Passadas quatro rodadas — mesmo que algumas equipes ainda tenham jogos atrasados —, é possível identificar o estilo de jogo e as estratégias adotadas por cada uma das equipes que disputam o Gauchão 2021. Neste Desenho Tático, pincelamos as principais características dos 10 representantes do Interior (contando São José), que tentarão competir com a dupla Gre-Nal pelo título estadual.
Para a construção desta análise, foram ouvidos setoristas e comentaristas que acompanharam as primeiras rodadas do campeonato: Vinicius Guerreiro, do Diário Popular, de Pelotas; Pedro Petrucci, da Rádio Gaúcha Serra e jornal Pioneiro, de Caxias do Sul; Nei Vignati, da Rádio Difusora, de Bento Gonçalves; Alexandre Hein, da Rádio Repórter, de Ijuí; Luis Fernando Fracasso, da Rádio Mais Independência, de São Leopoldo; e Eduardo Pires, da Vale TV, de Novo Hamburgo.
Dirigido por Gilson Maciel, ex-centroavante do Grêmio, o time de São Leopoldo também tem no camisa 9 seu nome de maior destaque: o experiente Neto Baiano, de 38 anos, ex-Vitória, CRB e Sport. Atrás dele, uma equipe formatada no 4-2-3-1, que aposta muito no jogo físico e na bola aérea para superar seus adversários.
Permaneceu sob o comando de Cláudio Tencati, mas perdeu o camisa 10 da Série B — Matheus Oliveira se transferiu para o Atlético-GO. Com isso, o treinador tem buscado um novo encaixe para a equipe, abandonando o seu 4-2-3-1 preferencial e variando entre o 4-1-4-1 e o 5-4-1, mas sempre apostando um jogo mais direto. Em ambos os sistemas, o lateral-direito André Krobel ganha liberdade para subir ao ataque. Foi ele, aliás, o autor do único gol xavante na goleada de 4 a 1 sofrida para o Grêmio, na Arena.
Vice-campeão gaúcho em 2020, o Caxias segurou o técnico Rafael Lacerda, que manteve o mesmo modelo de jogo. Postado no sistema 4-2-3-1, o time grená aposta em um jogo mais direto, de contra-ataques e bola parada. No entanto, perdeu sua figura principal: o lateral-dierito Ivan, que foi para o Goiás. Por isso, foi buscar John Lennon, ex-Juventude, atleta que tem no apoio uma de suas principais virtudes.
O clube de Bento Gonçalves sofreu com muitas lesões e se viu desfalcado de até oito jogadores nas primeiras rodadas. Talvez isso explique a dificuldade que o técnico Luis Carlos Winck teve em montar um time que soubesse trabalhar bem a bola e acabasse demitido. O Esportivo aposta muito na ligação direta para o seu centroavante (Wesley Pacheco ou Warlei), seja com a ultrapassagem dos laterais ou buscando o pivô para quem vem de trás. Até agora, marcou apenas um gol na competição.
Depois de conquistar o acesso à Série A do Brasileirão na última temporada, o técnico Pintado deixou o Estádio Alfredo Jaconi. Com isso, Marquinhos Santos foi trazido de volta e, desde então, vem tentando implementar o jogo de posição na equipe da Serra. Porém, a equipe vem sofrendo para se encontrar, seja pelo pouco tempo de pré-temporada para adaptar à equipe a essa mudança de filosofia ou à quantidade de reforços que modificou muito o elenco.
Única equipe que ainda não venceu no Gauchão, o Novo Hamburgo já sabe que brigará para não ser rebaixado neste ano. Depois de sofrer com muitas lesões e jogadores acometidos pela covid-19, o técnico Márcio Nunes se viu impedido de praticar um jogo de posse de bola que aprecia. A repatriação do volante Amaral, campeão estadual em 2017, parece ser um indício de que o time mudará sua filosofia a partir de agora, apostando em um jogo mais físico na reta final.
Ex-treinador da base do Inter e da dupla Ca-Ju, Ricardo Colbachini aposta um jogo mais propositivo, trocando passes desde os zagueiros. Até pela dificuldade de execução, a equipe sofreu nas primeiras rodadas. Mas é um time com conceitos visíveis, onde se destaca o lateral-esquerdo Gabiga. Oriundo da base do São Paulo, o jovem é responsável pela construção do jogo junto aos meias e muitas vezes sendo responsável pela inversão de jogo buscando os avanços do extrema Bustamante ou do lateral-direito Marcelo, que funciona quase como um ponta.
Diferente das outras temporadas em que foi comandado por Rafael Jacques, o São José de Carlos Moraes não tem tanto apego ao jogo propositivo. Formatado com um tripé de volantes no meio-campo, o time da zona norte de Porto Alegre adota um estilo mais físico e competitivo.
A equipe de Ijuí não sente vergonha alguma em praticar um jogo mais reativo, que aposta na marcação-pressão sobre a saída de bola do adversário e também nas ligações diretas para o centroavante Hugo Almeida. Sem a bola, a equipe se fecha no 4-4-2, para sair em velocidade pelos lados, seja com os extremas e laterais. Assim, por exemplo, surpreendeu o time sub-20 do Inter no Beira-Rio.
Comandada por Junior Rocha, ex-Luverdense, o Ypiranga é uma das boas surpresas do Gauchão até aqui. Chegou a liderar a competição e vendeu muito caro uma derrota para os titulares do Inter. Com jogadores muito leves, o time de Erechim se caracteriza por não rifar a bola, apostando nas tabelas rápidas pelos lados do campo para aproximar o máximo de jogadores possíveis do centroavante Cristiano. Seu ponto fraco é justamente quando precisa se impor fisicamente.