Titular nos títulos mais importantes do Grêmio nos anos 1980, o ex-volante China lamentou a morte de Valdir Espinosa, técnico tricolor na conquistas da Libertadores e do Mundial de 1983. Natural de Porto Alegre e atualmente exercendo o cargo de gerente de futebol do Botafogo, o ex-treinador morreu na manhã desta quinta (27), no Rio de Janeiro, vítima de complicações após uma cirurgia no intestino.
— Ele era um paizão. No trabalho, ele nos cobrava, mas era muito camarada. Depois que cada um seguiu o seu caminho, nós sempre mantínhamos contato. Ele mantinha um apartamento aqui no Menino Deus, onde ficava quando vinha a Porto Alegre. De vez em quando, ele ligava e a gente saía. Era um "gentleman". O nosso grupo ficou pobre. Perdemos já o Tarciso, o Seu Verardi e agora o Espinosa. É difícil — disse China, em tom emocionado, em entrevista ao programa Timeline, da Rádio Gaúcha.
Campeão brasileiro, da América e mundial pelo Grêmio, China relembrou um pequeno atrito que teve com Espinosa no início da carreira, superado com os títulos de 1983. A confiança nas vitórias é uma das principais lembranças que o ex-volante tem do amigo e ex-treinador.
— Quando eu cheguei ao Grêmio em 1980, o Espinosa era auxiliar técnico. Quando ele assumiu como treinador, foi quem me convocou pelas primeiras vezes para os jogos. Ele me convocou 15 vezes para os jogos do Gauchão, e uma vez me botou no banco. Mesmo assim, eu fiquei bravo e ficamos com uma relação estremecida. Mas aí em 1983 ele voltou. Na primeira palestra, no início do ano, em Gramado, ele disse para a gente: 'Vocês sabem que eu tenho um tremendo medo de avião, mas neste ano nós vamos a Tóquio". Eu, na hora, pensei: "Temos ainda toda a Libertadores pela frente, e ele já está pensando em Tóquio". E nós não só fomos a Tóquio, como ganhamos o mundo — completou.
China ainda relembrou a estratégia principal de Valdir Espinosa para motivar a equipe.
— Ele gostava que a nossa equipe tivesse a bola e se divertisse. Ele gostava de tirar a pressão antes dos jogos — finalizou.