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O Brasileirão Feminino foi retomado nesta sexta-feira (12) após a realização da data Fifa. Durante a noite, duas partidas foram realizadas e ambas foram marcadas por protestos contra a decisão do Santos de recontratar o técnico Kleiton Lima após 19 denúncias de assédio sexual e moral na última temporada.
No confronto entre Palmeiras e Avaí Kindermann, e no duelo entre Santos e Corinthians, as jogadoras posaram com as mãos na boca como um protesto contra o silenciamento diante das denúncias ignoradas pelo clube santista no ato da recontratação. Entre os quatro times, as únicas atletas que não se manifestaram foram as Sereias da Vila.
Ainda durante o jogo entre Santos e Corinthians, logo que abriu o placar, o time das Brabas comemorou com as mãos na boca. A atacante Vic Albuquerque, que balançou as redes, puxou a fila para o protesto.
— É um assunto muito delicado. Acho que todas as mulheres precisam de espaço para se manifestar, para ter segurança nas denúncias, para serem ouvidas. Por isso, a mão na boca. Porque sabemos que, às vezes, não somos ouvidas. A nossa mensagem é essa, é pelas mulheres — afirmou a jogadora do Corinthians na saída para o intervalo.
Outro time que se manifestou, mesmo sem entrar em campo, foi o Cruzeiro. Por meio de um vídeo (veja baixo), o clube mineiro expôs o posicionamento de atletas, treinador e departamento feminino a respeito do caso.
Entenda o caso
Em setembro de 2023, o técnico Kleiton Lima se desligou do Santos após 19 denúncias de assédio sexual e moral relatadas através de cartas anônimas. Desde então, no entanto, o profissional nega as acusações e se diz inocente.
Neste ano, no início de abril, o treinador foi recontratado pelo Santos. O clube afirmou, por meio da coordenadora Thais Picarte, que "nada foi provado, pelo contrário, foram argumentos extremamente fracos, frágeis e que trouxeram uma mancha desnecessária para a história do Santos".
A dirigente também disse que procurou as atletas que saíram do clube ao final da última temporada para falar sobre o caso: "Apurei a fundo com pessoas e atletas que saíram do clube". No entanto, nove dessas jogadoras — incluindo a zagueira Tayla, atualmente no Grêmio — se manifestaram refutando a procura do clube santista para investigar a situação.
Além disso, nesta sexta-feira (12), o ge.globo relatou uma nova denúncia de assédio contra o treinador. De acordo com a atleta, que falou ao portal, o técnico se esfregou nela dentro do ônibus, passou e a intimidou com o olhar.
Antes da partida desta sexta, o treinador foi questionado pela reportagem do Sportv, mas disse que já se manifestou na entrevista coletiva de apresentação