A recuperação do Grêmio na reta final do primeiro turno do Brasileirão, que seguiu com duas vitórias nas primeiras rodadas do segundo turno, tem um personagem com nome e sobrenome como destaque. Esse é Miguel Ángel Borja Hernández, o colombiano de 28 anos que chegou no começo do mês passado a Porto Alegre e rapidamente virou o homem-gol do time de Luiz Felipe Scolari. Ele estará em campo novamente neste domingo (26), às 18h15min, contra o Athletico-PR, na Arena da Baixada.
Quando Borja foi apresentado como novo reforço tricolor, em 5 de agosto, o Grêmio ocupava a vice-lanterna do Brasileirão, com apenas uma vitória e seis gols marcados em 12 partidas. Nenhum jogador gremista havia balançado as redes mais de uma vez na competição até então. Borja estreou quatro dias depois: sofreu e foi responsável por converter o pênalti que garantiu o triunfo por 2 a 1 sobre a Chapecoense, o primeiro na Arena depois de sete jogos como mandante.
Ali foi dado o passo inicial de quem logo assumiria a condição de titular e protagonista dos gols gremistas. O centroavante acumula agora sete partidas no Campeonato Brasileiro e quatro gols marcados. E todos foram determinantes para vitórias do Grêmio, sobre Cuiabá e Flamengo, além da Chapecoense. Diante do Bahia, marcou o primeiro no triunfo por 2 a 0, completado por Diego Souza nos minutos finais.
Esse bom desempenho de Borja no Grêmio dá sequência a recuperação da sua carreira. O processo começou em 2020, quando o centroavante retornou ao seu país para defender o Junior. Contratado por R$ 34 milhões pelo Palmeiras em 2017, após ser eleito Rei da América e protagonista do título da Libertadores do Atlético Nacional no ano anterior, Borja teve três temporadas de altos e baixos na equipe paulista, mas nunca conseguiu corresponder à expectativa criada quando da sua contratação.
Mais do que voltar ao seu país, a chegada ao Junior significou para Borja a realização de um sonho. Torcedor do time de Barranquilla, ele pôde vestir profissionalmente a camisa do clube pela primeira vez. Além disso, a reaproximação de amigos e da família foram alicerces para essa retomada. O jogador chegou até mesmo a concluir seus estudos no ensino médio, fato que fez questão de registrar nas redes sociais, no final de julho.
Em campo entregou gols e boas atuações. Ele balançou as redes 21 vezes em 37 jogos em 2020. No primeiro semestre deste ano, mais 14 gols em 22 partidas. O desempenho chamou atenção do técnico Reinaldo Rueda, que o convocou para defender a Colômbia na rodada das Eliminatórias, no começo de junho, e na Copa América, disputada no Brasil.
— Uma coisa muito importante foi a confiança. Todo jogador precisa apenas disso, da confiança do treinador e da diretoria. Isso aconteceu no ano e meio em que fiquei na Colômbia. Peguei confiança e tive companheiros de grande qualidade — disse Borja no retorno ao Brasil, ao ser questionado sobre o por que havia recuperado o melhor rendimento no Junior.
O desempenho do atacante no seu retorno para casa também foi elogiado na imprensa local.
— Borja tinha um desejo imenso de jogar no Junior, clube que é torcedor, e conseguiu graças a um grande esforço econômico da equipe de Barranquilla. Esse retorno para a Colômbia foi gratificante para ele, pois cumpriu seu sonho pessoal. Ainda que não tenha alcançado o objetivo de voos maiores em competições continentais com o Junior, seu desempenho individual o levou de volta para a seleção, algo que estava entre suas metas — diz Ángel Julio Rodelo, repórter da RCN Rádio, de Barranquilla.
Essa confiança, tratada como tão importante na Colômbia, foi reencontrada na figura de Felipão. Após não fechar acordo para permanecer no Junior, já que o clube não teve como pagar os US$ 4,5 milhões estipulados no contrato para comprar seus direitos, os agentes do atleta chegaram a negociar com o Boca Juniors, que também esbarrou na alta pedida do Palmeiras. Aí entrou Felipão. Seu comandante no time paulista entre 2018 e 2019, o treinador ligou diretamente para Borja e iniciou as conversas para sua vinda ao Grêmio tendo papel na liberação por empréstimo junto ao presidente do clube alviverde Maurício Galiotte.
Com a importância de contar com a confiança do treinador, Borja tem Porto Alegre como sua nova casa. Na Capital, ele e a mulher Linda Pérez estão com os dois filhos, Samuel e Joel, e trouxeram juntos o cozinheiro pessoal Elkin, responsável pelos pratos que os mantêm próximos da cultura colombiana. O empresário Juan Pablo Pachón também está sempre próximo do jogador. Linda está grávida e dará à luz o terceiro filho do casal no próximo mês. Já está decidido que o parto será feito na Capital: Borja terá um filho gaúcho.
— Quando cheguei ao Palmeiras, tinha só 23 anos. Agora estou mais maduro. Muitas coisas aconteceram e me ajudaram a melhorar .Estou pronto (para fazer história) — declarou Borja em sua apresentação ao Grêmio.
Fazer história. É isso que o torcedor gremista espera de Borja, a começar pela permanência na Série A. Depois, com a busca por títulos em 2022.
PARA SAIR DO Z-4
Depois da grande vitória sobre o poderoso Flamengo dentro do Maracanã, o Grêmio chega com a motivação em alta para enfrentar o Athletico-PR. Na zona de rebaixamento desde 6 de junho, quando foi disputada a segunda rodada, o Tricolor tem a possibilidade de deixar o grupo dos quatro últimos do Brasileirão após 112 dias.
Em caso de vitória em Curitiba, o Grêmio, atual 18º colocado, precisará contar com um resultado paralelo: que o Ceará perca para a Chapecoense, que o Bahia não vença o Inter, que o América-MG não bata o Flamengo ou que haja empate entre Juventude e Santos. O Tricolor até poderá deixar o Z-4 com empate diante do Furacão. Nesse cenário, vai ser necessário que, pelo menos, dois entre Juventude, Bahia e América-MG percam seus jogos.
OS NÚMEROS DE BORJA
Com a camisa do Grêmio
- 9 jogos (673 minutos em campo)
- 4 gols
No Brasileirão
- 7 jogos
- 6 como titular
- 4 gols
- 118 minutos para marcar gol, em média
- 100% chances claras convertidas (4/4), de acordo com o Sofascore