O time com argentinos de verdade foi o que venceu o Gre-Nal por 2 a 1 e conquistou a Taça Farroupilha, neste domingo, no Beira-Rio: o Inter.
CRÔNICA: Inter vence o Grêmio por 2 a 1 e conquista a Taça Farroupilha
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Já o time com argentinos genéricos, o Grêmio, está fora da decisão do Gauchão e agora só tem a Copa do Brasil com que se preocupar no resto do semestre.
Por argentinos "de verdade" compreenda-se os que são imbuídos dos tradicionais predicados dos irmãos do Prata: a vibração, a entrega, a inconformidade. Guiñazu e Dátolo, os argentinos que o Inter teve em campo ontem, possuem essas qualidades e as demonstraram de sobejo no gramado do Beira-Rio.
Os argentinos do Grêmio não mostraram nenhuma "argentinidade". Bertoglio e Miralles foram a imagem do desânimo, da falta de altivez. Um lance aos 30 minutos do primeiro tempo pode ser escolhido como emblema desses dois lados do mesmo jogo: a bola havia sido lançada na direção de Bertoglio.
Ele podia alcançá-la, se desse um "sprint", mas, das trevas da grande área, surgiu o zagueiro Moledo correndo resoluto em linha reta, os ombros duros, o olhar vidrado, como se avisasse que desconsideraria qualquer objeto que se interpusesse entre ele e a bola.
Bertoglio entendeu a mensagem e diminuiu a passada. Deixou a bola escorrer para fora tristemente. Vanderlei Luxemburgo percebeu o vacilo de seu atacante e chamou sua atenção acintosamente à beira do gramado. Um argentino "pipocando"? Onde estava a "alma castelhana"? Era um sinal do que estava por acontecer.
Até então, o jogo era igual. O Grêmio tinha três atacantes: seus dois argentinos e mais André Lima. O Inter, para contê-los, tinha Jackson, um zagueiro na lateral-direita. Funcionou. Embora o Grêmio retivesse mais a bola, não construía um único ataque agudo, não chutava em gol, não entrava na área.
O Inter é que atacava com maior contundência, valendo-se, sobretudo, das arrancadas de Jajá, um jogador que, se não é um virtuose, se não é um velocista, é um pernalta decidido, que coloca o corpo na frente do adversário, atira a bola para frente e quase sempre consegue abrir espaços até a meia-lua.
No meio da área, Damião não obtinha vantagem com a bola entre os pés, mas, pelo alto, aproveitou-se da já histórica deficiência dos zagueiros do Grêmio, conseguiu cabecear a bola duas vezes e duas vezes Victor defendeu com muita competência.
Mas, aos 36, depois de um levantamento de Tinga, a bola bateu no peito de Damião, Gabriel errou ao tentar afastar e ela sobrou para Dátolo, que chutou rasteiro e fez 1 a 0.
Luxemburgo fez duas trocas no intervalo: tirou Miralles, que só apareceu quando errou passes, e colocou Moreno; tirou André Lima, que brigava muito, mas produzia pouco, e colocou Marquinhos. O time melhorou. Ao três minutos, o ativo Pará passou por Jackson e chutou por cima.
Era a primeira finalização do Grêmio no jogo. Aos sete, Marquinhos bateu cruzado e a zaga afastou. Aos nove, Dátolo errou um passe, Moledo se complicou e Moreno tomou a frente. Ia entrando na área, ia marcar o gol. Moledo o derrubou. Na cobrança da falta, aos 10 minutos, Fernando, um dos melhores em campo, acertou na trave. No rebote, Werley empatou a partida.
O Grêmio estava melhor e parecia prestes a virar o placar. Muito por causa de seu treinador, que mudou o time no intervalo e que lhe passava a gana que estivera em falta no primeiro tempo.
Era tal a vontade de vencer de Luxemburgo que, aos 18 minutos, ele se envolveu em um discussão com um gandula do Inter. O rapaz tentou repor a bola rapidamente num escanteio e Luxemburgo correu para protestar. Acabou expulso.
Mas o Grêmio seguiu melhor. Aos 29, Pará entrou a drible na área pela esquerda e passou para trás. Marquinhos chutou fraco e perdeu o gol. Só que, aos 31, numa cobrança de escanteio de Jajá, Fabrício antecipou-se aos zagueiros, voou a um metro e meio do chão, na linha da primeira trave, e testou a bola para marcar o 2 a 1.
Quase ao mesmo tempo, Luxemburgo sacou o último de seus argentinos esmorecidos, o pequeno Bertoglio, e botou Leandro. Mas aí outro argentino verdadeiro do Inter, Guiñazu, já havia se assenhoreado do meio-campo e, com a combatividade de hábito, mascava o jogo, retinha a bola, protegia-a, esperava pela falta e pelo passar do tempo.
E o tempo passou sem que o Grêmio encontrasse solução para sua falta de talento já crônica. O Inter vai para a final contra o Caxias porque, neste clássico, por menos que apresentasse, nunca deixou de apresentar autenticidade.
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