
Antes de brilhar no Grêmio ao lado de Geromel, Walter Kannemann teve de ir ao México para sentir pela primeira vez o gosto de jogar um clássico. Formado no San Lorenzo, o zagueiro nunca atuou em uma partida como profissional contra o Huracán, tradicional rival da equipe sediada em Boedo.
Trata-se de uma rivalidade de bairro entre os clubes de Buenos Aires: Boedo fica ao lado de Parque Patrícios, onde está localizada a sede do Huracán. Claro que, nem de perto, tem a dimensão de um Boca Juniors x River Plate, o maior clássico da Argentina. Mas, segundo o repórter Diego Paulich, do jornal Olé, que é setorista de San Lorenzo, trata-se do segundo mais importante da capital.
— É um jogo tremendo. Se joga a morrer, mas sem violência. É conhecido aqui como o maior clássico de bairro do mundo — conta Paulich.
Mas Kannemann não pôde sentir a emoção deste jogo dentro de campo. Afinal, quando subiu para o time principal do San Lorenzo, em 2012, o rival estava na segunda divisão do futebol argentino. O Huracán lá permaneceu até o final de 2014, justamente quando Kannemann, após ter conquistado a Libertadores e disputado o Mundial, decidindo o título também contra o Real Madrid, deixou o time argentino para atuar no Atlas, do México.
— Quando Kannemann esteve conosco, não tivemos a chance de jogar nenhum clássico — lembra o goleiro Sebastián Torrico, do San Lorenzo, que chegou ao clube na mesma época em que o zagueiro subiu ao profissional.
No futebol mexicano, Kannemann pôde vivenciar a mais antiga rivalidade do país, que se iniciou em 1917. Disputou o clássico Tapatío, que coloca os dois clubes da cidade de Guadalajara, Atlas e Chivas, frente a frente. No total, foram quatro partidas, com dois empates e duas derrotas.
Mas seu primeiro, disputado em abril de 2015, pelo Clausura Mexicano, foi o mais especial. No empate em 1 a 1, no histórico estádio Jalisco, a casa do Atlas, Kannemann sentiu pela primeira vez a emoção de defender sua equipe contra o rival. O repórter Alberto Villanueva, do canal Fox Sports mexicano, lembra da seriedade com que o argentino encarou a partida.
— No primeiro Tapatío em que ele jogou, o que mais me marcou foi a entrevista que ele deu antes do jogo. Ele disse que aquele seria o primeiro clássico de sua carreira e convidou os torcedores a incentivarem o time com paixão, mas sem violência — recorda Villanueva.
O repórter recorda que o pedido de Kannemann foi direcionado à organizada "Barra 51", que leva este nome pelo ano do único título nacional do Atlas, ocorrido em 1951. E também fez elogios ao desempenho do zagueiro em seu primeiro Atlas x Chivas.
— Naquele dia, Kannemann jogou um partidaço. Não deixou passar uma só bola, ficou com todas. E ainda cabeceou outra no travessão — relata Villanueva.
Se não venceu nenhum Tapatío, o argentino está invicto em Gre-Nais. No Grêmio desde 2016, já disputou três clássicos contra o Inter, com dois empates e uma vitória, ocorrida no último final de semana. Neste domingo, na Arena, tudo o que Kannemann deseja é manter o retrospecto. E ajudar o Grêmio a encaminhar sua classificação para a semifinal do Gauchão.
Os clássicos de Kannemann:
Tapatío* - Atlas x Chivas
Atlas 1 x 1 Chivas (5/4/2015, Clausura)
Chivas 0 x 0 Atlas (14/5/2015, Clausura)
Atlas 1 x 4 Chivas (17/5/2015, Clausura)
Atlas 0 x 1 Chivas (12/11/2015, Apertura)
*Tapatío é como os cidadãos de Guadalajara são conhecidos no México
Gre-Nais - Grêmio x Inter
Grêmio 0 x 0 Inter (23/11/2016, Brasileirão)
Grêmio 2 x 2 Inter (4/3/2017, Gauchão)
Inter 1 x 2 Grêmio (11/3/2018, Gauchão)