Lesões prejudicam a dupla Gre-Nal na disputa de decisões no primeiro semestre

Dorival Júnior chegará ao Gre-Nal de domingo sem boa parte do time do Inter. Vanderlei Luxemburgo vai para o clássico com um ou dois jogadores voltando de lesão.

Dorival perde D'Alessandro, Kleber e Dagoberto, todos com lesões musculares, além do suspenso Nei. Luxemburgo tem o retorno de Mário Fernandes e pode se aventurar a usar Marcelo Moreno no ataque, outro recém-chegado do departamento médico.

Contabilizados os 117 dias do ano, o Beira-Rio soma oito lesionados. Mas o Olímpico chega a 15 jogadores com algum tipo de lesão.

Em um levantamento sobre as lesões da dupla Gre-Nal nos três últimos anos, computando o período de janeiro a abril, o Inter tem registros de 22 combalidos, entre os com problemas musculares e os com lesões de batidas. Esse número no Grêmio é maior, chega a 38 casos, 15 deles somente nos quatro primeiros meses de 2012.

Não se pode concluir por uma progressão de lesões nos últimos três anos. Mas este ano, D'Alessandro ocupa o departamento médico pela terceira vez, sempre abatido por problemas musculares.

Dos 27 jogos da equipe na temporada, ele esteve presente em apenas 11 deles. Dagoberto retorna à enfermaria pelo mesmo motivo. No Grêmio, Vilson é reincidente na lesão muscular na coxa. Mas Julio Cesar está pela terceira vez no DM. 

O fisiologista do Inter, Luiz Crescente, vê uma explicação para o elevado índice de lesões em março e abril. Segundo ele, tem sido assim na últimas temporadas no Beira-Rio. A falta de tempo para a pré-temporada e os jogos decisivos no Gauchão e Libertadores justificam os problemas.

- Esse ano tivemos apenas 12 dias de pré-temporada, quando o ideal para começar o calendário brasileiro seriam 30 dias de trabalhos - comentou Crescente. - Jogamos o Gauchão de semana a semana e, depois, nas fases decisivas do Gauchão e da Libertadores, acabamos atuando a cada três ou quatro dias.

O médico Paulo Rabaldo, do Grêmio, não concorda com a sazonalidade das lesões, mas admite que a junção da fase decisiva do Gauchão em meio a mata-matas de Libertadores (no caso do Inter) ou de Copa do Brasil (no Grêmio) é uma receita infalível para o aparecimento de lesões.

- O estresse da decisão, as viagens longas, a pressão pelo resultado, a noite mal dormida, tudo isso afeta o jogador - disse Rabaldo.

Crescente concorda. Salienta que a tensão entre as decisões prejudica muito. São necessárias no mínimo 72 horas de descanso entre as partidas para o pleno restabelecimento físico.

O Inter, por exemplo, depois de enfrentar o Fluminense, em um jogo que se encerrou perto da meia-noite de quarta-feira, o grupo já disputará um Gre-Nal decisivo, com um espaço de 88 horas.

- Acabou o jogo contra o Fluminense e só se falava em Gre-Nal. O atleta não consegue relaxar como deveria, fica preocupado, pensando na decisão, e a tensão sobre a musculatura aumenta. Não há o que fazer com relação a isso - comentou o fisiologista.

O técnico Dorival Júnior saiu em defesa do preparador físico Celso de Rezende - que não concedeu entrevistas. Conforme o treinador, a sequência de muitas partidas em 2012 vem prejudicando a equipe. Logo no começo do ano, a equipe enfrentou o mata-mata diante do Once Caldas, pela pré-Libertadores, em 25 de janeiro.

- Não me arrependo de escalar o time principal sempre que possível. Isso tem acontecido com todas as equipes que jogam essas competições. Nos apresentamos há pouco mais de cem dias e já jogamos 27 partidas. Não é só o Inter que tem tido esse problema, todos os grandes clube passam por isso - declarou o treinador.

No dia-a-dia, porém, é a sobrecarga de trabalho que impacta a musculação do jogador. Exames clínicos são realizados para detectar a situação do jogador, mas, ainda assim, os problemas aparecem. Rabaldo conclui:

- Trabalhamos com uma comissão multidisciplinar para evitar surpresas. E mesmo assim elas aparecem.


Lesão muscular - O que é:
É lesão nas fibras musculares. É decorrente de uma sobrecarga de trabalho físico. Entre os profissionais é chamada de over training.