O São Paulo-RG jogou todo o Gauchão com as mesmas camisetas. Um contrato com uma empresa do Espírito Santo propiciou ao clube de Rio Grande quatro jogos de uniformes - dois verdes e dois brancos - para disputar todo o primeiro semestre. A realidade é comum entre os clubes pequenos do Rio Grande do Sul. Por isso é tão raro ver trocas de camisetas entre jogadores nas saídas para os vestiários.
O Cruzeiro-RS, por exemplo, forçou o Grêmio a utilizar suas camisetas brancas, mesmo jogando na Arena, por não ter levado um uniforme reserva para o jogo entre as equipes. Depois de um primeiro tempo com as camisetas semelhantes, o time da casa voltou para a etapa complementar com o uniforme reserva. O Grêmio voltou a mudar de camiseta no intervalo de um jogo na rodada do último domingo, contra o São José, em São Leopoldo.
- O nome da nossa fornecedora é Ícone. O clube tinha feito um contrato, e chegou material de jogo e viagem. Ao final do Gauchão, chega o jogo de inverno. O clube compra, não há patrocínio. A dupla Gre-Nal, por exemplo, recebe quatro jogos de uniforme por partida. É uma realidade completamente diferente - disse Renan Mobarack, diretor executivo de futebol do São Paulo-RG.
Mobarack tem experiência na função da direção de clubes pequenos. Antes do São Paulo, já havia passado por Aimoré, Sapucaiense, Riograndense-SM, Ypiranga, Guarani-VA. Com o fim do Gauchão, deixa o cargo na próxima quinta-feira - já tem três contatos para voltar a trabalhar no segundo semestre.
- Encerrei minha participação (no São Paulo-RG). Se o clube disputar as copas do segundo semestre, será com o time sub-20 para não prejudicar o orçamento do Gauchão do ano que vem. Apesar da angústia de ter problemas e não ter orçamento para resolver alguns deles, o trabalho foi muito bom para mim - avalia, lembrando que a folha salarial do São Paulo-RG chegava a modestos R$ 120 mil mensais.
A situação não é tão extrema para todos os clubes. O Brasil-Pel, por exemplo, tem um contrato de patrocínio com a empresa Kappa - a mesma que forneceu uniformes para o Grêmio entre 2000 e 2004. O acordo dá ao clube pelotense uma situação mais confortável.
A possibilidade de um acordo da Federação Gaúcha de Futebol com alguma empresa para que todos os clubes pequenos do Gauchão usem uniformes da mesma marca - e ao mesmo tempo consigam faturar com um contrato coletivo - parece distante. Francisco Novelletto, presidente da FGF, disse que não há nenhuma negociação encaminhada.
- Por enquanto, não. Tem que aparecer alguém para pagar a conta - resume.
*ZHESPORTES