A partida entre São José e Pelotas, realizada na noite desta segunda-feira (19), no Estádio Francisco Novelletto, em Porto Alegre, foi cercada de tensão após o apito final. A explicação está no lance ocorrido aos 44 minutos do segundo tempo, quando o árbitro Douglas da Silva assinalou gol para a equipe da zona sul do Estado, enquanto os donos da casa protestavam que a bola não havia entrado.
Encerrado o confronto, válido pela 10ª rodada do Gauchão, foram registrados quatro boletins de ocorrência. Três deles pelas gandulas contratadas pelo clube porto-alegrense, acusando o zagueiro e capitão áureo-cerúleo Silvio de tê-las ameaçado no trajeto rumo ao vestiário.
A reportagem de GZH teve acesso a uma das ocorrências lavradas após a partida e o documento atesta que o jogador pelotense "não chegou a vias de fato (agressão física) pois teve intervenção de pessoas".
— Depois do jogo, começou toda uma confusão por conta do gol. Eu estava sentada com duas colegas, debatendo que não foi gol. Eu estava do lado do lance e vi que a bola não entrou. Então, ele (Silvio) passou bem alterado e começou a nos xingar, falando que não devíamos nos meter, que não devíamos estar ali. A gente respondeu, dizendo que estávamos conversando entre nós. Foi quando ele veio para cima da gente e os colegas dele o empurraram para o vestiário, mas ele seguia gritando. Depois do ocorrido, pedi o nome completo dele, disse que faria um Boletim de Ocorrência (BO), e ele ficou debochando, dizendo que eu queria fama. Perguntei ali na hora para os policiais que estavam no estádio, que me aconselharam a fazer o BO online — contou Anelise Maurmann, uma das gandulas envolvidas no incidente.
No fim da tarde desta terça, a Federação Gaúcha de Futebol (FGF) publicou a súmula da partida assinada pelo árbitro Douglas da Silva. No documento, o juiz relata a paralisação do jogo por 18 minutos, mas não citou o fato ocorrido com as gandulas do São José:
—Aos quarenta e quatro minutos do segundo tempo após a confirmação de um gol para o EC Pelotas, o jogo ficou paralisado cerca de dezoito minutos até que todos envolvidos na partida posicionassem em seus lugares, o policiamento precisou entrar em campo para os jogadores de ambas as equipes se distanciarem do quarteto de arbitragem. Portas que dão acesso ao campo de jogo foram abertas e ouve acesso de pessoas que serão identificadas pelo delegado da partida, as mesmas permaneceram na área de competição. Aproximei-me a linha lateral do campo de jogo para pedir que os jogadores sentassem e que fechassem as portas de acesso ao campo de jogo, neste momento o treinador Hélio Vieira, disse: Douglas acaba logo esse jogo pra não dar mais problemas. Logo após as portas de acesso ao campo se fecharem. Reiniciei o jogo. Após o final do jogo com o policiamento fazendo nossa proteção, jogadores e comissão técnica vieram ao nosso encontro, protestando contra nossa decisão. O técnico Hélio Vieira disse: tu errou feio, acabou tua carreira, esse cara vai ser uma âncora na tua carreira. Começou um principio de tumulto entre as duas equipes próximo ao reservado técnico, que logo cessou. Ao nos deslocarmos para o vestiário pessoas que não conseguimos identificar invadiram o campo de jogo, várias pessoas ficaram nos aplaudindo e mostrando celular ate nós retiramos do campo de jogo.
Ônibus apedrejado
Em contato com GZH, a assessoria de imprensa do Pelotas alega que, após o jogo, o ônibus que levava a delegação foi atingido por pedras quando deixava o do estádio. O clube também registrou um Boletim de Ocorrência. O presidente Gilmar Schneider, em contato com a reportagem de GZH, relata que o problema envolvendo o zagueiro da equipe e as gandulas foi motivado por culpa das funcionárias do São José.
— O problema que aconteceu é que as gurias do São José começaram a xingar todo mundo, não deve ter sido nada grave e elas se ofenderam, elas estavam bem agressivas, mas tudo deve estar em súmula, elas estavam ofendendo todos os nossos jogadores. O Silvio deve ter dito algo e elas não gostaram — afirmou Schneider, que relembrou a partida do ano passado entre as duas equipes:
— Ano passado, esse mesmo árbitro tinha nos prejudicado no Gauchão contra o próprio São José. Expulsou dois jogadores nossos no primeiro tempo. Até comentei com o Luciano (Hocsman), presidente da FGF, um raio caiu duas vezes no mesmo lugar. Mais um jogo decisivo com ele. A partida do ano passado deve ter surgido na mente dele.