
Enquanto avançam as primeiras tratativas sobre uma possível saída de Everton, do Grêmio para a Europa, uma das questões que fica é quem será o agente que fechará a negociação?
Depois de ser representado por Gilmar Veloz, um dos mais experientes da área, Everton passou a atuar com Márcio Cruz, que trabalhava em parceria com Veloz desde a chegada do jogador de Fortaleza.
Porém para uma negociação deste porte, invariavelmente, um dos chamados "tubarões" do meio de empresários de jogadores de futebol acaba emprestando seu selo para a transação. Sem nenhuma confirmação por parte do estafe do atacante, na Itália se garante que o paulista Giuliano Bertolucci é o responsável pelo possível desfecho do caso.
Apontado como um dos seis mais poderosos empresários do mundo, pela revista inglesa Four Four Two, em outubro de 2016, Bertolucci já teve negócios diretos com o Napoli, como por exemplo o goleiro Rafael Cabral, ex-Santos e Seleção Brasileira olímpica, que atualmente está no Reading, da Inglaterra.
Dono da Euro Export Assessoria e Propaganda Ltda, Bertolucci tem entre seus representados Philippe Coutinho, Marquinhos, David Neres, David Luiz, Willian, Ramires e Oscar. Avesso às redes sociais e a exposição, a principal característica do herdeiro da Lorenzetti, uma das empresas mais renomadas na fabricação de chuveiros no Brasil, é a discrição.
— Vejo futebol todos os dias, respiro futebol, procuro buscar o jogador certo para o clube certo e isso faz a diferença — disse em entrevista à Folha de São Paulo em fevereiro de 2017.
Foi com este perfil que ele começou a trabalhar em 1997, quando fez seu primeiro grande negócio ao levar Deco, das categorias de base do Corinthians, para o pequeno Alverca, de Portugal. A partir deste momento começava sua trajetória repleta de importantes negociações, amizades com figuras polêmicas como o iraniano Kia Joorabchian e o magnata russo Roman Abramovich, proprietário do Chelsea.
E é exatamente por ter esse bom trânsito no mercado internacional que Giuliano Bertolucci é chamado, por vezes, apenas para dar seu aval nessas negociações, mesmo que não seja diretamente o representante do jogador.
Com o Grêmio, o paulista de 47 anos mantém boa relação. Foi através dele que o clube trouxe o meia Elano, em julho de 2012, mesma época em que ele participou da venda do colorado Oscar para o Chelsea.
No final de 2018, o nome de Bertolucci esteve envolvido nas saídas de Ramiro e Bressan. Com essas negociações, o clube se livrou de uma dívida que tinha com o empresário, que no final de 2013, durante a gestão Fábio Koff, quando o Grêmio enfrentou crise financeira, comprou 50% dos direitos do zagueiro e 70% do volante por 4 milhões de dólares (R$ 9 milhões, na cotação da época), cada. Com o valor, o clube quitou suas dívidas e devolveu o fôlego ao caixa, mas ficou com o compromisso de retribuir a ajuda e dar ao investidor a oportunidade de ser ressarcido. Caso contrário, seria necessário quitar a dívida.
Porém, nem Bressan ou Ramiro foram alvos de propostas estratosféricas do futebol europeu e Bertolucci perdeu a chance de lucrar. Quando Dallas FC e Corinthians, respectivamente, procuraram os jogadores, o agente conversou com a direção gremista que liberou os atletas, sem custo, para devolver o investimento ao parceiro.
A última grande negociação envolvendo Grêmio e Giuliano Bertolucci foi a vinda do atacante Diego Tardelli, contratado em fevereiro de 2019, e que não deixou saudades na Arena, de onde partiu esse ano para o Atlético Mineiro, após rescindir o vínculo que era de três temporadas. Segundo cálculos da diretoria, o clube economizou R$ 24 milhões em salários e bônus que seriam pagos ao atacante até o fim de seu contrato, em 2021.
Também é importante lembrar que Bertolucci é um dos 14 réus que respondem por suposta participação em crimes de lavagem de dinheiro, organização criminosa, falsidade ideológica e estelionato contra o Sport Club Internacional durante os anos de 2015 e 2016. Na ocasião em que a Justiça aceitou denúncia do Ministério Público do RS, seu advogado, Roberto Podval, declarou que não tinha "nenhuma dúvida de que Giuliano será excluído dessas acusações". O processo corre na 17ª Vara Criminal de Porto Alegre.