
O Grêmio viverá nesta terça-feira seu dia T. Depois de fazer generosa proposta, na casa de R$ 800 mil entre salários e luvas, a direção aguarda o sim de Diego Tardelli para, enfim, anunciar sua contratação. Livre após o término do vínculo com o Shandong Luneng, da China, o atacante de 33 anos é o grande desejo de Renato Portaluppi para a Libertadores.
O tempo de contrato oferecido pelo time gaúcho seria de três temporadas. Ainda que esteja nos planos do Atlético-MG, clube no qual foi campeão da América em 2013 e virou ídolo da torcida, Tardelli estaria mais inclinado a aceitar a proposta do Grêmio. Segundo o diretor de futebol Alberto Guerra, o jogador só não virá para a Arena se receber oferta maior.
— Somente algo do ponto de vista financeiro pode inviabilizar o negócio. Temos informações positivas sobre a intenção dele de jogar aqui no Grêmio e de ser atleta do Renato. Isso leva a crer que tem tudo para ele vir para cá. Mas se receber alguma proposta significativamente maior, aí pode influenciar. A única coisa que pode tirá-lo daqui é a parte financeira — diz Guerra.
O dirigente também explica que a possível saída do centroavante Jael, que tem oferta do FC Tokyo em mãos, pode ser decidida de acordo com a resposta de Tardelli. Ainda assim, os japoneses ainda terão de melhorar os números apresentados.
— São situações que não estão relacionadas, mas têm um pouco a ver. Esperávamos uma oferta melhor e não veio, mas ainda existe espaço para negociação se os japoneses tiverem interesse. Dependendo da confirmação da proposta, podemos ter uma decisão se vier o Tardelli ou outra se ele não vier — comenta o dirigente, que completa:
— Não queremos estender esta novela, foi uma combinação interna que tivemos com o Renato. Queremos definir o quanto antes para que isso não se arraste como foi com o Thiago Neves. Esse assunto (Tardelli) não passa de amanhã (terça-feira).
Se der seu sim ao Grêmio, o atacante buscará reviver na Arena seu principal momento na carreira, que foi com a camisa do Atlético-MG. Em duas passagens, Tardelli virou ídolo da torcida. De 2009 a 2011, marcou 69 gols em 111 partidas, com média de 0,62 por jogo. Ainda assim, foi entre 2013 e 2014 que o atacante escreveu seu nome na história do clube. Atuou pelo lado direito do ataque, formando um quarteto marcante com Ronaldinho, Jô e Bernard. Conquistou a Libertadores em 2013 e, em 2014, levantou a Recopa Sul-Americana e a Copa do Brasil. Nesta última, marcou o gol do título sobre o rival Cruzeiro.
— Ele foi campeão da América jogando pelo lado do campo. Na Copa do Brasil, em uma final simbólica e histórica para Minas Gerais, ele fez, de cabeça, um dos gols mais importantes da carreira — lembra Cláudio Rezende, repórter da Rádio Itatiaia.
O comentarista da Globo Minas, Bob Faria, destaca a qualidade técnica do atacante. Em sua avaliação, Tardelli é capaz de realizar todas as funções do ataque.
— Ele é muito ágil pelos dois lados do campo. Como é destro, quando joga pela esquerda ele corta para dentro e pode fazer o movimento de facão. Quando atua pela direita, pode fechar para fazer a conclusão. Trata-se de um finalizador que joga de frente para a área — observa Faria, que completa:
— É um cara que aparece bem nos momentos de decisão, um jogador acostumado a vencer. Tem uma dinâmica de jogo que se encaixaria muito bem no Grêmio, já que ele não fica esperando a bola e tem grande poder de definição.
No futebol chinês desde o início de 2015, quando deixou o Atlético-MG, Tardelli foi levado por Cuca, técnico com quem foi campeão da América, para o Luneng. Passou a atuar também mais recuado, como meia, tanto pelo centro quanto pelos lados.
Apesar do bom começo tanto com Cuca quanto com Mano Menezes, que o substituiu logo em seguida, Tardelli enfrentou dificuldades quando o alemão Félix Magath assumiu a equipe. Em 2016, depois de sofrer lesão no tendão de Aquiles, perdeu espaço para o italiano Graziano Pellè e pediu para ser negociado. Por conta disso, chegou a ser afastado do elenco.
No entanto, com a chegada do treinador chinês Li Xiaopeng, os gols voltaram. Tanto que, no ano passado, Tardelli balançou as redes 20 vezes em 28 partidas pelo Luneng.
— Ele se adaptou muito bem ao futebol chinês. Jogou três anos e chegou a ter este problema de afastamento com o treinador alemão. Mas sempre foi um atacante perigoso, que marcava presença e fazia gols — avalia Marcelo Moreno, ex-atacante do Grêmio que também atua na China desde 2015.