A artilharia do Gauchão era um indício de que Diego Souza, 35 anos, ainda poderia ser decisivo e merecia a confiança questionada desde o momento do retorno dele ao Grêmio. Até o momento, o artilheiro gremista no ano soma 12 gols em 27 partidas, mas enfrentou um jejum de seis jogos sem marcar no mês de setembro. Na Vila Belmiro, no domingo (11), ele voltou a marcar, mas não evitou a derrota por 2 a 1 para o Santos.
A batida de primeira da entrada da área aos 24 minutos do segundo tempo foi o terceiro gol dele em 11 atuações neste Brasileirão. Suas finalizações certeiras renderam quatro pontos ao Tricolor. A arrancada individual só não é pior em gols e pontos garantidos para o time do que a de 2019, quando Diego marcou dois e somou três pontos na tabela nos 11 primeiros jogos dele com o Botafogo na competição.
Na entrevista coletiva mais recente, Diego Souza reconheceu a pressão por gols. Antes do Gre-Nal da Libertadores, em 22 de setembro, quando o jejum ainda era de três partidas, já se percebia a cobrança nas palavras do atacante:
— Sem dúvida, o meu rendimento caiu. Sou camisa 9, preciso realmente fazer gols para colaborar da melhor maneira. A gente tem tido alguns empates e eu sou o jogador que, se faço gol, estou bem, e se não faço, estou mal.
Nasce um centroavante
Diego Souza começou a carreira como volante no Fluminense de 2003, passou a meia no Grêmio de 2007, e recebeu a missão de ser o mais decisivo em campo em janeiro de 2017, quando estava no Sport. Na época, o técnico da Seleção Brasileira, Tite, disse em entrevista que pretendia escalar o atacante mais centralizado, como referência do setor ofensivo. Diego já atuava adiantado e tinha números de goleador em 2016, mas sempre jogava ao lado de um companheiro que usava a camisa 9. No amistoso da Seleção contra a Colômbia daquele ano, foi ele quem usava este número pela primeira vez.
O primeiro Brasileirão dele como centroavante no Sport começou com seis gols nas 11 primeiras atuações. Assim como o Grêmio, o time pernambucano preferia escalar os titulares em outras competições. As Copas do Brasil, do Nordeste e Sul-Americana fizeram com que o desempenho de Diego Souza fosse dividido. Naquele ano, no entanto, ele repetiu a dose de 2016, fazendo o dobro de gols que nos primeiros jogos do Campeonato Brasileiro de 2020.
Para o narrador dos canais SporTV, Julio Oliveira, as mudanças de função e posicionamento ao longo da carreira ajudaram Diego Souza a ser o centroavante que é. Ter atuado como meia, com a função de municiar atacantes, faz com que ele saiba onde o articulador quer encontrá-lo em campo.
— A grande vantagem dele é antever como a jogada se desenvolve para saber onde precisa se posicionar para chegar melhor no gol — opina Oliveira, que também elogia a força física que faz Diego subir mais que os marcadores nos cruzamentos para área.
As atuações dele como referência chamaram a atenção do São Paulo. Em 2018, dividindo o Brasileirão com o Campeonato Paulista, a Copa do Brasil e a Sul-Americana, Diego Souza marcou quatro vezes nas primeiras 11 participações do torneio nacional. Aquela edição da disputa registraria sua melhor marca pessoal ao final das 38 rodadas: jogou 32 vezes e marcou 12 gols. A edição de 2019 foi sua pior, pelo Botafogo, com dois gols neste recorte de arrancada.
Além dos gols
Considerando os pontos gerados a partir dos gols de Diego Souza, as 11 primeiras partidas do Brasileirão de 2020 contam com quatro pontos na conta do centroavante. Em 2018 ele garantiu 13 para o tricolor paulista, e em 2017 ajudou o Sport a conquistar 11 tentos na tabela de classificação.
O jejum sem gols pelo Grêmio em setembro tem duas explicações para Julio Oliveira, que narrou o único jogo que o centroavante marcou no mês de aniversário do clube, no empate com o Fortaleza. O jornalista acredita que os desfalques e preservações tiram o ritmo de jogo, importantíssimo para os atletas mais velhos, na visão de Oliveira.
— O futebol dele (Diego Souza) caiu porque perderam força neste jogador que passa no meio. Luan e Maicon fazem isso muito bem. Pepê até corta para o meio, faz bem o que o Everton fazia, mas limita as possibilidades de levantamento na área — pondera, ressaltando que Pepê tem potencial, mas ainda precisa vencer a pressão de substituir Everton.