
Com o departamento médico lotado e diante do futebol indigente que o Grêmio apresenta neste início de ano, o presidente Romildo Bolzan disse que vai antecipar algumas "extravagâncias". Eu achava que ele já as vinha cometendo há mais tempo. Afinal, extravagância é uma ação que escapa ao bom senso, ao equilíbrio emocional, até mesmo ao bom gosto. Também pode ser caracterizada por desperdício e malversação.
Pois que nome se dá ao ato de renovar com Marcelo Oliveira por dois anos? Ou ir ao Japão tirar Cortez do Albirex Niigata, essa potência do futebol asiático? Não sei você, torcedor gremista, mas considero demasiado extravagante trazer de volta do Flamengo o Fernandinho, que dirá deixar sair jogando.
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Exigir do mesmo Flamengo a volta antecipada do Bressan eu achava temerário. Agora, ceder às chantagens do Peñarol e recebê-lo goela abaixo como contrapeso na contratação de uma promessa juvenil, bota extravagância nisso.
Por Dios, Bolzan é cheio delas. Aceitou passivamente a saída de James Freitas e Junior Chávare - que lapidaram Luan, Walace, Éverton e Pedro Rocha. Não deixou por menos e foi às compras. Buscou Léo Moura no rebaixado Santa Cruz e, escavando a Série C, encontrou Leonardo no Boa Esporte. À procura de um "fazedor de gols", apresentou uma cruel extravagância chamada Jael.
Para arrematar, inebriado por um final de temporada mágico, trocou um prudente contrato de produtividade com Douglas por dois anos de vida mansa para o nosso indolente maestro pifador. E se o craque romper os ligamentos num treino ordinário, quando deveria estar concentrado para um jogo contra o Flamengo, para o qual nem mesmo o treinador viajou, tudo com o beneplácito da direção, a isso chama-se extravagância ou não?
Tenho poucas certezas na vida, mas se tem algo que considero extravagante é disputar Gauchão, Primeira Liga, Brasileirão, Copa do Brasil e Libertadores com quatro zagueiros no elenco. Não vou nem falar em ambicionar título com Lincoln e Lucas Coelho no plantel. Se bobear, estão fardando. Caso um deles entre e dê assistência, então, engana por mais um ano.
De extravagância em extravagância, Bolzan tem crédito. Beirou o desatino ao ressuscitar a carreira do Renato quando Roger pediu as contas e com ele na casamata voltamos a ocupar a Goethe madrugada adentro. Nunca duvide de um dirigente extravagante, por mais que ele dê motivos.