Descrever como se forja a alma de um clube de futebol é inegavelmente um desafio ousado, já que cada torcedor tem uma visão pessoal sobre a relação que se estabelece entre uma agremiação e seus seguidores. Por isso, ninguém mais indicado para essa missão do que o jornalista Léo Gerchmann, que ousou contar a história da torcida Coligay, símbolo do respeito à diversidade, e que desmontou, com Somos azuis, pretos e brancos (L&PM, 2015), a mentirosa ideia de que o Grêmio teria uma postura preconceituosa contra negros e mulatos. Agora, com Viagem à Alma Tricolor em 7 Epopeias (AGE Editora, 127 páginas), Leo convida os leitores (tricolores ou não) a um passeio por alguns dos principais jogos que ajudaram a conferir a alcunha de Imortal a esse clube centenário. O lançamento será nesta terça, às 18h30min, na Hamburgueria 1903, localizada no Shopping Praia de Belas.
A partir da reconstrução oferecida pela ótica de um gremista incondicional, o leitor entra em campo com o Tricolor em situações de extrema dificuldade, que foram superadas por times caracterizados pela superação e pela garra que contam a história das vitórias do clube. A primeira partida relatada é o Gre-Nal Farroupilha, de 1935. Diante de um adversário amplamente favorito, o Grêmio de Eurico Lara, que atuou à beira da morte, afetado pela tuberculose – rezava a lenda que Lara teria morrido nesta partida, mas na verdade isso ocorreu um mês e meio após o jogo –, conseguiu uma improvável vitória. Na época, não havia transmissão nem pelo rádio e muito menos pela TV, mas a riqueza de detalhes na reconstrução feita pelo autor leva o leitor para a arquibancada dos Eucaliptos e para a Porto Alegre dos anos 1930, cenário em que o Grêmio começou a construir os seus feitos mais expressivos.
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As epopeias prosseguem pelo Gre-Nal de 1977, no qual André Catimba encerrou a sequência de oito títulos regionais do arquirrival com um gol de bico, seguido pela clássica comemoração – uma tentativa de salto mortal que acabou com o atacante batendo de rosto no gramado do Olímpico. A sequência de eventos épicos protagonizada pelo Tricolor e narrada pelo autor atravessa as conquistas da Copa Libertadores (com a batalha de La Plata) e do Campeonato Mundial, em 1983, do bicampeonato da Libertadores, em 1995, o bicampeonato do Brasil, em 1996, e termina com a inesquecível e inacreditável Batalha dos Aflitos.
Além da descrição dos fatos mais marcantes dentro das quatro linhas, o livro traz os bastidores das partidas e o contexto da época, que ajudam a entender a essência do clube e de sua torcida. Em meio a um injustificável jejum de 15 anos sem títulos relevantes, "Viagem à alma tricolor em 7 epopeias" – o 7 da camisa de Renato Portaluppi, diga-se de passagem – serve como inspiração para aqueles que comandam e torcem pelo Grêmio. No reencontro com a sua alma, oportunizado pelas páginas de um livro escrito por um tricolor apaixonado, está o caminho para a construção de novas histórias e conquistas por um clube que tem no seu DNA a imortalidade.
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