Preparador físico do Grêmio ao lado do técnico Vanderlei Luxembugo, Antônio Mello, atualmente sem clube, tem poucas lembranças do confronto com o Huachipato, no Chile, naquele longínquo 18 de abril de 2013. Contudo, uma das situações que recorda até hoje é a briga, ao final da partida, envolvendo o treinador brasileiro.
Por coincidência, o Grêmio entrou em campo em Talcahuano naquela vez em condições semelhantes às que terá nesta terça-feira (4), às 21h, diante do mesmo adversário, no Estádio CAP. Na última rodada da fase de grupos, o clube gaúcho precisava ao menos empatar com o Huachipato para garantir a classificação às oitavas de final — o Tricolor tinha a mesma pontuação que os chilenos e vantagem no saldo de gols. E foi o que aconteceu: 1 a 1, com gol de empate sofrido aos 43 do segundo tempo e final dramático. A eliminação do Grêmio veio nas oitavas de final, diante do Santa Fé.
Em 2024, o time de Renato Portaluppi também precisa ao menos empatar para se manter vivo na competição. A diferença, agora, é que ainda há mais uma partida pela etapa classificatória, contra o Estudiantes, no dia 8. Em caso de vitória no Chile, a classificação está garantida.
Antônio Mello lembra que o ambiente da partida de 2013 era tenso. Segundo o preparador físico, a confusão, que teve Luxemburgo como foco, foi consequência das provocações do treinador adversário, Jorge Pellicer, ao longo do jogo . Ao tentar fugir para o vestiário, o técnico gremista caiu, foi agredido por atletas do Huachipato e precisou ser protegido pela polícia.
— O treinador estava provocando o Vanderlei. Do nada, ele saiu atrás do Vanderlei. O Vanderlei, quando virou para reagir, escorregou e caiu. Aí entrou o Emerson (ex-jogador e auxiliar técnico na época) na briga, o Rogerião (Rogério Godoy), que era preparador de goleiros — recorda Mello, que observou a correria da boca do túnel do Estádio CAP.
Impacto da tragédia e confiança em Renato
"Sustentar uma equipe forte o ano todo é impossível". É assim que Antônio Mello fala sobre o desafio dos preparadores físicos em condições normais. Para os clubes gaúchos, as dificuldades serão ainda maiores por conta da pausa imposta pela tragédia climática no Rio Grande do Sul. Se feita a comparação com o restante das equipes, o desequilíbrio técnico é um fato inegável, conforme o profissional de 76 anos.
— Os times aqui do Rio e de São Paulo, por exemplo, continuaram treinando normalmente. Não vai acontecer nada. E eu sei a logística que foi para o Renato e para o Coudet colocarem os times em condições de treinar. Tenho amizade com o Paulo Paixão, que é meu irmão e está no Juventude. Eu sei o quanto ele tem que sofrer para colocar toda a experiência dele e manter a equipe fisicamente firme — comenta.
Mello conta que tem feito doações para os atingidos pela enchente no Estado por meio da Seleção do Bem, projeto conduzido pelo ex-jogador Dunga. Além de torcer pela volta por cima de Grêmio, Inter e Juventude, o preparador dá um voto de confiança especial a Renato Portaluppi, com quem trabalhou no Fluminense campeão carioca de 1995.
— Posso falar do Renato, que foi meu jogador no famoso gol de barriga, pelo Fluminense. Ele tem domínio do grupo, pelo ser humano que é. Tenho certeza que ele não vai deixar essa pipa cair. O trabalho dele é de altíssimo nível — acrescenta.
O fator cultural, conforme Mello, também pode pesar na hora da recuperação. Na opinião dele, a característica gaúcha, de montar times aguerridos, tem condições de amenizar a defasagem física.
— Temos que levar em consideração as diferenças entre as regiões do Brasil. Embora Grêmio e Inter tenham contratado muitos jogadores de fora, a história de Porto Alegre é de condicionamento intenso, jogo pegado, amarrado. Talvez isso amenize os problemas. Tem que ter uma mão boa de treino. Você vai entrar numa sequência de jogos muito forte — opina.
A Rádio Gaúcha transmite a partida decisiva entre Grêmio e Huachipato, pela Libertadores, na noite desta terça-feira, com transmissão da Jornada Esportiva a partir das 20h15min. A ESPN e o Star + anunciam a exibição do duelo.