Às vésperas de mais um Campeonato Estadual, GaúchaZH preparou uma série de matérias intitulada Raízes do Gauchão. O objetivo é relembrar o surgimento de craques que, antes de virarem ídolos e estrelas mundiais, desfilaram seu talento pelos gramados do Rio Grande do Sul.
Os gramados brasileiros tomaram conhecimento de Ronaldinho ainda em 1998. Sua estreia com a camisa tricolor havia acontecido ainda em março, contra o Vasco, pela Libertadores, restando alguns dias para que ele completasse 18 anos. Porém, foi no ano seguinte que o meia-atacante barbarizou de vez os adversários.
— Tinha um grande caráter, era um menino do bem, de coração bom — recorda Luís Carlos Goiano. — Acho que pude colaborar com ele e com o Celso Roth (técnico), dando um conselho que deu certo. Então, foi uma alegria muito grande para mim — diz o volante, que era o capitão gremista naquela época.
A "colaboração" a que Goiano se refere ocorreu na final do Gauchão de 1999. Como de costume, Grêmio e Inter chegaram à decisão. Ao todo, foram necessários três clássicos para definir o dono da taça daquele ano, que ficaria com o Tricolor — muito por conta das atuações do jovem camisa 10. Autor de dois gols (um em cada jogo), Ronaldinho infernizou a defesa colorada, eternizando um lençol aplicado no volante Dunga, que voltava a atuar no futebol brasileiro com o status de "capitão do Tetra".
— Estávamos jogando a Copa Sul, que era a prioridade do clube, com o time titular. E o Ronaldinho jogava o Campeonato Gaúcho com o time misto. Quando fomos campeões da Copa Sul vencendo o Paraná, voltamos todas nossas forças para o Gauchão. O Celso tinha dúvida em colocar o Ronaldinho, porque achava que ele participava pouco da marcação, e nós jogávamos com quatro volantes. Eu, Capitão, Fabinho e Itaqui. Lembro de uma conversa que tive com o Celso e falei que se ele tirasse um dos volantes, ainda teríamos três e correríamos por ele (Ronaldinho), que era um jogador decisivo e ia nos ajudar naquela campanha. Felizmente, foi o que ocorreu. Entrou e nos deu o título gaúcho, fazendo grandes jogos — conta Goiano.
O resultado daquela partida não foi apenas uma taça no armário. Quem acompanhou o show protagonizado pela jovem revelação gremista foi o então técnico da Seleção Brasileira, Vanderlei Luxemburgo. No mesmo domingo em que o Grêmio se sagrava campeão gaúcho, o atacante Edílson chamava os holofotes do país para si ao, nos minutos finais do Campeonato Paulista, provocar os jogadores do Palmeiras com "embaixadinhas" que descambariam em uma pancadaria generalizada. A atitude rendeu o corte do jogador do Corinthians, que disputaria a Copa América no Paraguai. Para seu lugar, quem foi chamado? Ronaldo de Assis Moreira.