As duas próximas partidas do Grêmio no Brasileirão são tratadas como decisivas para o futuro da equipe. Não que as seguintes tenham menos importância, mas é que, por serem dois jogos em casa, com retorno da torcida e diante de adversários com menor imposição, podem significar, enfim, a saída da zona de rebaixamento, uma situação que perdura desde o início do campeonato. Neste domingo (3), o adversário é o Sport. Na quarta-feira, o Cuiabá (6). Em comum: serão dois jogos em que o time de Felipão precisará propor jogo, atacar.
E aí está o maior desafio. A última vitória tricolor, contra o Flamengo, foi em um cenário exatamente oposto a esse. O Grêmio enfrentou um adversário que o atacou e caiu na armadilha de permitir espaços. Em compensação, no domingo passado, diante do Athletico-PR (que também teve a iniciativa ofensiva), a equipe levou um gol e não soube como reagir. Atirou-se à frente e buscou quatro vezes a bola no fundo da própria rede.
O desafio é encontrar o equilíbrio entre buscar o gol e arrancar três pontos enquanto não sofre tanto lá atrás. Mas o fato é que o Grêmio precisará ser mais ofensivo. De que forma?
Há, pelo menos, três mais evidentes. A lógica seria sacar um dos volantes e colocar um jogador de vocação mais ofensiva, como Douglas Costa ou Jhonata Robert. Em números, usar o 4-2-3-1, trocando Lucas Silva por um dos dois. A composição desse trio mais ofensivo, que ficaria atrás de Borja, teria Ferreira pela esquerda com o meio e a direita sendo compostos por dois desses três nomes: Douglas Costa, Jhonata Robert ou Alisson (ou até Jean Pyerre, vá lá).
Outra possibilidade é de adotar o 4-4-2 mais simples. Para isso, usaria Ferreira na segunda linha pela esquerda e Douglas Costa (ou Alisson) pela direita, soltando Jhonata Robert ou até mesmo Campaz para formar dupla de ataque com Borja. Se optar pela jogada por cima, ainda haveria Diego Souza. Essa formação, porém, dá mais tarefas defensivas a Douglas Costa, que ainda não está 100% fisicamente. Felipão não tem tanta convicção nesse modelo:
— Quando colocamos dois volantes com outro meia, fizemos dois gols, mas tomamos mais dois (contra o Athletico-PR). Vamos equilibrando, vendo o que dá para fazer, não vamos pensar de acordo com o que pensam A ou B. Eu vejo a semana toda e acho que tem que escalar aquele time.
Douglas Costa, na última entrevista coletiva, deixou claro que pode atuar onde Felipão quiser, apesar da preferência que tem pela extrema. Ele reconhece, entretanto, que, por não estar ainda no mesmo nível dos demais, uma tarefa mais centralizada facilitaria, uma vez que não teria tantas atribuições defensivas.
— Não quero ser um incomodo tático. Por isso, prefiro não escolher posição. Treino pelas pontas até para me condicionar, mas se o professor Felipão precisar de mim pelo meio, vou me sentir bem também. Quero ajudar com gols e assistências e é um bom momento para elas voltarem a acontecer. Mas se precisar dar um carrinho, vou dar também. Não é minha característica, mas quero ajudar a tirar o Grêmio dessa situação — disse o camisa 10.
Há ainda uma última solução, e quem aponta é o ex-meia Arilson, campeão da América com Felipão em 1995. Técnico do Sorriso, no Mato Grosso, o ex-jogador apresenta uma alternativa que não mexe nos nomes, mas, sim, na disposição em campo:
— É possível jogar com o tripé no meio-campo (Lucas Silva, Thiago Santos e Villasanti) e ser ofensivo. Para isso, basta adiantar a marcação. Tirar os espaços lá em cima. Aproveitar as características desses jogadores para tentar roubar a bola no campo de ataque, já mais próximo do gol do adversário. Por ser um jogo em casa, acho que é uma postura melhor do que baixar a linha e tentar contra-ataque — comenta, antes de acrescentar:
— Depois, se durante o jogo não funciona, tem alternativas para mudar o cenário. O Grêmio tem peças para isso e a torcida vai ajudar nesse ponto.