Um dos reforços contratados pelo Grêmio nesta temporada sonha alto. Lucas Silva, 27 anos, almeja títulos e Seleção Brasileira. Foi por isso que escolheu Porto Alegre. Aliás, ele entende que a visibilidade de disputar competições importantes por um grande clube do país poderá fazer com que Tite o observe com carinho.
— Vi no Grêmio uma grande vitrine para cumprir meus objetivos, que são títulos e Seleção — destacou o volante gremista, que tem passagens pelas seleções de base e foi campeão do Torneio de Toulon com a camisa amarelinha em 2014, ao lado de jogadores como Alisson, seu companheiro de equipe, e o meia-atacante Luan, vendido ao Corinthians.
Com contrato até dezembro de 2023 com o Tricolor, garante estar feliz pela escolha. Lucas Silva rescindiu contrato com o Real Madrid em setembro do ano passado, mas não atuava desde junho, quando deixou o Cruzeiro. Neste ano, já são seis jogos pelo Grêmio, um deles a vitória no clássico Gre-Nal, com direito à parceria com Matheus Henrique e Maicon no meio-campo, em um time com três volantes.
— Já atuei nessa posição, como primeiro volante. Na Europa, se utiliza muito essa formação com três volantes no meio-campo, até mesmo o Real Madrid atua neste esquema. É uma opção a mais que o Renato vai ter para variar ao decorrer do ano — disse o atleta, que já vestiu a camisa merengue.
Em entrevista a GaúchaZH na tarde de quarta-feira (19), o jogador explicou por que escolheu jogar no Tricolor, avaliou a formação com três volantes escalada pelo técnico Renato Portaluppi no Gre-Nal 423, falou sobre a experiência no Real Madrid e ainda comentou a respeito da situação do Cruzeiro, seu ex-clube, que foi rebaixado à Série B pela primeira vez no ano passado. Confira:
Quais as vantagens do esquema com três volantes, e pode ser um benefício para você ter mais uma vaga no meio-campo?
Na semana do Gre-Nal, com a volta do Matheus (da seleção olímpica), o Renato chamou eu, o Maicon e o Matheus para conversar, dizer que tentaria essa formação. Nos treinamentos, deu a confiança para irmos para o clássico. Tivemos um bom resultado. É uma formação a mais, que abre opções para o Renato no decorrer do ano, e também uma posição a mais no meio-campo para ser ocupada.
Muitas vezes se pensa que um time com três volantes é mais defensivo. Como fazer um time com mais volantes ser ofensivo?
Precisamos saber administrar a questão dos volantes. Muitas vezes, as pessoas veem um time com três volantes e pensam que é defensivo. Prova disso foi no Gre-Nal, quando tivemos as melhores oportunidades, várias opções e chances para fazermos o gol. Então, é saber gerir dentro de campo, sabendo as características dos volantes para tornar o time, mesmo que tenha mais volantes, mais ofensiva.
Você teve uma passagem pelo Real Madrid, e por lá também jogam três volantes: Casemiro, Kross e Modric. Dá para traçar alguma semelhança com o que está sendo feito aqui no Grêmio?
Já atuei nessa posição, como primeiro volante. Na Europa, se utiliza muito essa formação com três volantes no meio-campo, até mesmo o Real Madrid atua neste esquema. É uma opção a mais que o Renato vai ter para variar ao decorrer do ano. Às vezes, exige mais pegada ou ter um atleta a mais no meio-campo, e essa pode ser uma boa formação.
"Na Europa, se utiliza muito essa formação com três volantes no meio-campo, até mesmo o Real Madrid atua neste esquema. É uma opção a mais que o Renato vai ter para variar ao decorrer do ano"
LUCAS SILVA
volante do Grêmio
O que a experiência no Real Madrid te agregou como jogador de futebol, mesmo não tendo tido sequência por lá?
Cheguei muito novo ao Real Madrid. Tive a oportunidade de treinar e jogar com grandes atletas. Foi uma experiência muito boa, tanto de vestiário, treinamento, quanto de jogo. Também por estar ao lado de jogadores experientes, com bagagem, títulos, passagens por seleções. Poder voltar ao Brasil, colocar em prática aquilo que aprendi nos treinamentos, que eram muito intensos, com um futebol um pouco mais rápido, é muito bom.
Quais eram teus parceiros lá no Real Madrid, que te ajudaram na tua chegada à Espanha?
O Marcelo, quando cheguei, fui muito bem recebido por ele. Tinha o Cristiano também, que quando cheguei me deu muita moral, inclusive saímos para jantar algumas vezes. O Coentrão, português, o Pepe, que também estava lá. O grupo é muito bom e fui muito bem recebido por todos.
Como é jantar com o Cristiano Ronaldo, tê-lo como parceiro também fora do campo?
É um cara muito engraçado, extrovertido. Quando ele tem liberdade, intimidade com alguma pessoa, ele se solta. Foi uma experiência muito boa, que me deu muito moral. É referência, sem dúvida alguma. Foi muito bom ter a recepção de um cara desses, te deixa muito mais à vontade.
Você jogou também no Olympique de Marseille-FRA, pelo qual atuou em 32 partidas. O que pode ser aproveitado dessa experiência no futebol francês?
