Ausência contra Avaí e Flamengo por desgaste muscular, Pedro Rocha volta ao Grêmio neste domingo, contra a Ponte Preta, às 16h, na Arena, na condição de titular absoluto do time de Renato Portaluppi.
Mesmo tendo levantado uma taça no ano passado, o nível de exigência da torcida para com Pedro Rocha parece ter aumentado. Os dois gols na final contra o Atlético-MG, que foram decisivos no penta da Copa do Brasil, colocaram seu nome na história do clube. Só que, a cada conclusão errada, os torcedores parecem se esquecer do tamanho de seu feito, que tirou a equipe de uma fila de 15 anos sem conquistas nacionais.
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Autor do gol do título do Brasileirão 1996, o ex-meia Aílton Ferraz, hoje técnico do Tupi-MG, também sofria contestações. Antes do histórico chute de pé esquerdo que definiu o 2 a 0 sobre a Portuguesa em um Olímpico lotado, a cobrança pesava sobre seus ombros. Sua comemoração teve tom de desabafo, batendo no peito e apontando para as arquibancadas.
– Torcida é assim. Você tem que entender e continuar fazendo sua parte, passar por cima. Se você está bem, dando resultado, eles vão te apoiar. Se não, você fica marcado por detalhes. É se desligar de tudo e focar no trabalho – observa Aílton.
Foi exatamente o que Pedro Rocha fez no intervalo de 11 dias entre o jogo com o Iquique, pela Libertadores, e a estreia no Brasileirão contra o Botafogo, no início de maio. A folga no calendário gerada pela eliminação no Gauchão possibilitou ao grupo aprimorar aspectos físicos e táticos, além, é claro, dos fundamentos.
A partir dali, o time engatou uma sequência invicta de 11 jogos, com 10 vitórias e um empate. Isto devolveu a confiança a Pedro Rocha. No início do ano, a bola parecia queimar em seus pés. As conclusões ou paravam nas mãos dos goleiros ou iam para fora.
Tanto que seu primeiro gol ocorreu em abril, no 5 a 0 sobre o Veranópolis pelas quartas de final do Gauchão. Depois da semana de treinos, seu aproveitamento aumentou: marcou três gols, chegando a cinco na temporada. Para o ex-atacante Christian, que passou pelo Grêmio entre 2003 e 2004, Renato teve papel fundamental na reabilitação de Pedro Rocha.
– A parte psicológica pesa muito nestes momentos. A confiança do treinador é importante para que você possa ter um bom desempenho em campo. Quando você erra um passe ou uma jogada é difícil se deparar com aquele murmúrio que vem da arquibancada. Você sente. A solução é tentar absorver o mínimo possível das reclamações, tapar os ouvidos e se concentrar na partida – recomenda Christian.
Auxiliar de Roger Machado e depois de Renato no Grêmio, James Freitas acompanhou a trajetória de Pedro Rocha desde as categorias de base. O atacante, que chegou ao clube gaúcho no início de 2014, com 19 anos, veio como sensação do Juventus de São Paulo.
Hoje integrante da comissão técnica de Mano Menezes no Cruzeiro, Freitas lembra que, desde que subiu ao profissional, em 2015, Pedro Rocha já se destacava por criar chances e pelo papel tático na marcação ao adversário desde o setor ofensivo.
– O Pedro é um jogador que propicia muitas oportunidades aos colegas. Marca bem, é rápido e tem boa capacidade de finalização. A torcida se inquieta pelo fato de ele não aproveitar as chances, mas às vezes esquece que boa parte delas é ele mesmo quem cria – entende Freitas.
O auxiliar lembra de um episódio ocorrido no início do mês no Cruzeiro, em que torcedores deram chutes e socos nos carros do zagueiro Dedé e do meia De Arrascaeta. Mas com as recentes vitórias sobre Palmeiras e Atlético-PR, a equipe subiu para o sexto lugar no Brasileirão e o ambiente mudou.
– Nosso país passa por um momento difícil. Por isso, o torcedor muitas vezes leva esta frustração para o campo de jogo e se torna impaciente. O jogador que está em campo quer fazer o gol e ajudar a equipe. Esta intolerância não contribui em nada – completa.
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Adriano de Carvalho
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