Eu sei, gente, estamos fora da Copa do Mundo. Já vivemos nossa frustração, quase que uma espécie de luto e tudo mais. Já superamos e vida que segue. Mas e os brasileiros que compraram ingressos a partir das quartas ou das semifinais e recém chegaram ao Catar? Encontrei torcedores exatamente nessa situação. Os irmãos paulistas Luca e Enrico Karsen desembarcaram em solo árabe na semana passada. Assistiram à eliminação brasileira "in loco".
— Compramos ingressos para as quartas e semi. A gente tinha certeza que o Brasil ia passar, a gente não tinha dúvida. Ainda mais contra esse timeco da Croácia. E teríamos um superclássico com a Argentina, nunca visto antes nas Copas. Infelizmente, Croácia e Argentina passaram. Foi muito triste — lamentou Luca.
Neste 13 de dezembro de 2022, era para estarmos diante desse jogão entre Brasil e Argentina. O maior estádio do Mundial, o Lusail, estaria lotado, com duelo de torcidas, cores, idiomas. Queríamos muito viver esse momento. Tenho certeza de que tem bastante gente compartilhado daquele sentimento de "saudade do que a gente não viveu", parafraseando Neymar. De qualquer forma, os manos vieram ao jogo, afinal, tinham os ingressos. Mas a grande decisão irão assistir de casa. Não é que a Copa tenha perdido seu brilho, mas o motivo que os trouxe aqui já não existe mais.
— É frustrante. A gente veio para ver o Brasil na semifinal. Queria ver a gente ganhando da Argentina — completou Enrico.
Croata desde bebê
No entorno do estádio, havia mais brasileiros, e que não tentavam esconder suas cores. Todos vestiam camisa da Seleção, um deles estava enrolado na bandeira. Esse trio, vindo de São Paulo também, comprou ingresso para a semifinal e a final, no ano passado ainda. A expectativa era gigante para a primeira Copa juntos.
— Na hora que vimos o chaveamento do Brasil, estávamos tranquilos, ficamos mais esperançosos ainda. Aí veio o (Bruno) Petkovic e acabou com a gente — disse Rafael Camilo.
Os amigos se preparavam para vir para o Catar quando o Brasil caiu diante da Croácia. Everton Silva teve até dificuldade de descrever como foi aquele momento, às vésperas da viagem:
— Assistimos àqueles pênaltis e os erros do Marquinhos e do Rodrygo. Acho que doeu na gente mais do que em outros brasileiros, porque sabíamos que estaríamos aqui agora aguentando esse monte de argentino.
Ainda com dificuldades de digerir tudo o que aconteceu, o terceiro amigo decretou a decisão de todos eles, ao sentar na arquibancada para ver Argentina x Croácia:
— Gosto muito do Messi, mas não tem como torcer para a Argentina, impossível. Hoje é Croácia, com toda a certeza — finalizou Gabriel Silva.
Pois é. Eu tô com eles. Hoje, por mais difícil que seja de engolir essa escolha, é dia de Croácia.
Ah, vai te Catar!
Há quem pense que somos hermanos latino-americanos. Mas cá entre nós, não tem como ouvir a provocação dos argentinos e torcer para eles. A música que eles mais cantam cita a conquista da Copa América, no ano passado, em cima do Brasil, no Maracanã. Deixo aqui a letra, traduzida, para que vocês não se esqueçam:
Mas isso terminou
Porque no Maracanã
A final com os brazucas
Papai voltou a ganhar
É isso. Nada mais a declarar!