Na França, o futebol é um pouco diferente do que estava acostumado a jogar. É mais de velocidade e força. Acho que isso vamos encontrar bastante na Libertadores, então é algo que já tive experiência e pude enfrentar.
Antes de acertar com o Grêmio, você ficou parado por meio ano. Foi uma opção, ficar sem jogar? Isso o prejudicou neste início de temporada?
Minha rescisão foi feita durante a janela de transferências, então, mesmo depois, eu poderia me transferir para o futebol europeu, mas não para o brasileiro porque já havia se encerrado a janela daqui. Por situações que eu não concordava lá no Real Madrid, chegamos ao comum acordo de que era melhor cada um seguir seu futuro. E assim foi, de comum acordo. Fiquei analisando o restante do ano as opções. O que mais chamou atenção dos contatos que tivemos foi o Grêmio, até mesmo pelo estilo, pelo treinador, por conhecer um pouco do clube. Me chamou atenção o projeto, a valorização do clube, então, foi o contexto geral que me trouxe para cá.
Como foi esse período parado? Teve possibilidade de acertar com outro clube europeu?
Fiquei treinando, mesmo sem jogar oficialmente, para não ficar parado e, quando tivesse algum clube, já poder jogar. Fiquei analisando as propostas, algumas de fora, mas nenhuma encheu meus olhos. Vi muito também a questão da Seleção, que pesa como objetivo. Vi no Grêmio uma grande vitrine para cumprir meus objetivos, que são títulos e Seleção.
Você recém completou 27 anos e tem contrato até 2023 com o Grêmio. Quais seus objetivos pelo clube?
Na minha carreira, sempre tracei metas. Sem dúvida, a primeira é títulos. Depois, Seleção e Copa do Mundo. Já tive oportunidade de conquistar grandes títulos e sem dúvida o sonho de vestir a amarelinha. Vejo aqui no Grêmio uma vitrine muito grande. Para isso acontecer, cheguei tendo oportunidade de atuar como titular, estou treinando, fiz a pré-temporada aqui, ainda senti um pouco fisicamente nos primeiros jogos, até mesmo o entrosamento, mas nesses últimos jogos já me senti mais confortável, e acredito que devo ter muitas oportunidades no decorrer do ano. É questão de aproveitar para cumprir meus objetivos.
Nas suas duas passagens pelo Cruzeiro, conquistou dois títulos brasileiros e dois da Copa do Brasil. O que aconteceu para o clube ter essa queda vertiginosa?
O Cruzeiro sempre foi um clube muito organizado, correto, com excelentes profissionais, uma diretoria competente e os treinadores com quem conquistei esses títulos sempre foram altamente comprometidos. Então, eram detalhes que nos levavam a ser vitoriosos. Fiquei muito surpreso e também triste com esse último ano do Cruzeiro, com a queda. Me surpreendeu muito. Pessoas que entraram e não corresponderam à altura do clube. Mas espero que seja investigado e que as pessoas paguem pelo erro que cometeram. Agora, fico feliz pela reestrutura do Cruzeiro, já é um novo Cruzeiro, e logo vai estar na Série A, que é o lugar que deve estar.
O que já deu para perceber neste início de trajetória no Grêmio em relação ao grupo e ao trabalho da comissão técnica?
É um ambiente muito bom de trabalho, um clube com uma grande estrutura, organização, diretoria muito competente, um presidente apaixonado. Tem um treinador que cobra muito, que dá moral, mas que ao mesmo tempo é muito exigente. Estou muito feliz, fui bem recebido por todos aqui, sem dúvidas vai ser um grande ano. Se vai render títulos, acreditamos que sim, e vamos brigar muito por isso.
"Na minha carreira, sempre tracei metas. Sem dúvida, a primeira é títulos. Depois, Seleção e Copa do Mundo"
LUCAS SILVA
volante do Grêmio
Quando ainda estava na Europa, teve a chance de ir para o Sporting-POR, mas acabou sendo reprovado nos exames médicos, que indicaram um problema cardíaco. Depois disso, jogou no Cruzeiro, e essa questão ficou no passado. Como você está?
Foi apenas um susto, uma pequena alteração na frequência cardíaca durante um teste, mas depois foi resolvido com todos exames que fiz. É um problema superado, ficou no passado. Depois disso, já tenho quatro temporadas atuando, jogando normalmente, quase 40, 50 jogos por ano, tanto que quando cheguei fiz todos os exames aqui e estou 100%.
Entre seus objetivos está ganhar títulos. O coração está firme para aguentar fortes emoções?
Muito. Como nos últimos anos conquistei títulos, já está muito bem preparado para fortes emoções.
Como você projeta o jogo contra o Caxias, pela final do primeiro turno do Gauchão, contra um time que tem bom desempenho até aqui?
Vai ser uma grande final. É um time do Interior que é muito qualificado, tanto que nos surpreendeu aqui na estreia. Mas hoje vejo que o Grêmio está diferente, mais entrosado, melhor fisicamente, então a gente vai para essa final do primeiro turno melhores e mais bem preparados para não sermos surpreendidos novamente.