ter essa competição com estrangeiros?
Casualmente esse assunto foi falado com alguns atletas. E o próprio grupo de atletas é muito receptivo a chegada de novos reforços. Eles entendem que quem chega, chega para ajudar, até porque o Grêmio teve 11 dispensas ou 12 saídas. Então, naturalmente tem a chegada de novos atletas até para suprir o número mínimo de composição do grupo.
E vocês enxergam uma necessidade de ter um pouco de pressa para, na largada do Gauchão, já contar com esse grupo mais fortalecido?
Todo negócio que é feito de forma apressada, ele vai ter seu problema, ou ele vai ser mal feito. Seja na parte contratual, ou seja até na escolha do profissional. Eu acho que o Grêmio está demonstrando que está fazendo as coisas com processo, com serenidade, com cautela e com responsabilidade. A saúde financeira e esportiva do clube ela é fundamental para que o Grêmio tenha resultado. Então assim, o Grêmio não vai cometer nenhum tipo de imprudência. A velocidade é a velocidade que a gente entender que é necessária para a negociação.
O Grêmio está demonstrando que está fazendo as coisas com processo, com serenidade, com cautela e com responsabilidade.
É possível que essa janela, o Cuellar seja o maior investimento que o Grêmio vai fazer?
Eu não vou nem falar em número de investimento, até porque a negociação com o Cuellar foi muito simples, pelo fato do atleta querer estar no Grêmio. Isso é muito importante pra nós. A gente inicia assim, quando a gente detecta um atleta pela análise de desempenho dele e aí combina com ele querer jogar no Grêmio, a gente passa a investir muito forte nessa situação. O Grêmio está no mercado, o Grêmio pensa grande, o Grêmio quer reforços, mas o Grêmio tem as suas limitações financeiras. Então a gente vai ter que ser bastante criativo para atender em parte a questão de tamanho, mas em plenitude a questão de desempenho.
O Grêmio está no mercado, o Grêmio pensa grande, o Grêmio quer reforços, mas o Grêmio tem as suas limitações financeiras.
O que é o 2025 do Grêmio que vocês têm como objetivo, como meta?
O objetivo do Grêmio para 2025 é ser o tamanho do Grêmio. O Grêmio vai brigar pela ponta e vai brigar por título, vai brigar por vitória em todas as quatro competições do ano. O Grêmio não aceita não estar figurando ou ser um candidato a ter resultados muito bons em 2025.
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