A consistência do time de Luxemburgo depende muito dele mesmo, é claro, mas tanto quanto da imaginação criativa de Elano e Zé Roberto. Também depende da redenção de Hernán Barcos, incentivado agora por Eduardo Vargas, que já voltou a jogar com a mesma velocidade, invenção, desfechos. E é grandemente dependente de uma zaga sólida, com iniciativa, cabeceio, antecipações, obstáculos legítimos de corpo e perna. Enfim, é com eles que o Grêmio começa qualquer jogo, ainda mais se for em Bogotá contra o Santa Fe, certamente pulsante de torcida e chutes.
A aposta de Luxemburgo na recuperação colombiana de Werley, o melhor dos zagueiros gremistas, é, portanto, mais do que justificada.
O time completo é a segunda convicção de Luxemburgo, quer dizer, o time que melhor resposta deu na temporada. A Libertadores é uma exigência que o Grêmio se impõe com toda a razão.
Já se sabe que o jovem peruano (o clube tem três anos de existência), Real Garcilaso, será o adversário da próxima etapa. Ganhou nos pênaltis do Nacional, em Montevidéu. É da qualidade discreta do Santa Fe, não mais. Mas nunca é o adversário o que mais conta na Libertadores. É a competição mesma, como instituição.
Exemplo?
Escrevo nesse domingo no Ruy de Todas as Copas sobre uma das questões mais obscuras e pior resolvidas do futebol, brasileiro ou alhures: o obscurantismo primário com que se trata dos fartos assuntos sexuais. E, ao lado da minha preocupação, mas sem fazê-lo como o melhor exemplo dessa grosseria, ontem Marcelo Moreno estava sendo contratado pelo Flamengo, via Paulo Pelaipe, com aprovação entusiasmada do técnico Jorginho e da direção de futebol do clube.
Foi o centro dessa atropelada razão administrativa e política do Grêmio e só mesmo a sua saída poderia resolver o problema. Ficou fora das cogitações do técnico Luxemburgo, foi treinar em separado, e nenhuma voz no clube se interpôs para esclarecer a razão da desistência.
Fez 22 gols na temporada passada. Por mais que se procure uma justificativa, 22 gols é mais do que todos atacantes puderam fazer num ano de futebol. Mas essas condições elevadas de goleador não serviram para uma reconsideração. Sempre prevaleceram os fatos obscuros. Foi melhor Marcelo Moreno, 25 anos, sair.
E se sobrevierem outra vez os gols, o que foi então?
Letrinhas
Não lembro dele, acho que pude vê-lo uma vez entrecortadamente aqui na TV da Redação, mas gosto antecipadamente dele: Maximiliano Rodríguez tem 22 anos, é meia, jogou nas seleções de base do Uruguai. O presidente Fábio Koff esteve especialmente envolvido na transação, que até pode ter sido cara. Mas essa é uma aposta com futuro.
Terça-feira Luiz Felipe Scolari convoca a Seleção que vai inaugurar oficialmente o novo Maracanã contra a Inglaterra e, depois, dia 9, joga em Porto Alegre contra a França, na Arena do Grêmio. Que bom se Fernando, André Santos e Leandro Damião, entre outros, pudessem estar convocados. O primeiro jogo da Seleção na Arena bem que merecia uma consideração que não fosse preterição ou acomodação. Mas Damião continua machucado, não deve jogar na quarta-feira pelo Inter, no jogo da volta contra o Santa Cruz, de Recife. A possível convocação terá de levar em conta a sua recuperação. A vida não é perfeita.
Mineiramente, isto é, quase em silêncio, mas acertando nos pontos exatos de uma avaliação de time e competições, o Atlético-MG de Cuca e do presidente agitado, mas muito competente, Alexandre Kalil, tem uma goleada sobre o São Paulo como a última e invejada credencial. Tem time e substituições. Começa a decidir amanhã, no Independência, o Campeonato Mineiro contra o exato Cruzeiro, o adversário de sempre. Minas é como a gente, tem dois grandes clubes.