Próximo de reforçar o Grêmio na disputa da Libertadores, o atacante Hernane Brocador, de 31 anos, acumula altos e baixos em sua carreira. Revelado pelo Atibaia-SP, o centroavante já rodou por 12 clubes, mas seu melhor momento foi atuando com a camisa do Flamengo.
Lá marcou 45 gols em 73 jogos entre 2012 e 2015, virando ídolo da torcida. Sua melhor fase ocorreu em 2013, com 36 gols em 58 partidas, ganhando o prêmio de chuteira de ouro da Revista Placar. E também recebeu uma música dos torcedores, que era cantada no Maracanã.
"Ôôôôôô, o Hernane é brocador. É gol de cabeça, de perna direita, de canela ele também guardou", dizia um trecho do cântico.
Segundo repórter Diogo Dantas, do jornal O Globo, a identificação da torcida com o atacante em 2013 foi quase instantânea. Além de desandar a marcar gols pelo Flamengo, o folclore do apelido inflamou as arquibancadas.
Chegou ao clube carioca como aposta, mas com as credenciais de vice-artilheiro do Paulistão em 2012, quando atuava pelo Mogi Mirim - fez 16 gols em 22 jogos, ficando atrás somente de Neymar. No Flamengo, o centroavante conquistou a Copa do Brasil 2013 e também o Carioca em 2014 e até hoje é lembrado com carinho pelos torcedores.
— O Hernane veio por um valor irrisório e foi uma aposta que deu muito certo. A relação com a torcida era muito boa, algo até folclórico pelo apelido de Brocador. Ele não tinha qualidade acima da média, mas ficou conhecido com o artilheiro de um toque só. Fazia gol de pé direito, esquerdo e de cabeça. Não inventava na hora da conclusão — observa Dantas.
Com o destaque obtido no Flamengo, Hernane foi vendido para o Al Nassr, da Arábia Saudita, em agosto 2014. No entanto, o negócio virou uma grande dor de cabeça para o jogador e para o clube carioca.
Os árabes ficaram devendo R$ 7 milhões ao Flamengo e também deixaram atrasar três meses de salário do jogador. Como resultado, o Brocador obteve rescisão de contrato na Fifa e, no início de 2015, acertou-se com o Sport. Em Recife, contudo, o centroavante sofreu com lesões e foi preterido pela comissão técnica, disputando 17 jogos e marcando quatro gols.
No início de 2016, Hernane foi contratado pelo Bahia. O clube baiano levou a melhor na disputa com o Flamengo, que desejava o retorno do atacante, por oferecer um salário alto, na casa de R$ 300 mil. Mas a expectativa pelo investimento não se confirmou.
Segundo o repórter Tiago Lemos, setorista de Bahia para o jornal Massa, de Salvador, a passagem do atacante pela Fonte Nova frustrou os torcedores. Em dois anos, marcou 31 gols em 71 jogos. Mas, pelos cinco meses afastado por lesão no ano passado, em que fraturou a tíbia da perna esquerda, custou caro demais.
— O Hernane começou 2016 muito bem, fez gols no Estadual. Na Série B, depois de um tempo parado por lesão, fez 11 gols em 34 partidas. Mas seus erros de passe irritavam a torcida, tanto que passou a ser cobrado por isso. No ano passado, manteve o rendimento abaixo do esperado e teve esta questão da fratura, que abreviou o ano dele. O Bahia queria negociá-lo pelo alto salário, um investimento que não valeu a pena — observou Lemos.
Na última quarta-feira, contudo, Hernane deu mostras de que pode se recuperar pelo Grêmio. Marcou três gols na goleada de 6 a 1 do Bahia sobre o Vitória da Conquista pelo campeonato baiano. Se repetir este desempenho no Grêmio, Hernane também terá seu apelido de Brocador cantado pela torcida na Arena.